Pare, leia e pense!!!
Esther Burr – filha de Jonathan e Sarah Edwards, e mãe de Aaron Burr, vice-presidente de Thomas Jefferson – começou um diário quando tinha apenas 9 anos de idade, ela morreu quando tinha 26 anos. Nele, ela comenta um pouco sobre seu pai, sua mãe, seu marido e sobre David Brainerd, entre outras coisas.
Aqui distacaremos três partes do diário dela: Uma em que ela comenta sobre seu pai, J. Edwards, sobre sua confissão de fé e sobre David Brainerd:
Junho de 1752, Stockbridge,
Às vezes eu esboço pra mim mesma uma descrição do sr. Edwards. Permita-me fazer isso novamente antes de sair da casa de meu pai para casa de meu marido. Seu rosto é quase feminino em refinação, característica e graça. Há um tipo de tranquilidade, uma elevada e quase celestial serenidade de expressão, para alguns, talvez, severidade. Quando ele está falando no púlpito, frequentemente parece que sua voz tem uma ternura e autoridade supernaturais e angelicais. Não há em sua fala fraqueza ou suavidade, embora não seja uma voz alta nem muito grave. Há uma santa lealdade à verdade no pregador que é como se ele fosse um dos rápidos mensageiros de Deus, não alado, de fato, salvo no espírito que por vezes tenta elevados voos, mas vem direto da inefável glória, comissionado pelo infinito amor de proclamar a verdade e defendê-la. Pessoalmente, ele, às vezes, me lembra o arcanjo de Michelângelo com a espada desembainhada ou as pinturas de João, o Evangelista, que nossos amigos escoceses, os Erskines, nos enviou e que está em nossa sala de estar.
Northampton – 14 Fev. de 1747
Eu acho que nunca conheci dia tão feliz. Tem havido um degelo, o degelo de Janeiro, e a chuva tem congelado em cada árvore e galho, e quando o sol aparece é como se todos tivessem revestidos de prata. Em todo lugar os pedaços de gelo partiam dos elmos e maples 1 em todo caminho a medida em que íamos pra casa de Deus. O ar estava cheio de música que vinha dos sinos do trenó daqueles que iam à igreja e eu pensei do que é dito nas Escrituras dos sinos das vestes do sumo-sacerdote, e como esse som era ouvido à medida que ele entrava no Santo Lugar. Então, a maior música que vinha dos sinos da igreja parecia dizer à minha alma: Santidade ao Senhor!
Mas devo começar falando do início do dia. Eu acordei de manhã com alguém beijando meus olhos, minha boca e ouvidos; na neblina de meus sonhos eu pensei serem os anjos, mas não, brevemente vi que era minha mãe-anjo, ela estava parte falando e parte cantando: “Acorde, minha Esther, minha rainha. Esse é o dia do teu casamento2, pois o Rei tem prazer em ti e te chama pelo nome. Ele te leva a casa do banquete e o estandarte sobre ti é o amor” (Ct 2:4). Então, eu lembrei que era meu aniversário de quinze anos e também o dia de tomar sobre mim os votos do Senhor. Eu respondi minha mãe, como por inspiração: “Eu estava dormindo, mas meu coração velava; é a voz do meu amado que bate; sua cabeça está cheia de orvalho, seus cabelos com as gotas da noite” (Ct 5:2). E eu rapidamente levantei, pois vi que a casa já estava em movimento.
Meu honrado pai pregou sobre a Resolução de Rute como se fosse pra mim essas palavras: “Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te” (Rt 1:16). Nunca me esquecerei de suas palavras sobre o povo de Deus; ele disse: “Eles são a mais excelente e feliz sociedade no mundo. Deus, que eles tem escolhido como Deus deles, é o pai deles. Ele tem perdoado todos seus pecados e eles estão em paz com Ele, e ele tem permitido todo privilégio que os filhos tem. A medida que eles tem se devotado para Deus, então Deus tem dado a Si mesmo para Eles. Ele os carrega nas asas da águia pra longe do alcance de Satanás e do alcance de seus inimigos no mundo”. Essa parte ele me deixou copiar de seu sermão depois. E eu disse em meu coração: “Teu povo será meu povo e teu Deus será meu Deus”.
Entre 1743 -1744, Northampton
Sr. David Brainerd deveria ter se graduado no New Heaven College esse dia. Sr. Edwards, meu pai, está sentindo muito por que o presidente Clap e os Trustees3 trataram sr. Brainerd tão desdenhosa e cruelmente. Meu pai diz, como eu penso, New Heaven College perdeu a mais brilhante jóia que ela teria em sua cora. Sr. Brainerd foi expulso do colégio por dizer de um de seus tutores, que parecia indiferente para as atividades religiosas – Quando sr. Whitefield estava pregando em New Heaven e os estudantes estavam dando mais atenção à palavra dele – que ele (o tutor) não tinha mais religião do que uma cadeira. Eu vejo que meu pai acha que ele falava deliberadamente e deveria amenizar isso – como ele estava mais humildemente disposto a fazer – mas ele muito provavelmente falava a verdade. Tem sido atribuída a meu pai grande responsabilidade pela irreligiosidade e impiedade prevalecente nessa Faculdade por ele ser diplomado lá, e ele já está em reunião com sr. Burr4 de Newark para encontrar uma Faculdade, talvez na de Jersey, onde os homens poderiam estar seguros de tais influências. Parece que sr. Brainerd estava tão preocupado com os estudantes que ele foi de quarto em quarto conversando e orando por todos eles, independente de terem feito a profissão de fé ou não. De fato, o sr. Samuel Hopkins disse para meu pai que foi a visita de David Brainerd à seu quarto que o convenceu de que ele mesmo não era um cristão. Embora ele mesmo já estivesse pretendendo estudar para o ministério.
NOTA:
1- Elmos e maples são tipos de árvores.
2- Espousal: se referindo a confissão de fé dela.
3- No sentido amplo: Instituição que opera para o benefício do público geral.
4- Vem a ser anos depois o esposo dela.
Original disponibilizado em: Esther Burr’s Journal.
Tradução Diego de Andrade. afeicoesdoevangelho.wordpress.com.
