O DEUS QUE ADORAMOS

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O DEUS QUE ADORAMOS

Deuteronômio  4 – 5

O nosso conhecimento de Deus, determina a maneira de louvar, servir e viver.

O povo de Israel foi abençoado mais do que todas as nações da terra, pois pertencia ao verdadeiro Deus vivo e tinha um relacionamento de aliança com ele. Estavam se preparando para entrar na terra que Deus prometeu quando chamou Abraão, o pai dos israelitas (Gn 12:1-3; 13:14-18), e parte dessa preparação consistia em ouvir atenciosamente discurso de despedida de Moisés, o profeta do Senhor e líder do povo de Deus. Depois de relatar a história de Israel (Dt 1-3), Moisés lembrou o povo do caráter do Deus de Israel e de como deveriam responder a ele. Se não conhecermos o caráter do Deus a quem adoramos, como poderemos adorá-lo “em espírito e em verdade” (Jo 4:24)?

1-DEUS FALA – DEVEMOS OUVI-LO (D t 4:1,2)

O grande estudioso judeu Abraham Joshua Heschel escreveu: “Para crer, precisamos de Deus, de uma alma e da Palavra”.1 Outro estudioso judeu, o apóstolo Paulo, chegou à mesma conclusão e escreveu: “A fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10:1 7). O Deus que fez a criação existir por sua Palavra (Sl 33:6-9) ordenou que seu povo deve ter uma vida dedicada à atenção e à obediência a sua Palavra.. O verbo “ouvir” é usado quase cem vezes em Deuteronômio. A confissão de fé tradicional dos judeus (Dt 6:4, 5) é chamada de Shema, palavra que vem do hebraico e significa “ouvir, prestar atenção, compreender, obedecer”. Para o judeu do Antigo Testamento e o cristão do Novo Testamento, ouvir a Palavra de Deus implica muito mais do que ondas de som chegando ao ouvido humano. Ouvir a Palavra de Deus é uma questão de concentrar todo nosso ser – mente, alma e vontade – no Senhor, recebendo o que ele nos diz e obedecendo. A fim de transformar nossa vida, a Palavra de Deus deve penetrar em nosso coração e tornar-se parte de nosso ser interior. Foi isso o que Jesus quis dizer quando falou: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Lc 8:8). Essa declaração aparece pelo menos oito vezes nos Evangelhos e, portanto, deve ser importante (ver também Dt 29:4 e Ez 12:2). Ouvir a Palavra de Deus e lhe obedecer era a essência de Israel (Dt 4:1a). Quando Deus fala, coloca diante de nós a vida e a morte (Dt 30:15-20), e nossa resposta determina qual se concretizará. “Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou o S e n h o r” (Lv 18:5). Deuteronômio 4:1, 2 e 5 enfatiza o mandamento e o ensino, pois o Senhor não apenas nos diz o que fazer, mas também explica a verdade por trás de suas prescrições. É possível que Jesus tivesse isso em mente quando disse a seus discípulos que os tratava como amigos e não como escravos, pois lhes explicava o que estava fazendo (Jo 1 5:14, 1 5). Não era apenas a vida de Israel que dependia da obediência à Palavra de Deus, mas também sua vitória sobre o inimigo (Dt 4:1 b). Sem fé e obediência, Israel não poderia entrar na terra e derrotar as nações fortemente entrincheiradas naquela região. O Senhor não poderia ir adiante de seu povo e dar-lhes a vitória se eles não o seguissem em obediência (Dt 1:30). Os dez espias que não compreenderam o poder das promessas de Deus levaram Israel ao desânimo, à derrota e à morte por causa de sua incredulidade (Nm ; 13-14). “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5:4), e a fé vem da Palavra (Rm 10:17). Os cristãos de hoje devem buscar sua vida e sua vitória na Palavra de Deus. Não podemos obedecer a Deus se não conhecemos seus mandamentos. Mas se os conhecemos, cremos neles e lhes obedecemos, então o poder de Deus opera em nossa vida.

“Ora, os seus mandamentos não são penosos” (1 Jo 5:3). Obedecer ao Senhor torna-se um privilégio prazeroso quando percebemos que seus mandamentos são expressões de seu amor, garantias de sua força, convites às suas bênçãos, oportunidades de crescer e de trazer glória para o nome do Senhor e ocasiões de desfrutar o amor de Deus e a comunhão com ele, à medida que procuramos agradá-lo. A Palavra de Deus é a porta para os tesouros da graça divina. Moisés deu ainda uma advertência sobre mudar a Palavra de Deus, acrescentando a ela ou subtraindo dela (Dt 4:2; ver 12:32; Pv 30:6; Gl 3:15; Ap 22:18, 19). Os primeiros manuscritos das Escrituras eram copiados a mão, e era fácil um copista fazer mudanças; mas Deus cuida de sua Palavra (Jr 1:12) e julga aqueles que adulteram seu conteúdo. Os fariseus do tempo de Jesus guardavam as Escrituras com grande zelo e, no entanto, adulteravam a Palavra de Deus ao colocar no lugar dela suas próprias tradições (Mc 7:1-1 3). Se a Palavra de Deus é nossa vida, então estamos pondo nosso próprio futuro em risco se deixarmos de honrá-la e de lhe obedecer de todo o coração (Ef 6:6).

2. DEUS É SANTO – DEVEMOS TEMÊ-LO (D T 4:3, 4)

A idolatria e as práticas imorais associadas a ela eram o pecado contumaz de Israel. Enquanto viveram no Egito, os hebreus tiveram contato com a idolatria e chegaram a praticá- la em sua jornada pelo deserto (At 7:42, 43). Enquanto Moisés estava com Deus no monte Sinai, o povo no acampamento adorou a um bezerro de ouro (Êx 32). A idolatria era um pecado muito grave, pois Israel havia se “casado” com Jeová no monte Sinai, de modo que, na verdade, sua adoração a ídolos era adultério (Jr 3; Os 1 – 2). Era um pecado contra o amor de Deus e uma transgressão à lei divina. Por fim, o Senhor teve de mandar seu povo à Babilônia para curá-lo de sua idolatria. Pode ter sido esse o motivo que levou Moisés a citar a tragédia dos pecados de Israel em Baal-Peor (Dt 4:3, 4; Nm 25). O acontecimento era recente o suficiente para que o povo se lembrasse dele. O falso profeta Balaão havia sido contratado pelo rei Balaque para amaldiçoar o povo de Israel, mas cada vez que Balaão tentava amaldiçoá- los, acabava abençoando-os (Nm 22 – 24). Suas maldições não funcionaram, mas ele elaborou um plano que deu certo. Balaão e Balaque convidaram os homens israelitas para as festas religiosas dos moabitas e incentivaram sua total participação (Nm 25). Isso significava ter relações com prostitutas cultuais dos templos, e um dos homens chegou a levar sua “namorada” de volta para o acampamento de Israel! O fato de Deus julgar seu povo matando vinte e quatro mil homens indica que muitos dos israelitas não hesitaram em tomar parte naquela libertinagem. Aquilo que o inimigo não conseguiu fazer com maldições e combate, foi capaz de realizar por meio da condescendência e da “amizade”.

 Os israelitas que recusaram o convite e permaneceram fiéis ao Senhor ainda estavam vivos, pois a Palavra é nossa vida, e obedecer à Palavra de Deus nos mantém em comunhão com o Senhor (2 Co 6:14 – 7:1). O povo de Deus deve cuidar para não ter amizade com o mundo (Tg 4:4) nem ser contaminado pelo mundo (Tg 1:27), pois isso nos leva a amar as coisas terrenas (1 Jo 2:15-1 7) e a nos conformar com o mundo (Rm 12:2). Esse tipo de vida chama para si a disciplina de Deus, pois “O Senhor julgará o seu povo” e “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10:30, 31).

Temer ao Senhor significa respeitar quem ele é, o que ele é e o que ele diz, e por meio de nossa submissão e obediência demonstrar nosso amor e o desejo de lhe agradar. Deus é o Criador e nós somos as criaturas; ele é o Senhor e nós somos os servos. Quando desrespeitamos sua autoridade deliberada e propositadamente, tentamos o Senhor a nos disciplinar, e nossa arrogância só causa dor e perdas trágicas. Não vale a pena. Se você quer identificar as bênçãos que os cristãos perdem quando não temem ao Senhor, leia e medite nos seguintes versículos: Deuteronômio 6:24; Salmos 25:12; 31:19; 34:9; 112;145:19; Provérbios 1:7; Isaías 33:6; Efésios 5:21; Hebreus 12:28, 29.

3. DEUS É SÁBIO – DEVEMOS APRENDER DELE (Dt 4:5-9)

A Palavra de Deus é a revelação da sabedoria de Deus, e precisamos conhecer e seguir tal sabedoria se queremos ter uma vida que agrade e que glorifique ao Senhor. Para Deus, a sabedoria do mundo é insensatez (1 Co 3:19) e aqueles que a seguem ficarão desapontados. No Antigo Testamento, a palavra “sabedoria” está relacionada ao caráter e não à inteligência humana e descreve o uso correto do conhecimento. De acordo com o Dr. Roy Zuck: “A sabedoria consiste em demonstrar aptidão e em ter sucesso nos relacionamentos e responsabilidades, observando e seguindo os princípios de ordem do Criador no universo moral”.2 A prática da sabedoria de Deus implica não apenas sobreviver, mas viver de fato.

Por que era tão importante que Israel conhecesse e obedecesse à sabedoria de Deus? Em primeiro lugar, essa era a garantia de seu sucesso ao tomar posse da Terra Prometida (Dt 4:5). Ao ler o Livro de Josué, descobrimos que Deus já havia planejado toda a campanha militar, e Josué simplesmente precisava discernir a vontade de Deus e lhe obedecer. Nas duas ocasiões em que Josué não buscou a sabedoria do Senhor, a nação sofreu derrotas humilhantes (Js 7; 9).

Ao conhecer a sabedoria de Deus, o povo de Israel não apenas teria sucesso em sua missão, mas também serviria de testemunho para as outras nações (Dt 4:6-8). As nações pagãs em Canaã tentavam obter a orientação de seus falsos deuses por meio da feitiçaria e de várias formas de espiritismo, sendo que todas elas eram proibidas aos israelitas (Dt 18:9-14; Is 47:12-14). As leis de Deus revelavam claramente a Israel ao certo e o errado e abrangiam praticamente todas as decisões que precisavam tomar. Nós, cristãos de hoje, temos a Palavra de Deus completa e a certeza de que, se obedecermos ao que Deus já nos ensinou, ele nos dará a orientação de que precisamos em áreas específicas da vida (Jo 7:1 7). Aqueles que vivem de acordo com a sabedoria de Deus inevitavelmente demonstram aos que se encontram a seu redor que seguir a sabedoria divina redunda em bênçãos.3 Todos os aspectos da religião de Israel eram tão infinitamente superiores aos das nações vizinhas que os pagãos incrédulos não podiam deixar de se impressionar: a presença de Deus no santuário, a lei de Deus governando a vida do povo, a orientação de Deus e a ausência de crueldade e de impureza. O triste é que Israel se acostumou com essas bênçãos, começou a imitar os povos vizinhos e perdeu seu testemunho.

Há ainda outro benefício que gozamos quando seguimos a sabedoria de Deus: ela nos ajuda a construir lares tementes ao Senhor (Dt 4:9, 10). Cercados como estavam de povos pagãos, apenas uma geração separava Israel de perder as bênçãos de Deus, sendo que o mesmo se aplica à Igreja de hoje (2 Tm 2:2). Se não ensinarmos nossos filhos sobre Deus e sua Palavra, um dia surgirá uma geração que não conhece ao Senhor, como acabou acontecendo em Israel (Jz 2:7-15). “Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18:8).

Qual a melhor maneira de os pais cristãos influenciarem seus filhos de modo que confiem no Senhor e vivam de acordo com a sabedoria de Deus? Moisés dá três sugestões aos adultos: sejam exemplos para seus filhos; não deixem que a Palavra de Deus saia da mente e do coração deles; e lembrem-se do que o Senhor fez por vocês no passado, compartilhando essas experiências com seus filhos. Todas as crianças israelitas no tempo de Moisés deveriam conhecer a história do êxodo (Dt 6:20-25; Êx 10:1, 2; 12:24-28; 13:1-16), e, posteriormente, toda criança deveria saber o que significava o fato de Israel ter cruzado o rio Jordão (Js 4:1-7, 21-24). A geração mais velha é responsável por instruir as gerações mais jovens e ser um exemplo e um estímulo para elas (Dt 6:1-3; 32:44-47; Sl 34:11; 44:1; 71:17-19; 78:1-8; Tt 2:1-8). Os pais não devem colocar essa responsabilidade nas mãos dos professores da escola dominical ou de líderes de outros programas para crianças na igreja, por mais importantes que sejam esse ministérios, pois os pais cristãos consagrados são a primeira opção de Deus para ensinar os filhos. Os pecados dos pais – especialmente a negligência espiritual e os maus exemplos – podem ser imitados pelos filhos e produzir conseqüências tristes ao longo da vida desses jovens (Dt 5:8-10; Êx 20:5, 6; Nm 14:17, 18).

4. SOMENTE O SENHOR É DEUS – DEVEMOS ADORÁ- LO (Dt 4:10-43)

 As nações ao redor de Israel adoravam vários deuses e deusas, mas Israel deveria adorar somente o único e verdadeiro Deus. “Ouve, Israel, o S en h o r, nosso Deus, é o único S en h o r” – esse é o primeiro princípio fundamental da confissão de fé dos judeus, o Shema (Dt 6:4, 5), e o primeiro dos dez mandamentos é: “Não terás outros deuses diante de mim” (Dt 5:7). Isso porque todos os outros “deuses” são apenas fruto de imaginações pecaminosas e, na verdade, não são deuses coisa nenhuma (Rm 1:18ss). Adorar outros deuses significa adorar o nada e tornar-se nulo (Sl 115:8). Uma das palavras hebraicas para “ídolos” significa “vaidade, inutilidade”. Em sua mensagem, Moisés apresenta vários argumentos para apoiar essa advertências contra a idolatria.

A experiência de Israel no Sinai (w. 1019). Moisés lembrou o povo das experiências extraordinárias de Israel no Sinai, quando Deus fez sua aliança com eles. A montanha ardeu em fogo e cobriu-se de nuvens e de grande escuridão. Trovões e raios assustaram o povo, e depois do toque da trombeta, que soava cada vez mais alto, Deus chamou Moisés para o topo da montanha (Êx 19:16- 19; Hb 12:18-21). O povo ouviu o som das palavras, mas não viu aparência alguma de Deus. O Senhor estava deixando bem claro que Israel deveria ser o povo da Palavra, ouvindo seu Deus falar, mas sem contemplar qualquer forma que pudesse copiar e, então, adorar (Dt 4:12, 15).

“Aquele que pode ouvir, pode ver”, disse, com toda razão, um sábio judeu. “Aparência nenhuma vistes no dia em que o S en h o r, vosso Deus, vos falou em Horebe, no meio do fogo” (Dt 4:15). A conclusão é óbvia: o Senhor proíbe seu povo de adorar representações visíveis de Deus ou qualquer coisa que Deus tenha feito, sejam seres humanos, animais, aves, peixes, o Sol, a Lua ou as estrelas. A adoração da criação em lugar do Criador é a essência da idolatria (Rm 1:2225). Deus fez o homem à sua imagem, mas os idólatras fazem deuses à imagem deles próprios e, assim, se depreciam e afrontam o Senhor.5 O livramento de Israel do Egito (v. 20). Moisés havia acabado de mencionar todas as nações (v. 19), de modo que lembrou o povo que Israel era diferente desses outros povos, pois Israel era o povo escolhido de Deus e sua propriedade peculiar (Êx 19:1- 6). O Senhor escolheu Abraão e seus descendentes para levar suas bênçãos ao mundo todo (Gn 12:1-3; Jo 4:22), e, a fim de realizar essa tarefa importante, era preciso que Israel fosse um povo separado. A cada ano, quando comemorassem a Páscoa, os israelitas se lembrariam de que haviam sido escravos no Egito, de que o Senhor os havia livrado por seu grande poder e de que eram seu povo. Foi quando Israel começou a imitar as outras nações e a adorar seus deuses abomináveis que o povo deixou de ser uma nação dedicada exclusivamente ao Senhor. Por terem esquecido de seus privilégios distintivos, perderam suas bênçãos distintivas. A Igreja de hoje tem uma lição a aprender com isso. Somos chamados a ser um povo separado, que não se conforma com este mundo (2 Co 6:14 – 7:1; Rm 12:1, 2), e, no entanto, a tendência das igrejas de hoje é usar aquilo que o mundo faz como modelo para seu ministério. De acordo com essa filosofia, a igreja atrairá mais pessoas se os perdidos se sentirem mais à vontade nos cultos. O mais triste é que o santuário transforma-se num teatro, e o “ministério” torna- se uma forma de entretenimento. Porém, as Escrituras e a história da Igreja deixam claro que as palavras de Campbell Morgan são verdadeiras: “A Igreja contribuía mais com o mundo quando era menos parecida com ele”. Jesus não condescendeu com o mundo e, ainda assim, atraiu os pecadores e ministrou-lhes com eficácia (Lc 15:1-2).

A experiência de Moisés em Cades (vv. 21-24; Nm 20:1-13). Quando Moisés feriu a rocha em vez de falar-lhe, Deus, em sua bondade, supriu água em abundância para seu povo sedento, mas disciplinou seu servo, que havia glorificado a si mesmo em lugar de glorificar ao Senhor. Não há outro Deus além do Senhor e somente ele deve ser glorificado. “Eu sou o S e n h o r, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem” (Is 42:8). Moisés advertiu o povo, dizendo: “Porque o S e n h o r, teu Deus, é fogo que consome, é Deus zeloso” (Dt 4:24; ver Hb 12:29). O zelo de Deus por seu povo é semelhante ao zelo de um marido pela esposa ou de uma mãe pelos filhos (ver Dt 5:9; 6:1 5; 13:2- 10; 29:20; 33:16, 21). Ele quer o que há de melhor para nós, mas quando seguimos deliberadamente nossos próprios caminhos, entristecemos o coração de Deus e perdemos o que ele desejar fazer por nós.

A aliança de amor de Deus (w. 25-31). Deus fez uma aliança com seu povo e esperava que eles a guardassem. A palavra “aliança” é usada pelo menos vinte e sete vezes em Deuteronômio e vem do termo hebraico berith que, de acordo com alguns estudiosos, significa “comer pão”. No Oriente, quando as pessoas faziam uma refeição juntas, formavam uma aliança ou tratado de ajuda e de proteção mútuas (ver Gn 26:26-35). Quando Deus estabeleceu sua aliança com Israel no monte Sinai, Moisés e os anciãos israelitas comeram diante de Deus na montanha (Êx 24:11). Os termos da aliança eram simples: se Israel obedecesse às leis de Deus, ele o abençoaria; se desobedecesse, Deus o disciplinaria. Mostraria seu amor pelo povo tanto na bênção quanto na disciplina, “porque o Senhor corrige a quem ama” (Hb 12:6).

Moisés explicou os detalhes dessa aliança mais adiante em seu discurso (Dt 28 – 30), mas, nessa parte, advertiu o povo de que seriam castigados, dispersos e destruídos como nação se não levassem a sério as responsabilidades da aliança. Infelizmente, foi justamente isso o que aconteceu. Nos últimos anos do reinado de Salomão, a fim de agradar suas muitas esposas, o rei introduziu a idolatria na terra (1 Rs 11), o que levou ao julgamento de Deus e à divisão e deterioração do reino (1 Rs 12). Em 722 a.C., a Assíria capturou as dez tribos que constituíam o reino do Norte – Israel -, e a Babilônia tomou o reino do Sul – Judá – em 586 a.C. Do ano 70 d.C. até 14 de maio de 1948, quando a nação moderna de Israel foi reconhecida, o povo judeu ficou disperso por todo o mundo, sem um território nacional.

 O amor de Deus (w. 32-43). Ao educar crianças pequenas, usam-se recompensas e castigos para ensiná-las a obedecer, mas quando ficam mais velhas, espera-se que o caráter e o amor sejam sua motivação para evitar o mal e fazer o que é certo. Quando Israel afastou-se do verdadeiro Deus vivo e começou a adorar a ídolos, estava pecando contra a graça e o amor de Deus. O Senhor não escolheu qualquer outra nação, nem fez aliança com ela, nem falou com qualquer outro povo dando sua santa lei. Deus conduziu seu povo e cuidou dele desde os dias de Abraão até o tempo de Moisés, coisa que não havia feito por outras nações. Israel não foi abençoado por mérito próprio, mas sim por causa do amor eterno de Deus (v. 37; ver 7:7, 8, 13; 23:5). Deus não quer que seus filhos obedeçam a ele apenas para receber as bênçãos ou para evitar a disciplina, mas porque o amam de todo o coração. A palavra “coração” aparece mais de quarenta vezes no discurso de Moisés, e o Shema (Dt 6:4, 5) enfatiza o amor do Senhor. (Ver também 10:12; 11:1, 13, 22; 13:3; 19:9; 30:6, 16, 20.) Quando Moisés deu a lei à geração mais velha no Sinai, sua ênfase foi sobre o temor do Senhor (Êx 19:10-25; 20:20), mas sua aplicação da lei à nova geração magnifica o amor de Deus por Israel e a importância de Israel amar ao Senhor. Era preciso que fossem um povo maduro e obediente a Deus de coração. O Senhor é um Deus misericordioso (Dt 4:31), mas não devemos tentá-lo, pois também é um Deus zeloso (v. 24). Como prova do amor e da misericórdia de Deus, Moisés separou três “cidades de refúgio” do lado leste do Jordão, para onde as pessoas que tivessem matado alguém acidentalmente poderiam fugir, receber justiça e encontrar proteção (vv. 41-43). Trataremos desse assunto com mais detalhes em Deuteronômio 19:1-14.

5. DEUS É SENHOR DE TUDO – DEVEMOS LHE OBEDECER (Dt 4:44 – 5 :3 3 )

As descobertas arqueológicas revelam que o Livro de Deuteronômio segue um padrão literário empregado em tratados entre um soberano e seus vassalos no antigo Oriente Próximo. No caso de Israel, é evidente que o Senhor havia conquistado seus inimigos e libertado os israelitas, seu povo especial. Israel era o povo da aliança, e Deuteronômio define os termos desse acordo. Assim como os antigos tratados de vassalos, Deuteronômio contém um preâmbulo (Dt 1:1-5) e uma recapitulação da história por trás do tratado (1:6 – 4:49). Em seguida, apresenta uma lista das estipulações do soberano quanto à conduta de seus súditos (caps. 5 26) e o que aconteceria em caso de desobediência (caps. 27 – 30). Encerra com uma explicação de como o tratado funcionaria nas gerações futuras (caps. 31 – 34).

Moisés começou chamando Israel para ouvir a aliança de Deus, aprendê-la e cum- pri-la (Dt 5:1). Como vimos, “ouvir” significa muito mais do que escutar casualmente aquilo que alguém está dizendo. Significa ouvir atentamente, compreender, atender e obedecer. Quando Deus fez essa aliança, ela incluía todas as gerações de Israel daquele dia em diante e não só a geração reunida no Sinai. Moisés estava se dirigindo a uma nova geração e, ainda assim, disse: “O S e n h o r, nosso Deus, fez aliança conosco em Horebe” (Dt 5:2). Assim como a aliança de Deus com Abraão incluía o povo de Israel do futuro, assim também se aplicava a aliança no Sinai, pois Deus era seu “refúgio, de geração em geração” (Sl 90:1). A maioria das pessoas que havia estado no Sinai tinha morrido durante os anos vagando pelo deserto, mas a aliança do Senhor continuava inalterada.

Moisés era o mediador entre Jeová e Israel, pois o povo tinha medo de ouvir a voz de Deus (Dt 5:23-27; Êx 20:18-21; ver também Gl 3:19). Para quem é cristão e obediente, ouvir a voz de Deus significa bênção e ânimo; mas se nosso coração não está em ordem com Deus, sua voz significa juízo.

A lei de Deus (w. 6-21; Êx 20:1-17). O Senhor deu início à proclamação de sua lei lembrando o povo de que era ele quem os havia livrado da escravidão do Egito (Dt 5:6; ver Ne 9:9-11; Sl 77:14, 15; 105:23-38; 136:10-1 5; Is 63:11-14). Esse grande ato de redenção deveria ter sido motivo suficiente para o povo de Israel ouvir a lei de Deus e lhe obedecer, assim como a redenção que temos em Cristo deve servir de motivação para que obedeçamos ao Senhor. A cada Páscoa, os israelitas eram lembrados do grande ato de salvação de Deus, e cada vez que nós, como igreja, celebramos a Ceia do Senhor, somos lembrados de que Cristo morreu por nós para que fôssemos salvos de nossos pecados e pertencêssemos a ele. O Senhor deseja que sejamos obedientes a ele, não como escravos que estremecem de medo diante de um capataz, mas como filhos gratos que amam o Pai celeste e apreciam tudo o que ele é para nós e que faz por nós.

Os quatro primeiros mandamentos referiam-se ao relacionamento pessoal de Israel com Deus: reconhecendo a existência de um único Senhor (Dt 5:6), abstendo-se da adoração a ídolos (vv. 8-10), honrando o nome de Deus (v. 11) e guardando o sábado (vv. 12-15). O primeiro mandamento (vv. 6, 7) é enunciado no Shema (6:4, 5) e o segundo (vv. 8-10) é a expressão lógica do primeiro. Se existe somente um Deus verdadeiro, então fazer ídolos e adorá-los não é apenas absurdo, mas também uma negação da confissão de fé de Israel. O povo de Israel “casou- se” com Jeová no Sinai, e a idolatria era uma infidelidade a esse casamento e eqüivalia a adultério. Não se esqueça de que, naquele tempo, a idolatria no Oriente poderia envolver relações sexuais com prostitutas dos templos.

Observamos anteriormente que o Senhor não castiga os filhos e netos pelos pecados de seus antepassados (Ez 18), mas pode permitir que as conseqüências desses pecados afetem as gerações futuras física, mental e espiritualmente. A tendência dos filhos é imitar os pais, e, nas sociedades do Oriente, a parentela toda vivia junta, com três ou quatro gerações ocupando a mesma casa. E fácil entender como os membros mais velhos da família tinham a oportunidade de influenciar os mais novos de forma positiva ou negativa. Contudo, o Senhor também abençoa as gerações subseqüentes de pessoas que honram ao Senhor e lhe obedecem. Meu bisavô orava para que houvesse um pregador do evangelho em cada uma das gerações de nossa família, e seu pedido foi atendido. Meu ministério hoje pode ser atribuído às orações de antepassados piedosos que confiavam no Senhor.

No terceiro mandamento (Dt 5:11), o nome de Deus representa o caráter e a reputação do Senhor, e honrar o nome dele significa falar bem dele para as pessoas a nosso redor. Todo pai quer que seus filhos honrem o nome da família. Devemos primeiro orar: “Santificado seja o teu nome” (Mt 6:9) e, então, viver de modo a contribuir para a resposta a essa oração. Usar o nome de Deus sob juramento para defender uma declaração desonesta bem como para amaldiçoar e insultar são formas de desonrar o nome dele. Levar conosco esse nome e viver como cristãos é honrar o nome de Deus diante do mundo que nos observa (1 Pe 4:12-16).

Nove dos dez mandamentos são repetidos no Novo Testamento para que a Igreja obedeça; a exceção é o quarto mandamento (Dt 5:12-15) sobre o sábado. Isso porque o sábado era um sinal especial entre Israel e o Senhor (Êx 31:12-1 7; Ne 9:13-1 5; Ez 20:1 2, 20) e não foi dado a nenhuma outra nação (Sl 147:19, 20). O sábado teve início na criação (Gn 2:1-3) e, por esse motivo, era parte da vida religiosa de Israel mesmo antes de a lei ser dada no Sinai (Êx 16:23, 25). No Sinai, porém, a observação do sábado tornou-se parte da aliança de Deus com Israel e foi relacionada à sua libertação do Egito (Dt 5:15). Canaã seria o lugar de descanso de Israel (Dt 3:20; 12:10; 25:19), e o sábado semanal serviria de antegozo desse descanso. Os cristãos encontram seu descanso em Cristo (Mt 1 1:28-30; Hb 3 – 4) e aguardam o descanso eterno no céu (Ap 14:13).

Infelizmente, Israel não guardou o sábado nem o ano sabático, e o Senhor teve de disciplinar seu povo (2 Cr 36:14-21; Ez 20; Is 58:13, 14; Jr 17:19-27).

 Muitas pessoas bem intencionadas chamam o domingo de “sábado cristão”, mas, no sentido exato da palavra, essa é uma designação incorreta. O domingo é o primeiro dia da semana, o dia do Senhor, enquanto o sábado é o sétimo dia da semana. O sábado representa a antiga aliança da lei em que se trabalhava seis dias e, depois, vinha o descanso. O dia do Senhor celebra a nova aliança da graça: começa a semana com descanso no Senhor e prossegue com serviço. Todos os dias pertencem ao Senhor, e é antibíblico tornar a observação de um dia uma prova de espiritualidade ou de ortodoxia (Cl 2:16, 17; Rm 14:1 – 15:7; Gl 4:1-11).

 O quinto mandamento (Dt 5:16) nos leva do relacionamento com o Senhor para a prática desse relacionamento com outras pessoas, começando no lar. Tanto os aspectos humanos quanto os divinos da lei são importantes e não devem ser separados, pois nos foi ordenado amar ao Senhor e também amar ao próximo (Mc 12:28-34). A piedade começa em casa, ao honrar pai e mãe, uma lei muito importante em Israel (Dt 27:16; Êx 21:15, 17; Lv 19:3, 32; Pv 1:8; 16:31; 20:20; 23:22; 30:1 7) e ainda relevante para a Igreja (Ef 6:1- 3; 1 Tm 5:1, 2). Um número excessivo de pessoas na sociedade de hoje cultua a juventude e não gosta da idéia de envelhecer; por esse motivo, os idosos, com freqüência, são negligenciados, sofrem agressões e, em algumas nações, são até mortos com o aval da lei (eutanásia).

Isso leva, logicamente, ao sexto mandamento (Dt 5:1 7), que exige que honremos a vida humana e que não matemos. É Deus quem dá vida e somente ele tem o direito de tomá-la. Pelo fato de sermos feitos à imagem de Deus, o homicídio é um ataque contra Deus (Gn 1:26, 27; 9:6). A Bíblia não proíbe a legítima defesa (Êx 22:2), mas somente o Estado tem o direito de tirar a vida humana no caso de crimes capitais (Rm 13). Jesus advertiu que o homicídio, muitas vezes, começa com a ira sem motivo (Mt 5:21-26) e que, apesar de o homicídio ser muito pior, a ira sem motivo é o equivalente moral do homicídio. E importante observar que a lei foi dada a Israel para refrear as pessoas e castigá-las por seus crimes e não para reformá-las. Apesar de a lei não ser capaz de mudar o coração humano (Hb 7:19), pode conter e castigar aqueles que desafiam a autoridade e que se recusam a obedecer a seus preceitos.

O sétimo mandamento (Dt 5:18) requer a pureza sexual e a fidelidade no casamento como forma instituída por Deus para o uso e desfrute apropriados da sexualidade. No antigo Israel, o adultério era considerado crime capital (Dt 22:22), enquanto na sociedade de hoje dificilmente é considerado pecado, quanto mais crime. Deus pode perdoar os pecados sexuais (1 Co 6:9-11), mas’ele não promete interferir nas conseqüências dolorosas dessa transgressão (2 Sm 12:13, 14; Pv 6:20-35; Gl 6:7, 8; Hb 13:4). É repugnante ver a maneira como a mídia exalta a sexualidade e transforma o sexo antes e fora do casamento numa forma de entretenimento.

Deus não se preocupa apenas com a maneira como tratamos as outras pessoas, mas também com o modo como tratamos a propriedade dos outros. O oitavo mandamento (Dt 5:1 9) é simplesmente: “Não furta- rás”. Sucinto e direto, esse mandamento abrange uma infinidade de ofensas: roubar bens, roubar o bom nome de uma pessoa (calúnia e difamação), colar numa prova e até mesmo roubar pessoas (escravidão, rapto). Efésios 4:28 deixa claro que há apenas três formas de se obter bens: trabalhar por eles, recebê-los de presente ou roubá-los. Somente as duas primeiras são aceitáveis diante do Senhor.

O nono mandamento (Dt 5:20) proíbe todas as formas de mentira, desde aquelas contadas no banco de testemunhas no tribunal até aquelas ditas ao vizinho (ver Dt 1 7:6-13). A verdade é o amálgama que mantém a sociedade unida, e quando as pessoas não cumprem suas promessas, sejam contratos de negócios ou votos matrimoniais, as coisas começam a se desintegrar. Esse mandamento também proíbe a calúnia e a difamação, pois consistem em mentir sobre outras pessoas (Êx 23:1; Pv 10:18; 12:17; 19:9; 24:28; Tt 3:1, 2; Tg 4:11; 1 Pe 2:1). O povo de Deus deve ser conhecido por falar a verdade em amor (Ef 4:15).

O enfoque do décimo mandamento (Dt 5:21) é a cobiça, o desejo pecaminoso do coração por qualquer coisa que não deve ser nossa de direito. Esse mandamento, assim como o primeiro (v. 1), trata de atitudes interiores e não ações exteriores, mas quebrar qualquer um desses dois mandamentos pode levar à desobediência de todos os outros. A cobiça leva as pessoas a roubar, a cometer adultério, a mentir e até mesmo a matar. Se obedecermos ao primeiro mandamento e verdadeiramente amarmos a Deus e o adorarmos, então a cobiça não será um problema (Mt 6:33; Lc 12:16; Ef 5:3; Cl 3:5).

Como cristãos, dependemos do Espírito Santo, que habita em nós (Gl 5:22-26), e vivemos de acordo com a lei do amor (Rm 13:8-10). Não precisamos nos esforçar para obedecer a esses mandamentos, pois a vida de Deus fluirá através de nós e nos capacitará a cumprir os preceitos de Deus (Rm 8:11 7). A velha natureza não respeita lei alguma. É provável que haja em seu país uma lei que obrigue os pais a cuidar de seus filhos, mas quantos pais pensam nessa lei? Os pais cuidam dos filhos porque os amam e não porque têm medo de ir para a cadeia.

Pelo fato de termos nascido de novo, de sermos parte da família de Deus e de termos recebido dentro de nós a natureza divina, o Espírito nos capacita a obedecer à lei e a viver no temor do Senhor (1 Jo 3:1-9).

O Deus da lei (w. 22-33). O propósito da lei de Deus é revelar o Deus da lei, e, quando nos concentramos nele, vemos que é agradável obedecer a seus mandamentos (Sl 40:8). Moisés encerrou sua recapitulação dos dez mandamentos lembrando a nova geração de que, no Sinai, Deus revelou sua glória e grandeza. O Deus de Israel não pode ser menosprezado, pois ele é um Deus santo. Israel nunca mais voltaria ao Sinai nem veria o fogo, a nuvem, a escuridão, os raios, nem ouviria a voz aterradora de Deus falando da montanha, mas era preciso que se lembrasse da majestade de seu Deus e da autoridade de sua Palavra.

Muitas igrejas de hoje perderam o conceito bíblico da majestade e da autoridade de Deus conforme expressas em sua lei. Essa deficiência empobreceu nosso culto, transformou o evangelismo numa técnica de venda religiosa e converteu a Bíblia num livro de auto-ajuda, que garante transformar você num sucesso. A. W. Tozer estava certo quando disse que: “religião alguma jamais foi maior do que sua concepção de Deus”. Também de acordo com Tozer: “A essência da idolatria é alimentar pensamentos sobre Deus que não são dignos dele”.6 Se isso é verdade, e creio que é, então muitos cristãos evangélicos estão caindo em idolatria.

Em seu apelo a Israel, Moisés instou o povo a lembrar a majestade de Deus e a respeitar a Palavra de Deus. Citou as palavras do próprio Jeová: “Quem dera que eles tivessem tal coração, que me temessem e guardassem em todo o tempo todos os meus mandamentos” (Dt 5:29). A obediência envolve sempre uma atitude do coração, e se amamos ao Senhor, guardaremos seus mandamentos (Jo 14:15, 21-24). Não há qualquer contradição entre a grandeza de Deus e a graça de Deus, sua transcendência e sua ima- nência, pois podemos amar ao Senhor e temer ao Senhor com o mesmo coração (Sl 2:10-12; 34:8, 9). O temor do Senhor é um tema importante em Deuteronômio (6:2, 13, 24; 10:20; 14:23; 17:19; 31:12) bem como o amor de Deus por nós (7:7; 10:15; 23:5) e nosso amor por ele (6:5; 10:12; 11:1, 13, 22; 19:9; 30:6, 16, 20). O cristão imaturo e com uma teologia superficial entende isso como uma contradição, mas o cristão maduro se regozija no equilíbrio revelado na Palavra: “Deus é amor” e “Deus é luz” (1 Jo 4:8; 1:5).

Mesmo que os filhos de Deus vivam sob a graça e não sob a lei mosaica (Rm 6:14; Gl 5:1), é importante conhecer a lei de Deus, a fim de conhecer melhor o Deus da lei e de agradá-lo. Cristo concretizou todos os tipos e símbolos da lei, de modo que não precisamos mais praticar os rituais do Antigo Testamento como fazia o povo de Israel. Cristo levou sobre si na cruz a maldição da lei (Gl 3:10-13), para que não precisássemos temer o juízo (Rm 8:1). Contudo, a lei moral permanece, e Deus ainda julga o pecado. E tão errado mentir, roubar, cometer adultério e homicídio hoje quanto no tempo em que Moisés recebeu as tábuas da lei no monte Sinai. Na verdade, é pior, pois hoje temos a revelação plena da vontade de Deus por intermédio de Jesus Cristo e pecamos mesmo tendo conhecimento claro da verdade. “Terei prazer nos teus decretos; não me esquecerei da tua palavra” (SI 119:16).

AC: WW e Eli Vieira

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Pastor Eli Vieira é casado com Maria Goretti e pai de Eli Neto. Responsável pelo site Agreste Presbiteriano, Bacharel em Teologia, Pós-Graduado em Missiologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte, Recife-PE e cursando Psicologia na UNINASSAU. Exerce o seu ministério pastoral na Igreja Presbiteriana do Brasil desde o ano 1997 ajudando as pessoas a encontrarem esperança e salvação por meio de Jesus Cristo. Desde a sua infância serve ao Senhor, sendo educado por seus pais aos pés do Senhor Jesus que me libertou e salvou para sua honra e glória.

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