Texto: Habacuque 1-3
Há um provérbio Chinês que diz: “Jamais se desespere em meio as sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda”.
Na nossa atualidade muitos estão desesperados por causa do coronavírus, que tem atingidos todos os continentes. O mundo está em crise, mas neste momento eu convido você para aprendermos algumas lições com o profeta Habacuque para enfrentarmos esta ou as crises que surgirem em nossa caminhada.
O profeta Habacuque foi contemporâneo de Naum, de Sofonias e de Jeremias durante os reinados de Josias (640-609 a.C.) e de Jeoaquim (609-598 a.C.). A Assíria havia saído de cena, e a Babilônia (“os caldeus”) estava no poder. Nabucodonosor havia derrotado o Egito em 605 a.C. e estava prestes a atacar Judá. Jeremias havia anunciado que a Babilônia invadiria Judá, destruiria Jerusalém e o templo e enviaria a nação para o exílio. Isso ocorreu em 606-586 a.C.
Seu nome significa “abraçar” ou “lutar”, e em seu livro ele faz as duas coisas. Seu conflito com Deus foi entender como um Deus santo podia usar uma nação perversa como a Babilônia para disciplinar o povo de Judá, e assim, pela fé, aceitou o que Deus lhe disse e apegou-se a suas promessas. Habacuque também lutou contra o declínio espiritual de sua nação e perguntou-se por que Deus não estava tomando uma providência. O profeta desejava ver o povo renovado (Hc 3:2), mas Deus não estava respondendo às suas orações. Por isso podemos ver o profeta fazendo os seus questionamentos. Mas, Habacuque não fez apenas questionamentos a Deus.
O mundo está em crise neste momento, muitos estão desesperados, com medo, com medo de morrer, sem saber o que fazer, etc. Diante disso eu convido você para aprendermos algumas lições com o profeta Habacuque para enfrentarmos esta ou as crises que surgirem em nossa caminhada.
- LEVANDO OS NOSSOS QUESTIONAMENTOS A DEUS – Hc 1
O capítulo primeiro fala de uma sentença, um peso, uma mensagem difícil de ser entendida e mais difícil ainda de ser engolida. Nesse capítulo, o profeta escancara as tensões da sua alma e expressa sem rodeios os dilemas que assaltam seu coração. Dois grandes conflitos são vividos por Habacuque.
O primeiro é o prevalecimento do mal e a aparente inação e demora de Deus. Suas orações não são respondidas com a urgência que as endereçou ao céu.
O segundo conflito é a resposta surpreendente da sua oração. A resposta de Deus deixou o profeta mais alarmado e esmagado que o seu silêncio. Deus disse a Habacuque que os caldeus sanguinários, truculentos e expansionistas estavam vindo contra Judá não ao arrepio da sua vontade, mas em obediência ao seu chamado.
Meus irmãos tempos de crises geram questionamentos, porém, o profeta fez a coisa certa: levou seus problemas para o Senhor. Assim podemos ver:
1 .1. PORQUE DEUS É TÃO INDIFERENTE? ” (HC 1:2-11)
Uma vez que era um homem perceptivo, Habacuque sabia que o reino de Judá estava se deteriorando rapidamente. Desde a morte do rei Josias, em 609 a.C., suas reformas religiosas haviam sido esquecidas, e seu filho e sucessor, Jeoaquim, vinha conduzindo a nação cada vez mais para perto da calamidade (se você deseja saber o que Deus pensava de Jeoaquim, leia Jr 22:13-19).
A preocupação do profeta (vv. 2, 3). O vocabulário de Habacuque neste capítulo indica que os tempos eram difíceis e perigosos, pois ele usa palavras como violência, iniquidade, destruição, contendas e injustiça. Habacuque orou pedindo a Deus que tomasse uma providência quanto à violência, às contendas e às injustiças na terra, mas Deus pareceu não ouvir.
A causa fundamental (v. 4). Os problemas de Judá eram causados por líderes que não obedeciam à lei. “Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida” (v. 4). Os ricos exploravam os pobres e escapavam do castigo subornando os oficiais.
O conselho do Senhor (vv. 5-11). Deus respondeu a Habacuque e garantiu-lhe que, ainda que seu servo não pudesse ver, o Senhor estava operando em meio às nações.
Essa não era a resposta que Habacuque estava esperando. Sua esperança era que Deus enviasse a seu povo um reavivamento (ver Hc 3:2), julgasse os líderes perversos e estabelecesse a justiça na terra. Só assim, a nação poderia escapar do julgamento, e o povo e as cidades seriam poupados.
Haviam tentado a longanimidade de Deus tempo suficiente, e era chegada a hora do Senhor agir.
1.2. ” COMO DEUS PODE SER TÃO INCOERENTE?” (HC 1:12-17)
Para Habacuque, a primeira resposta de Deus, na verdade, não havia sido uma resposta coisa nenhuma. Na verdade, só havia criado um novo problema ainda mais desconcertante: a incoerência da parte de Deus. Como era possível um Deus santo usar uma nação perversa para castigar seu povo especial?
A santidade de Deus (vv. 12, 13). O profeta concentrou-se no caráter de Deus, como Jonas ao discordar do que Deus estava fazendo (Jn 4:2). Nas palavras de G. Campbell Morgan: “Os homens de fé são sempre os homens que devem confrontar os problemas”, pois quem crê em Deus, às vezes se pergunta por que ele permite que certas coisas aconteçam. Mas não se esqueça de que existe uma diferença entre dúvida e incredulidade.
Era preciso que o profeta se lembrasse de dois fatos: (1) Deus havia usado outros instrumentos para disciplinar seu povo – guerras, calamidades naturais, a pregação dos profetas -, mas eles não haviam dado ouvidos; (2) Quanto maior o conhecimento, maior a responsabilidade. Sem dúvida, os babilônios eram pecadores perversos, mas eram idólatras e não conheciam o verdadeiro Deus vivo. Isso não desculpava seus pecados (Rm 1:18ss), mas explicava sua conduta.
A fragilidade do povo (vv. 14, 15). Depois de apresentar seu caso tomando por base a santidade de Deus, Habacuque argumentou do ponto de vista da fragilidade do povo (vv. 14, 15). Judá jamais seria capaz de sobreviver a um ataque dos ferozes babilônios. Para eles, a vida não tinha valor algum, e os prisioneiros de guerra eram sacrificáveis. As pessoas eram como peixes a ser fisgados ou répteis marinhos a ser capturados em redes varredouras.
A arrogância do inimigo (vv. 16, 17). A terceira abordagem do profeta foi ressaltar como os babilônios viviam e adoravam. Seu deus era o poder (ver Hc 1:11), confiavam em sua força militar (“a sua rede”; vv. 16, 1 7) e idolatravam a violência. Os babilônios eram “soberbos” (Hc 2:4) em sua arrogância e autoconfiança. Como era possível Deus honrá-los ao dar-lhes vitória sobre Judá? Deus estava enchendo a rede deles de vítimas, e os caldeus estavam esvaziando a rede ao destruir uma nação após a outra (Hc 1:1 7).
Habacuque poderia ter dito mais coisas sobre a religião abominável dos babilônios. Acreditavam numa miríade de deuses e deusas, sendo Bel o cabeça do panteão. Anu era o deus do céu, Nebo, o deus da literatura e da sabedoria e Nergal, o deus do Sol. A feitiçaria era uma parte importante de sua religião, que incluía a adoração a Ea, o deus da magia. Seus sacerdotes praticavam adivinhações e usavam agouros, sendo que todas essas coisas eram proibidas pela lei de Moisés. Parecia sem sentido algum o Senhor permitir a tal povo espiritualmente ignorante
Mas, Habacuque estava deixando de observar o que Judá não precisava de grande poderio militar, mas sim de fé obediente em Deus.
II- DEPENDEDO UNICAMENTE DE DEUS – Hc 2
(O PROFETA VIGIA E ESPERA 2.1ss)
O segundo capítulo fala de uma visão. O profeta deveria escrever a visão num outdoor para todos lerem. A visão que Deus revela anuncia que o soberbo vai perecer, mas o justo vai sobreviver à crise, pois ele viverá pela fé. Os caldeus, por pensarem que seu poder emanava de suas próprias mãos e de seus ídolos mudos, cairiam, sem jamais serem levantados, mas o povo de Deus, que vive pela fé, seria restaurado.
Juntemo-nos a Habacuque na torre de vigia, seu santuário, e ouçamos o que o Senhor lhe disse. Quando Deus falou a seu servo, incumbiu-o de três responsabilidades.
2.1. ESCREVA A VISÃO DE DEUS (HC 2:1-3)
O profeta viu-se como um vigia nos muros de Jerusalém esperando uma mensagem de Deus que pudesse transmitir ao povo. Na antiguidade, os vigias (ou “atalaias”) eram responsáveis por alertar a cidade de qualquer perigo que se aproximasse, e se não fossem fiéis, o sangue do povo que morresse ficaria nas mãos deles (Ez 3:17-21; 33:1-3). Tratava-se de uma grande responsabilidade.
A imagem do vigia tem uma lição espiritual para nós nos dias de hoje. Como povo de Deus, devemos saber que o perigo se aproxima, e é nossa responsabilidade alertar as pessoas a “fugir da ira vindoura” (Mt 3:7).
Contemplar a glória de Deus e crer na Palavra de Deus dá-nos fé para aceitar a vontade de Deus. Não estaríamos estudando este livro hoje se Habacuque não tivesse obedecido às ordens de Deus e escrito o que o Senhor lhe havia dito e mostrado. Este texto deveria ser registrado de modo permanente, a fim de que geração após geração pudesse lê-lo.
2.2. CONFIE NA PALAVRA DE DEUS (Hc 2:4, 5)
Aqui, o contraste apresentado é entre pessoas de fé e pessoas que, em sua arrogância, confiam em si mesmas e deixam Deus de fora de sua vida. A aplicação imediata era aos babilônios. O pecador. Os babilônios eram “soberbos”, cheios de orgulho de seu poderio militar e de suas grandes conquistas. Haviam construído um império impressionante, o qual estavam certos de ser invencível. As palavras de Nabucodonosor expressam perfeitamente esse fato: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?” (Dn 4:30).
O justo. E agora, o contraste: “mas o justo viverá pela sua fé” (Hc 2:4b; ver Rm 1:1 7; Gl 3:11; Hb 10:38). Essa é a primeira de três certezas maravilhosas que Deus dá neste capítulo para estimular seu povo. Ela enfatiza a graça de Deus, pois a graça e a fé sempre andam juntas. Habacuque 2:14 ressalta a glória de Deus e nos assegura de que, apesar de este mundo estar cheio de violência e de corrupção (Gn 6:5, 11-13), um dia ele se encherá da glória de Deus.
A terceira certeza encontra-se em Habacuque 2:20 e enfatiza a soberania de Deus. Os impérios podem se elevar e cair, mas Deus está assentado em seu santo trono e é o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
As palavras “o justo viverá pela sua fé” foram o lema da Reforma e podem muito bem ter sido as mais importantes de toda a história da Igreja. Foi o versículo 4, citado em Romanos 1:17, que ajudou a levar Martinho Lutero à verdade da justificação pela fé. “Esse texto”, disse Lutero, “foi para mim a verdadeira porta do Paraíso”.
A vitória. Não somos apenas salvos pela fé (Ef 2:8, 9), mas também instruídos a viver pela fé. “E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5:4). A fé é um modo de vida exatamente oposto à “soberba” e à dependência dos próprios recursos. Habacuque sabia que o povo de Judá teria pela frente tempos difíceis e que seu único recurso era confiar na Palavra de Deus e descansar em sua vontade.
Viver pela fé significa crer na Palavra de Deus e lhe obedecer, independentemente de como nos sentimos, do que vemos ou de quais possam ser as consequências. Esse fato é ilustrado em Hebreus 11, o famoso capítulo da Bíblia sobre os “heróis da fé”.
Alguém disse bem que ter FÉ NÃO É CRER APESAR DAS EVIDÊNCIAS, MAS SIM OBEDECER APESAR DAS CONSEQUÊNCIAS, DESCANSANDO NA FIDELIDADE DE DEUS.
2.3 . DECLARE O JULGAMENTO DE DEUS (Hc 2:6-20)
Para os judeus fiéis na terra, Deus seria refúgio e força (Na 1:7; Sl 46), mas para os perversos babilônios, seria um Juiz que, a seu tempo, os castigaria por seus pecados e lhes daria o que mereciam. Em seu “cântico de escárnio”, Deus pronuncia “ais” sobre cinco pecados diferentes, todos eles comuns no mundo de hoje.
Ambição egoísta (vv. 6-8). A ambição, em si, pode ser uma coisa boa, mas é ruim se motiva as pessoas a serem gananciosas, egoístas e agressivas. “[Esforço-me], deste modo, por pregar o evangelho” (Rm 1 5:20), disse Paulo, e Deus honrou essa santa ambição.
Ganância (vv. 9-11). De acordo com Efésios 4:28, há três maneiras de se obter riqueza: você pode trabalhar por ela, roubá-la ou recebê-la de presente. Roubar é uma transgressão do oitavo mandamento: “Não furtarás” (Êx 20:15). “Nenhum indivíduo ou nação pode construir muros altos o suficientes para deixar Deus de fora”.
Exploração do povo (vv. 12-14). A Babilônia foi construída com o sangue de vítimas inocentes que os babilônios derramaram. Foi construída por prisioneiros de guerra, cujo trabalho escravo era explorado ao máximo.
Sem dúvida, o Senhor foi glorificado quando a Babilônia caiu diante de seus inimigos em 539 a.C. (ver Jeremias 50 – 51) e será glorificado quando for destruída a Babilônia do fim dos tempos, aquele último grande império que se opõe a Deus (Ap 17 -18 ). Quando Jesus Cristo voltar e estabelecer seu reino, então verdadeiramente a glória de Deus cobrirá toda a Terra (Is 11:1-9).
A QUEDA DA “GRANDE BABILÔNIA” É UMA LEMBRANÇA PARA NÓS DE QUE AQUILO QUE O HOMEM CONSTRÓI SEM DEUS NÃO PODE DURAR.
Embriaguez e violência (vv. 15-17). Esse retrato repulsivo pode ser interpretado tanto pessoal quanto nacionalmente. Ao mesmo tempo que a Bíblia não exige abstinência total, adverte sobre os males das bebidas fortes (Pv 20:1; 21:1 7; 23:20, 21,29-35; Rm 13:13; Gl 5:21; 1 Ts 5:7). A embriaguez e o comportamento sensual com frequência andam juntos (Gn 9:20-27; 19:30-38; Rm 13:11-14).
Idolatria (vv. 18-20). Infelizmente, o povo de Judá também era culpado desse pecado, pois, durante os anos de declínio do reino, adoraram os deuses de outras nações.
Todos os profetas clamaram contra essa transgressão flagrante do segundo mandamento (Êx 20:4-6), mas o povo se recusou a arrepender-se.
A idolatria não apenas é uma forma de desobediência à Palavra de Deus, como também é tola e fútil. De que vale um deus feito pelo homem? É muito mais racional adorar ao Deus que fez o homem (ver Rm 1:1 8ss)! A idolatria não só é inútil (ver Sl 11 5), mas também causa verdadeiro mal ao ensinar mentiras (Hc 2:18) e ao dar às pessoas uma falsa segurança de que ídolos sem vida podem ajudá-las. Para um exemplo comovente desse tipo de raciocínio tolo, leia Jeremias 44.
Os ídolos são substitutos mortos do Deus vivo (Sl 115). Tudo aquilo de que as pessoas se agradam além de Deus, tudo aquilo a que se dedicam e pelo que se sacrificam, tudo aquilo que não podem viver sem é um ídolo e, portanto, condenado por Deus.
Também é possível adorar e servir a coisas como carros, casas, barcos, jóias e obras de arte. Ainda que todos nós apreciemos objetos bonitos e úteis, uma coisa é possuí-los e outra bem diferente é ser possuído por eles. De acordo com Albert Schweitzer:
“Qualquer coisa que tiver e que não seja capaz de dar é algo que não possui, mas sim que possui você”. Encontrei pessoas que idolatravam seus filhos e netos a ponto de se recusarem a permitir que estes sequer considerassem dedicar sua vida ao serviço cristão.
A posição social pode ser um ídolo, bem como a realização profissional. Para alguns, seu ídolo é o apetite (Fp 3:19; Rm 16:18) e vivem apenas em função de sentir prazer carnal. A capacidade intelectual pode ser um ídolo terrível (2 Co 10:5), quando as pessoas adoram seu Ql e recusam-se a submeter-se à Palavra de Deus.
Deus conclui sua resposta a Habacuque dando-lhe uma terceira certeza: “O Senhor , porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra” (Hc 2:20; ver Sl 11:4).
A primeira certeza ressaltava a graça de Deus (Hc 2:4), e a segunda, a glória de Deus (v. 14). Essa terceira certeza concentra-se na soberania de Deus; ele está assentado em seu trono e tem o controle de todas as coisas.
Assim, não devemos murmurar contra Deus nem questionar o que ele está fazendo. Como servos fiéis, devemos simplesmente parar e ouvir suas ordens. “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Sl 46:10).
Ao compreender o significado das três grandes certezas que Deus lhe deu, passou da preocupação e da vigilância à adoração. No capítulo de encerramento de seu livro, compartilhará conosco a visão que recebeu de Deus e a diferença que isso fez na vida dele.
III- ADORANDO A DEUS INDEPENDENTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS Hc. 3
– O PROFETA ADORA Hc 3
O terceiro capítulo fala de um cântico. O profeta, que começa o livro chorando, termina-o cantando. Seu cântico não é em virtude da mudança circunstancial. As circunstâncias continuavam pardacentas, mas a verdade de Deus enchera sua alma de esperança. Deus descortinara para o Seu profeta Seu propósito, mostrara a ele Sua soberania, e agora, em vez de questionar a Deus, Habacuque clama por avivamento e se alegra em Deus, a despeito da situação.
O que levou Habacuque do vale para o alto do monte? As mesmas disciplinas espirituais que também podem nos elevar: oração, visão e fé. Habacuque intercedeu pela obra de Deus (vv. 1, 2), meditou sobre os caminhos de Deus (vv. 3-15) e afirmou a vontade de Deus (vv. 16-19).
3.1. ORAÇÃO : ORE PELA OBRA DE DEUS (Hc 3:1, 2)
Este capítulo é um “salmo de oração” que pode ter sido usado na adoração no templo de Jerusalém.’ (Para outros “salmos de oração”, ver Sl 17; 86; 90; 102 e 142.)
O profeta começou a orar ao Senhor e não discutir com o Senhor, e sua oração logo se transformou em louvor e adoração.
Ele orou porque havia ouvido Deus falar. O termo “declarações” é o mesmo que “relatos” e refere-se ao que Deus havia lhe dito anteriormente (Hc 2:2, 3). Conhecer a vontade de Deus deve nos levar a orar pedindo: “Seja feita a tua vontade”. O mesmo Deus que determina os fins também determina os meios para alcançar esses fins.
A Palavra de Deus e a oração devem sempre andar juntas (At 6:4; Jo 1 5:7) para que nossa oração não se transforme em zelo sem conhecimento.
D. L. Moody disse: “Costumava pensar que devia fechar minha Bíblia e orar pedindo fé, mas percebi que era por meio do estudo da Palavra que obteria a fé”.
Muitas pessoas acreditam que conhecer a Deus de maneira mais profunda é sempre uma experiência agradável, mas não é isso que os santos de Deus na Bíblia diriam.
Moisés estremeceu no monte Sinai quando Deus lhe deu a lei (Hb 12:18-21). Josué prostrou-se com o rosto em terra diante do Senhor (Js 5:13-15), como também o fez Davi (1 Cr 21:16). Daniel ficou exausto e enfermo depois das visões que recebeu de Deus (Dn 8:27; 10:11). A visão da glória de Cristo no monte da Transfiguração deixou Pedro, Tiago e João prostrados com o rosto em terra e cheios de pavor (Mt 1 7:6). Quando João viu o Cristo glorificado, caiu a seus pés como se estivesse morto (Ap 1:17).
A. W. Tozer disse: “CONHECER A DEUS É, AO MESMO TEMPO, A COISA MAIS FÁCIL E A MAIS DIFÍCIL DO MUNDO”. Deus certamente tem a capacidade de se revelar a nós, pois para ele nada é impossível; porém, Deus tem dificuldade em achar alguém que esteja pronto para encontra-se com ele.
Por fim, Habacuque orou porque desejava que Deus mostrasse misericórdia. O profeta concordava que o povo de Deus merecia ser disciplinado e que a disciplina de Deus seria para o bem, mas pediu que o coração amoroso do Senhor se revelasse em sua misericórdia. Fez como Moisés quando intercedeu pela nação no monte Sinai (Êx 32) e em Cades-Barnéia (Nm 14). Se, como Habacuque, você desanimar com a situação de sua igreja, do mundo ou de sua própria vida espiritual, separe um tempo para orar e para buscar a misericórdia de Deus.
NAS PALAVRAS DE CHARLES SPURGEON: “QUER GOSTEMOS QUER NÃO, A REGRA NO REINO É PEDIR”. O que o mundo de hoje mais precisa é de intercessores. “Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor” (Is 59:16).
3.2 . VISÃO: MEDITE SOBRE A GRANDEZA DE DEUS (HC 3:3-15)
É pouco provável que, nos dias de hoje, o Senhor nos dê uma visão como a de Habacuque, mas pelo fato do profeta tê-la registrado na Palavra, podemos meditar sobre ela e deixar que o Espírito a use para nos ensinar.
DEUS REVELA SUA GRANDEZA NA CRIAÇÃO, NAS ESCRITURAS E NA HISTÓRIA, E SE TIVERMOS OLHOS PARA VER, PODEMOS CONTEMPLAR SUA GLÓRIA.
Deus veio em esplendor (vv. 3-5). De acordo com alguns estudiosos, o monte Parã é outro nome para toda a península do Sinai ou para o próprio monte Sinai (Dt 33:2).
Temã normalmente é identificado com Edom. Em seu cântico, Habacuque parece estar rememorando a marcha de Israel do Sinai para a Terra Prometida.
Tudo nessa estrofe revela a glória de Deus. Ele é chamado de “Santo” (Hc 3:3; ver 1:12), nome usado em Isaías pelo menos trinta vezes. A expressão: “A sua glória cobre os céus” (Hc 3:3) é um antegozo do tempo em que sua glória cobrirá toda a Terra (Hc 2:14). A aparência de Deus é como a de um relâmpago que cruza os céus antes da tempestade. Toda a criação participa da adoração, uma vez que “a terra se enche do seu louvor”. O esplendor de Deus era como o nascer do Sol, porém muito mais intenso (ver Mt 17:2). Raios saíam de sua mão, em que estava oculto o seu poder (Hc 3:4).
O versículo 5 nos leva para o Egito, onde Deus revelou seu poder e glória nas pragas e pestes que devastaram a terra e que tiraram a vida dos primogênitos (Êx 7 – 12).
O Senhor deteve-se em poder (vv. 6, 7). Numa invasão, os generais avançam para ganhar terreno ou recuam em retirada, mas o Senhor simplesmente se deteve e, destemido, encarou o inimigo. Na verdade, mediu a terra calmamente,3 como sinal de que ela era sua propriedade. Medir algo era indicação de que aquilo lhe pertencia e de que você poderia fazer disso o que bem entendesse.
As nações entre o Egito e Canaã são tipificadas por Cusã e Midiã, dois povos que viviam próximos a Edom. Quando a notícia do êxodo se espalhou rapidamente entre as nações, os povos ficaram aterrorizados e se perguntaram o que aconteceria com eles quando Israel chegasse a suas terras (Êx 15:14-16; 23:27; Dt 2:25; Js 2:8-11).
Deus marchou em vitória (vv. 8-15). Habacuque usa imagens poéticas dinâmicas para descrever a marcha de Israel pelo deserto seguindo o Senhor até a Terra Prometida e, depois, ao tomar posse de sua herança.
No versículo 10, passamos para a Terra Prometida e vemos Israel conquistando o inimigo.
Deus tinha o controle de toda a terra e água e usou sua criação para derrotar os cananeus. O versículo 10 descreve a vitória de Débora e Baraque sobre Sísera (Jz 4 – 5), quando uma súbita tempestade transformou o campo de batalha num pântano e inutilizou completamente os carros do inimigo.
Em Habacuque 3:11, temos o famoso milagre de Josué, quando o dia foi prolongado para que Josué tivesse mais tempo de conquistar uma vitória absoluta (Js 10:12, 13). Comandando seu exército, o Senhor marchou pela terra de Canaã como um lavrador debulhando grãos, e seu povo tomou posse de sua herança (Hc 3:12).
Nesse hino, Habacuque descreve seu Deus, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e o Deus e Pai da nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é o Deus da glória que revela sua glória na criação e na história. Ele é o Deus vivo que faz com que os ídolos mortos das nações pareçam ridículos. Ele é o Deus de poder que pode comandar o céu, a terra e o mar e, portanto, ele é o Deus da vitória que conduz seu povo em triunfo.
Não há substitutos para uma teologia correta – nem sermões nem cânticos. A superficialidade dos sermões, livros e cânticos da atualidade pode ser o principal fator a contribuir para o enfraquecimento da igreja e para o crescimento do “entretenimento religioso” em encontros nos quais deveríamos estar louvando a Deus. O QUE ELEVOU HABACUQUE ATÉ O ALTO DO MONTE FOI SUA COMPREENSÃO DA GRANDEZA DE DEUS.
Precisamos voltar ao tipo de adoração que se concentra na glória de Deus e buscar honrar somente o Senhor.
3.3. FÉ: AFIRME A VONTADE DE DEUS (Hc 3:16-19)
Essa é uma das mais magníficas confissões de fé das Escrituras. Habacuque encarou o fato assustador de que a nação seria invadida por um inimigo inclemente. O profeta sabia que muitos do povo iriam para o exílio e que muitos outros seriam mortos. A terra seria devastada, e Jerusalém e o templo seriam destruídos. E, no entanto, declara ao Senhor que confiaria nele em qualquer circunstância!
Ouça sua confissão de fé.
“Esperarei pacientemente no Senhor” (v. 16). Se Habacuque tivesse dependido de seus sentimentos, jamais teria escrito essa magnífica confissão de fé. Ao olhar para o futuro, Habacuque viu a nação rumando para a destruição.
ANDAR PELA FÉ SIGNIFICA CONCENTRAR-SE NA GRANDEZA E NA GLÓRIA DE DEUS.
NÃO IMPORTA O QUE VEMOS NEM COMO NOS SENTIMOS, DEVEMOS DEPENDER DAS PROMESSAS DE DEUS E NÃO PERMITIR QUE NOS DESINTEGREMOS. “Descansa no S en h o r e espera nele” (Sl 37:7).
Sempre que nos sentimos agitados, podemos estar certos de que precisamos parar, orar e esperar no Senhor antes de fazer alguma tolice.
“Eu me alegrarei no Senhor” (vv. 17,18). Depois que os babilônios passassem por Judá, não restaria muita coisa de valor (Hc 2:17). Destruiriam as construções, saqueariam os tesouros e devastariam lavouras e pomares. A economia se desintegraria, e não haveria motivo para cantar. Contudo, Deus ainda estaria assentado em seu trono, cumprindo os propósitos divinos para seu povo (Rm 8:28). Habacuque não podia se alegrar com suas circunstâncias, mas podia se alegrar em seu Deus!
Habacuque descobriu que Deus era sua força (Hc 3:19) e também seu cântico e sua salvação (ver Is 12:1, 2; Êx 15:2; Sl 118:14), portanto, não precisava temer coisa alguma.
“Confiarei no Senhor” (v. 19). Este é o motivo pelo qual Deus permite que passemos por provações: elas podem nos aproximar dele e nos elevar acima das circunstâncias para que andemos nas alturas com o Senhor.
Nas palavras do grande comentarista inglês, G. Campbell Morgan: “Nossa alegria é proporcional a nossa confiança. Nossa confiança é proporcional a nosso conhecimento de Deus”.
OS MISSIONÁRIOS MÁRTIRES NO EQUADOR
Cinco homens – todos eles jovens – com personalidades diferentes, provenientes de diversas zonas do Estados Unidos, chegaram ao Equador com um objetivo comum. Todos eles tinham respondido a uma mesma chamada: a de pregar o evangelho onde ele nunca tinha sido pregado. Um mesmo e terrível povo estava no coração deles: os Aucas. No entanto, para evangelizá-los, deveriam estar dispostos a pagar o preço.
A história de Jim Elliot e seus quatro amigos é uma das histórias missionárias mais empolgantes e inspiradoras.
Jim Elliot nasceu em 8 de Outubro de 1927 na cidade de Portland, no estado americano de Oregon. Jim pertencia a uma família cristã dedicada ao Senhor; desde cedo foi instruído nos caminhos de Deus, e veio a receber a Cristo como seu salvador aos 8 anos de idade. Fred, um pastor batista, e Clara Elliot, seus pais, eram bastante cuidadosos quanto à instrução bíblica de seus filhos e exerceram forte influência na formação de suas vidas.
Jim recusou convites para pastorear em algumas igrejas nos
ministérios da juventude. Para alguns líderes, Jim tinha um futuro bastante
promissor no ministério pastoral nas igrejas do EUA. Por esta razão foi
criticado quando insistia em sua decisão em levar o evangelho de seu Salvador
aos índios na Amazônia. Jim convenceu dois de seus amigos (Ed mcCully e Peter
Fleming) que trabalhavam com ele numa rádio de difusão do evangelho a
participarem da escola linguística, juntamente com ele e Elisabeth.
Pouco tempo depois, um grupo de quatro índios visitaram os missionários em seu acampamento. Os missionários deram-lhes presentes e alimentos como um sinal de paz. Outros contatos foram feitos por mais algumas vezes e um daqueles índios chegou a voar com Nate Saint em seu avião, sobrevoando sua própria aldeia. Incentivados por uma visita no dia 7 de Janeiro, os missionários decidiram ir até a aldeia dos huaoranis. Acordaram cedo e louvaram ao Senhor na manhã de 8 de Janeiro. Nate e Jim sobrevoando a área da aldeia dos aucas avistaram um grupo de 20 a 30 índios se movendo em direção ao acampamento. Através do rádio comunicaram com suas esposas e decidiram ás 16:30 entrarem em contato novamente.
Ao chegarem na praia de seu acampamento, Nate e Jim avisaram aos outros que os aucas estavam vindo. Munidos de armas decidiram não utilizá-las. Pouco tempo depois chegaram os aucas e pouco esses cinco jovens puderam fazer. Foram mortos pelos aucas naquele dia de 8 de Janeiro de 1956. Angustiadas pela demora do contato de seus maridos, suas esposas solicitaram imediatamente ajuda. Helicópteros e forças do exército equatoriano sobrevoando o rio Curray encontraram os corpos de quatro missionários (não foi encontrado o corpo de Ed McCully). Seus corpos foram encontrados brutalmente perfurados por lanças e machados. O relógio de Nate Saint foi encontrado parado em 15:12 minutos, do que se deduz a hora em que foram mortos.
As esposas desses missionários, apesar da grande dor que sofreram, decidiram continuar com a missão, e algum tempo depois foram sucedidas na evangelização dos aucas. A tribo foi evangelizada e alguns anos mais tarde, o assassino de Jim Elliot, agora convertido ao Senhor Jesus e líder da igreja na aldeia batizou a filha de Jim e Elizabeth no rio onde seu pai tinha sido morto.
A vida e o testemunho desses cinco missionários martirizados por amor ao evangelho têm inspirado até hoje centenas de jovens a dedicar suas vidas ao Senhor da seara. Jim Elliot procurou servir a Jesus com todas as suas forças e a maior parte de sua vida e de seu ministério é contado por sua esposa Elizabeth em dois livros publicados posteriormente. Sua célebre frase, encontrada em seu diário nos inspira a entregar sem reservas a nossas vidas nas mãos do Mestre: “Aquele que dá o que não pode manter, para ganhar o que não pode perder, não é um tolo”.
Habacuque nos ensina a encarar nossas dúvidas e conflitos com honestidade, a LEVA-LOS HUMILDEMENTE AO SENHOR, A ESPERAR QUE SUA PALAVRA NOS ENSINE E, ENTÃO, A ADORÁ-LO A DESPEITO DO QUE SENTIMOS E VEMOS.
Deus nem sempre muda as circunstâncias, mas pode nos transformar para enfrentarmos as situações. Isso é viver pela fé.
Extraído e adaptado do Comentário de W. W.