COMO VIVER EM COMUNHÃO COM DEUS?

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Gn 35.1-15

O grande filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard certa vez disse: “quem vive na presença de Deus, tem um senso íntimo de comunhão com ele, e qualquer coisa de errado perturba essa comunhão”. Para Charles Fuller “comunhão com Deus, significa uma ininterrupta luta contra o mundo”.

Jacó tinha permanecido por alguns anos em Siquém, talvez por causa das vantagens econômicas. Mas ele precisou ter uma profunda experiência com Deus para fazê-lo voltar a sua terra, Hebrom (Gn. 37.1). Voltaria para casa, mas antes faria uma parada em Betel, onde edificaria outro altar e receberia as instruções divinas. Quase trinta anos antes, Jacó tinha feito um voto e uma promessa em Betel (Gn 28.20,21). Agora ele deveria renovar seus votos e propósitos espirituais. Ele tinha completado as suas peregrinações pelo estrangeiro e agora era instruído a voltar para casa.

Dois temas percorrem o capítulo trinta e cinco de Gênesis: termino e correção. Temos aqui uma história de termino, porque Jacó estava de volta a terra prometida com sua família e com toda a sua riqueza; e a vitória tinha sido ganha, o alvo tinha sido atingido, e a promessa divina tinha se cumprido. Mas também temos uma história de correção, porquanto os seus familiares não serviam totalmente a Deus. Ídolos precisavam ser enterrados, e Rubén disciplinado, etc. Para que eles vivessem uma nova história. Esse novo momento teria que ser em comunhão com Deus. Mas, como  viver em comunhão com Deus¿ No texto de Gn 35.1-15 podemos tirar algumas lições para vivermos uma verdadeira vida de comunhão com Deus. Viver em comunhão com Deus:

1-Implica em abandonar todos os ídolos (pecado) Gn 35.2,4 – O texto nos diz que até aquele momento havia ídolos entre os seus familiares. Jacó exigiu a eliminação de todos os deuses, incluindo os ídolos, os terafins de Raquel (Gn 31.19) e as argolas que eram amuletos associados com o culto pagão. Era preciso abandar tudo aquilo que impedia uma vida de comunhão com Deus.

Quando Deus nos chama, e verdadeiramente mudamos, isto nos arrependemos precisamos renunciar qualquer coisa que tenta impedir ou atrapalhar a nossa comunhão com Deus. A exigência primária da aliança e a lealdade exclusiva a Deus ( Ex. 20.3-5). Lealdade esta exigida por Josué aos filho de Israel ao falar com eles dizendo: “Agora, pois, temei ao Senhor e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao Senhor”(Js 24.14).

Para viver em comunhão com Deus nós precisamos abandonar tudo aquilo que tenta roubar a nossa verdadeira intimidade com ele, sejam os ídolos externos construídos pelas mãos do homem ou internos, os ídolos do coração. Você tem algo que precisa ser abandonado¿ Faça isso agora, não deixe para amanhã. Não permita que nada na sua vida tome o lugar de Deus.

2- Implica em mudança de vida (Gn 35.10) – O texto de em tela enfatiza a mudança do nome de Jacó para Israel. O novo nome de Jacó. Os antigos, com frequência mudavam de nome, quando havia alguma profunda mudança na vida ou quando esperavam que houvesse tal mudança. “De vez em quando, vemos Deus mudando o nome de alguém, simbolizando um novo status ou uma nova identidade – caso de Abraão, Sara e Jacó. Às vezes, o próprio portador do nome muda sua alcunha, representando uma nova situação. Noemi (“doce”) resolve chamar-se de Mara (“amarga”) após a morte de sua família (Rt 1.20), mas termina a história com um “nome afamado” (4.14). Aliás, note como a ideia do nome move todo o livro de Rute. Quando alguém na época do Antigo Testamento ou do mundo antigo dava um nome a outra pessoa ou coisa, significava que ela possuia essa pessoa ou coisa. Ou saber o nome de alguém, especialmente o nome de Deus, frequentemente significava entrar em um relacionamento íntimo com essa pessoa ou poder (G.K. Beale)”. No caso de Jacó para Israel foi uma mudança profunda. O fraco Jacó tornou-se o poderoso Israel, agora era um príncipe de Deus o grande patriarca através do qual o messias viria ao mundo por intermédio dele, a fim de abençoar todas as nações, e todos aqueles que creem em Cristo também são mais do que vencedores (Rm. 8.37).

O homem transformado por Deus através da ação do Espírito Santo, recebe um novo nome para viver de forma diferente do mundo, com diz o profeta Isaías  “a seus servos chamará por outro nome” (65.15). Em apocalipse nós aprendemos que vamos receber um novo nome “Ao que vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus e dele nunca sairá, e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome” (3.12). Mais adiante, em 14.1, aprendemos que os crentes terão o nome do Pai em suas testas, o que lembra que os sacerdotes usavam uma lâmina de ouro com os dizeres “santidade ao Senhor” (Êx 28.36-38). Novamente, Beale explica:

Parte do significado dos cristãos terem o nome de Deus e de Cristo em suas frontes é que eles compartilham da presença, da semelhança e do caráter de Deus e de seu Messias, como consequência de consagrar-se a eles”.

O que isso tudo significa? uma nova condição, uma nova identidade – como Abraão, Jacó e Noemi tiveram – pela bondade de Yahweh. Jesus ensina ao mesmo tempo que temos um novo nome e que Deus escreveu em nós seu Nome. E como termina o livro de Apocalipse? Com um casamento. Nós somos a noiva e receberemos o nome do Noivo. Os dois agora são um”.(Reforma21)¹.Mas o que isso nos ensina, a nossa condição, a nossa nova identidade em Cristo, não somente no povir, mas somos chamados para vivermos como servos de Deus hoje vivendo uma verdadeira comunhão com ele hoje.

3- Implica em confiar em Deus (Gn 35.11,12)

O Deus todo-poderoso falou com Jacó, ele confiou na certeza de que o Senhor cumpre as suas promessas, a sua palavra. Ele teve fé, pois precisava confiar em Deus em suas peregrinações em meios aos desafios da sua vida assim como o seus pais Abraão e Isaque confiara em suas promessas Gn 15.18. Quando olhamos para Gn 28.3 a expressão “uma multidão de povos”, ali a declaração faz parte da bênção dada a Jacó por Isaque. Além disso reis descenderiam de Jacó como Saul, Davi, Salomão, etc (Gn 17.6), culminando no rei-messias descendente de Judá através de Lia. Nesse ponto seria atingida a dimensão espiritual do pacto de tal modo que aquilo que era bênção material torna-se-ia em bênção incluindo a salvação da alma.

Em Gn 28.10 Jacó teve uma visão de Deus, uma experiência pessoal com Deus. Em Gn 32.22 lutou e foi transformado por Deus e em Gn 35.14 Jacó levantou um altar ao Senhor no lugar onde Deus falara com ele. Jacó demonstrou sua confiança em Deus a ouvir e obedecer a sua palavra. Ele teve fé no Senhor e se entregou aos seus cuidados.

Hoje nós precisamos confiar em Deus sem reservas, como nos ensina o salmista “entrega o teu caminho ao Senhor” Sl 37.5. Como nós temos dificuldade de entregar o que temos o que somos nas mãos de Deus. Meu irmão para viver em comunhão com ele você precisa confiar nele, pois quando confiamos em Deus, temos sede da Palavra, buscamos ter uma vida de oração e vivemos pela fé.

Certo jovem queria aprender a ter uma vida de comunhão com Deus: “Um jovem cristão subiu a montanha que ficava de frente ao mar, onde no topo morava um grande mestre cristão, conhecido por ter uma vida de grande comunhão e proximidade com Deus.

Perguntou o jovem:  – Mestre, o que eu faço para ter uma vida de profunda comunhão com Deus? Qual o segredo?

O sábio mestre, sem responder palavra alguma, se levantou, foi até à porta e sinalizou ao jovem que lhe acompanhasse por um caminho.

 Desceram a montanha em um silêncio ensurdecedor, pois o jovem estava inquieto para saber a resposta sobre o segredo para se chegar mais perto de Deus.

Chegando à praia o mestre continuou caminhando em direção à água. A água batia nos pés, depois nas canelas, nos joelhos e o mestre continuava a ir cada vez mais para o fundo.

O jovem cristão hesitou, mas o mestre insistiu que ele lhe acompanhasse. A água já estava na altura da cintura quando, de repente, o mestre derruba o jovem e segura sua cabeça debaixo d’água, sem dar-lhe qualquer chance de se levantar.

O jovem se debate, tenta escapar dos braços do mestre, se esperneia, bebe água do mar — mas o mestre o segura com a maior firmeza possível.

Quando o jovem cristão já estava quase morrendo afogado, o mestre lhe solta. O rapaz se levanta com violência, finalmente respira engasgado, cospe água salgada e não consegue esconder a raiva que estava sentindo:

– Você está louco?! Você quer me matar?!

O velho e sábio mestre cristão responde:

– Eis o segredo da comunhão com Deus que você está buscando! Está diante de você!

– Qual é esse segredo?

– O dia em que você buscar a Deus como você buscava o ar para respirar enquanto estava com a cabeça debaixo d’água e quando te soltei, você O encontrarᔲ.

Portanto, meu irmão, Deus te chamou para você viver em comunhão com ele. O diabo não quer que você e eu vivamos esta vida de intimidade com o Senhor. Se há algum ídolo ou pecado no seu coração jogue para fora hoje mesmo, viva a sua nova vida em Cristo firmado nas promessas de Deus para honra e glória dEle, na certeza de que com o Senhor nós somos mais do que vencedores. Precisamos ansiar mais e mais pela presença de Deus.

 Referências Bibliógraficas

1-Ribeiro Jr., Josaias. O que significa receber um “novo nome”?, 2011. Disponível em http://reforma21.org/artigos/o-que-significa-receber-um-novo-nome.html.  acesso em 07.09.2017

  

2- Sanchez, André . Ilustrações Cristãs – Como ter uma vida de profunda comunhão com Deus? Disponível em https://www.esbocandoideias.com/2013/07/ilustracoes-cristas-como-ter-uma-vida-de-profunda-comunhao-com-deus.html acesso em 07.08.2017

Sobre o autor: Pastor Eli Vieira é formado pelo Seminário Presbiteriano do Norte-Recife e atualmente é pastor efetivo da Igreja Presbiteriana Filadélfia Garanhuns-PE

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Pastor Eli Vieira é casado com Maria Goretti e pai de Eli Neto. Responsável pelo site Agreste Presbiteriano, Bacharel em Teologia, Pós-Graduado em Missiologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte, Recife-PE e cursando Psicologia na UNINASSAU. Exerce o seu ministério pastoral na Igreja Presbiteriana do Brasil desde o ano 1997 ajudando as pessoas a encontrarem esperança e salvação por meio de Jesus Cristo. Desde a sua infância serve ao Senhor, sendo educado por seus pais aos pés do Senhor Jesus que me libertou e salvou para sua honra e glória.

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