121 anos do Martírio de Né Vilela-Manoel Correia Vilela

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O Apelo Macedônico de São Bento do Una

A família do coronel Joaquim Vitalino, fizera um convite ao missionário Dr. Butler para fazer cultos na Baixa e em São Bento. O Dr. Butler aceitou o convite juntamente com o grupo de irmãos que custumavam acompanhá-lo nessas viagens. O grupo de irmãos era composto por fazendeiros crentes e evangelistas. O missionário fora acompanhado por Francisco Peixoto, que morava em Cachoeirinha, capitão Joel do Burgo, Manoel Correia Vilela de Genipapeiro, Manoel Santiago do Catonho, Miguel Vilela e Joaquim Vitalino de São Bento do Una.

Era um sábado, dia 5 de fevereiro de 1898, uma grande oportunidade para pregar o evangelho da graça de Deus para os pecadores daquela região, assim como Jesus fizera.

No dia 6 de fevereiro, domingo, os irmãos continuaram fazendo o trabalho do Senhor. O coronel Vitalino, hospedeiro e apresentador do grupo de irmãos evangelistas, tinha tarefas redobradas. Na missa da igreja romana, o padre Joaquim Alfredo advertiu seus fiéis sobre a presença dos evangelistas de Cristo na cidade e da necessidade de serem tomadas providências para coibir a ação missionária dos protestantes.

Na segunda-feira dia 7 de fevereiro de 1898, o Dr. Butler atendeu as pessoas doentes, fez visitas e duas pregações do evangelho, sendo a última realizada às duas horas da tarde na casa do senhor Miguel Vilela.

Dr. Butler proclamava a vida em Cristo por meio da fé. O padre Joaquim Alfredo da Costa Pereira, era filho de Manoel da Costa Pereira e de dona Luiza Presciliana de Souza Magalhães, ele havia chegado em São Bento do Una no dia 26 de janeiro de 1896.

No vigor da sua mocidade, dez dias após completar vinte e cinco anos de idade. Fora um vigário muito querido na freguesia. Mas, o fanatismo religioso romano transformou a amabilidade do exemplar sacerdote em fúria assassina.

Desde o momento que os missionários chegaram a São Bento, que o padre Joaquim Alfredo tentara achar uma maneira de acabar com aquela companhia de evangelização, pois temia que alguns dos seus paroquianos se convertessem ao protestantismo e assim seu prestígio poderia ficar abalado na cidade e chegou a conclusão que era preciso eliminar o chefe da caravana protestante.

A morte do missionário Dr. Butler fora premeditada. O agente do correio, na tarde do dia 7 de fevereiro de 1898 “encheu a cara” de cachaça, com o propósito de ter coragem. Cambaleante e com palavras desordenadas, advertiu o Dr. Butler sobre a trama e o avisou várias vezes.

Quando o Dr. Butler juntamente com o seu grupo de irmãos na tarde do dia 7, depois de realizarem a última conferência montaram a cavalo com o intuito de cada um sair para sua residência, fora advertido sobre uma cilada contra a sua vida pelo agente do correio.

Enquanto estava saindo, juntamente com os seus irmãos, vira um estafeta, armado com um cacete, com o intuito de acertar o Dr. Butler, mas o senhor Manoel Correia Vilela, com as mãos apara uma cacetada, e segura o cacete para impedir que o malvado continue a barbaridade. Depois o miserável estafeta puxou um punhal, mas foi detido por um jovem que o afastou do grupo uns quarenta passos. Mas ouviu-se a voz partida de uma venda, que dizia: “solte o homem, não está fazendo nada”.

Quando ele foi solto, atirou uma pedra, contra o Dr. Butler, mas errou, tendo errado o alvo, puxou outra vez o seu punhal, e furioso tentou apunhalar a todos do grupo, mas só atingiu o senhor Manoel Correia Vilela. Né Vilela apenas disse: “Ele me furou” e ajoelhando-se morreu imediatamente. O Dr. Butler, esquecendo-se do risco próprio, saltou do cavalo e pôs-se de joelhos junto ao amigo. A morte deste era consumada; e o missionário, em prantos, levantando-se, exclamou: “Mata-me também! Satisfaz a tua sede de sangue. Não sou melhor do que o amigo a quem tiraste a vida.”(J.A. Ferreira, vol I, p. 467).

O estafeta autor de tão bárbaro crime foi João Ribeiro da Silva, o qual foi perseguido e preso por um soldado que ocasionalmente passava perto do local e teve sua atenção voltada para o alvoroço. Já no dia 10 de fevereiro, conforme Cintra (1986, p.131) o promotor Augusto Silvio Barreto apresentava denúncia contra o assassino. Mas o assassino foi solto no dia 15 de julho de 1902.

Houve na época senso comum em São Bento de que o crime foi praticado a mando do padre. Os indícios realmente apontam o padre Joaquim Alfredo da Costa Pereira como culpado. Nos autos nada ficou provado contra ele.

No entanto, a mão de Deus pesou contra o sacerdote. Trinta anos depois, com 57 anos de idade, cego e leproso, apresentou-se em Canhotinho ao Dr. Butler, como última tentativa de ser curado da sua enfermidade. O médico, com espírito cristão, examinou cuidadosamente o padre e deu a seguinte sentença:”Lamento muito, padre; se eu pudesse, daria meu próprio sangue para vê-lo curado. Seu caso não tem cura; o senhor está com lepra”(Cintra, 1984, p. 108).

Ao lado do templo da IP de Canhotinho-PE, o mausoléu onde está enterrado o médico e pastor, dr. George W. Butler e os restos mortais de Né Vilela

Fontes: Soares, Caleb – Januário Antônio dos Pés Formosos, LPC, Campinas-SP, 1996
J. A. Ferreira – História da IPB, Vol I 2ª ed – CEP, 1992
Cintra, S. S. Inocentes e Culpados no Tribunal do Júri de São Bento, Recife- CEHM, 1983

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Pastor Eli Vieira é casado com Maria Goretti e pai de Eli Neto. Responsável pelo site Agreste Presbiteriano, Bacharel em Teologia, Pós-Graduado em Missiologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte, Recife-PE e cursando Psicologia na UNINASSAU. Exerce o seu ministério pastoral na Igreja Presbiteriana do Brasil desde o ano 1997 ajudando as pessoas a encontrarem esperança e salvação por meio de Jesus Cristo. Desde a sua infância serve ao Senhor, sendo educado por seus pais aos pés do Senhor Jesus que me libertou e salvou para sua honra e glória.

7 COMENTÁRIOS

  1. muinto me orgulho em saber q. um parente nosso um dia foi martiri em prol do santo evangelho de jesus cristo, q. este lindo exemplo de fé e amor por esta causa nos inspiri cada dia mais em obdecer as ordens de jesus q. diz levantate vem para o meio e estende a mao mc 6,6

  2. Eu li hoje ,pois estamos estudando na EBD na igreja presbiteriana unida de guarulhos e a lição falou sobre esses dois homens de Deus , será que estamos dispostos a perder nossa vida pelo evangelho? Será que estamos fazendo o que é certo num mundo tão moderno e cheio de regalias ? Será que seremos salvos ? Que possamos nos encorajar através destes homens de Deus que vieram tempos difícieis e horrendos pelo evangelho de Cristo , que possamos ser cristãos nessa geração tão imoral e regalias expostas 24 hrs para nós distrair do foco de ir e pregar o evangelho a roda a criatura , que Deus perdoe a nossa falta de coragem e nos ajude

    • Oi Elaine. Sou neto de Ana Vilela , esposa de primeira núpcias com Francisco Anacleto dos Anjos. Minha mãe Zulmira Vilela Coelho, foi a segunda filha do primeiro casamento, suas irmãs foram tia Irene, Querubina e Luzinete. Elas eram primas do Né Vilela. Como sou do Estado do Espírito Santo, não conheço bem a família. Conheci apenas o saudoso Rubens Vilela na Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro. Talvez seus pais e avós tenham conhecido minhas tias.
      Poderia por favor, me informar sobre nossa família Vilela de Pernanbuco? Agradeço antecipadamente a sua atenção.

  3. Sou tataraneta de Né vilela, e através de homens que deram sua vida em favor do evangelho de Cristo assim como ele, hj podemos tbm proclamar as boas novas do Salvador .

  4. Olá eu sou neto de Ana correia vilela q nasceu em meados de 1890. Se alguém poder me informar o meu grau de parentesco com o nosso mártir né vilela. Ficarei grato

  5. Não conheço a região do Agreste Pernambucano, nasci em São Paulo-SP, mas cresci ouvindo esta história contada pela minha avó materna, neta de um primo homônimo de Né Vilela – meu trisavô, Manoel Correia Villela (Mandim Villela), pai de meu bisavô Otoniel Correia Villela. Mandim Villela foi o fundador da Igreja Presbiteriana do Catonho, em 1919. Ambos eram parentes (primos), e outro ancestral meu, Manoel Santiago Villela, estava presente e fazia parte do grupo que acompanhava o Dr. Batler naquele fatídico dia em São Bento do Una-PE. Aqui na minha cidade, Né Villela dá seu nome ao anfiteatro da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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