Na Noruega, país com o maior IDH do mundo, os políticos não são remunerados.
Os que gostam de soluções fáceis para problemas difíceis já sacariam da cartucheira a certeza: “oras, então tiremos o salário dos nossos políticos para virarmos uma Noruega.”
Porém, se você tiver alguns neurônios, nem precisa muitos, somente alguns a mais que o Tico Santa Cruz, por exemplo, você com certeza será capaz de entender que aqui por nossas bandas o buraco não faz verão, ou, se preferir, uma andorinha só fica muito mais embaixo, para aglutinar alguns de nossos ditados.
O Brasil não será Noruega a despeito do que fizermos com o salário dos políticos.
Cortar o salário seria uma boa solução?
João Dória, por exemplo, se tornou prefeito de São Paulo, mas não fica com o ordenado que recebe. É um homem rico, empresário consolidado, para quem o valor é ninharia. Desde que empossado doa o salário, já que não pode se recusar a receber.
A lógica do político não assalariado é esta: atrair homens de situação financeira resolvida, que tenham gana ou talvez vaidade de se sobressair na função de gestor público. Figuras que, economicamente plenas, sejam menos cobiçosas às corruptelas nossas de cada dia.
Mas até que ponto, num país como o Brasil, isto seria crível? Será que teríamos quadros suficientes para preencher todos os espaços da vida pública com sujeitos encerrados em tal situação?
Quantos empresários de sucesso teriam condição de largar seus negócios e se dedicar pro bono ao serviço político, sem interesse de se locupletar?
Como isso se daria nas cidades pequenas? Haveria cidadãos locais em todos os municípios com tais requisitos e com abnegação suficiente para assumir a responsabilidade, tanto no caso de prefeitos quanto de vereadores?
Ou somente estaríamos aditivando a corrupção, com os políticos tomando propina de cada contratinho fechado, da mais vistosa obra viária ao edital de cuidado com arborização… um pouquinho de cada um, para compensar, pois sabe como é, né… Nem relógio trabalha de graça…
A solução então seria continuar pagando os salários e os benefícios colossais aos políticos?
Há quem defenda que parar de pagar os políticos afastaria o interesse de bons quadros intelectuais de se envolver na política… Ou seja, o nível pioraria…
Entretanto, há de se pensar. Há como o nível piorar?
A classe política brasileira recebe salários exponenciais e benefícios surreais. A verba destinada a sustentar a paquidérmica política brasileira é estelar.
E mesmo assim eles continuam roubando!
Ou seja, temos medo de parar de pagar os políticos e eles roubarem por isso.
Mas estamos pagando uma fortuna e eles estão roubando mesmo assim.
Será que isso tem a ver com o fato de o Brasil ser Brasil e a Noruega ser a Noruega?
Penso que políticos devem receber um bom salário, que seja suficiente para exercerem a função sem roubar. Mas os benefícios são exagerados. Deveriam ser revistos.
Mas isso jamais acontecerá, pois quem votaria a proposta de redução seriam os próprios políticos…
Uma redução drástica dos penduricalhos seria essencial, assim como o fim da aposentadoria especial. Político sequer deveria se aposentar em função do cargo, já que se candidatar é uma opção volitiva. A aposentadoria deveria ser restrita ao trabalho original do proponente.
Quem não achasse justo que não se candidatasse.
A aposentadoria especial para políticos é uma excrescência.
O judiciário também precisaria de uma revisão severa nos rendimentos, que acabasse com os penduricalhos e os auxílios clamorosos, mas esta abordagem para fica para outro artigo.
Mas o que resolveria mesmo o caos político do país – perdoem o clichê – seria acabar com a maldita impunidade. Político condenado por corrupção tinha de ser preso e excluído vitaliciamente da vida pública.
Assim como o estuprador pensaria duas vezes antes de estuprar e o ladrão antes de roubar se as penas fossem mais severas e cumpridas, o político pensaria duas vezes antes de roubar.
Aí só entrariam mesmo os que estivessem cientes e satisfeitos com o bom salário que a carreira política proporciona.
Isto irá acontecer? Não.
É só olhar para o nosso STF, para os políticos e para o POVO QUE OS ELEGE, que temos esta certeza.
Quem sabe num futuro longínquo…
Não estarei aqui para ver, a não ser que a criogenia avance bastante nos próximos anos, mas deixo minha torcida.
Quem sabe um dia, muito muito distante, os noruegueses queiram descobrir qual o segredo de sucesso do Brasil.
Por Renan Alves da Cruz
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