Os pastores e cristãos norte-coreanos já eram perseguidos no país número 1 da Lista Mundial da Perseguição 2020
Monumento da Coreia do Norte exalta batalhas travadas por soldados durante a Guerra da Coreia
Hoje faz 70 anos que a Coreia do Norte bombardeou alguns campos da Coreia do Sul e iniciou a Guerra da Coreia. Depois de três dias, a capital do Sul, Seul, já estava sob o domínio comunista e outras cidades também foram tomadas gradativamente, até setembro. Mas com a chegada dos soldados da Organização das Nações Unidas (ONU) em Incheon, o Exército Vermelho começou a recuar. Então, no final de outubro, Seul e Pyongyang estavam sob o controle das tropas da ONU. Logo, a China entrou na batalha ao lado dos comunistas e forçou a retirada das forças da ONU até o paralelo 38, que faz a divisa entre as Coreias.
Quando a guerra iniciou, a península coreana já estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos ocupavam a parte sul e a União Soviética, a norte. Neste período, os cristãos da Coreia do Norte já estavam enfrentando uma violenta perseguição. Muitos foram obrigados a se registrar no Partido dos Trabalhadores, e os que se recusavam foram presos, banidos e até mortos. As pequenas igrejas se fundiram com outras maiores para facilitar a vigilância e os pastores colocaram fotos do ditador Kim Il-sung nos templos.
Hea-Woo tinha 10 anos na época e lembra das mudanças que os conflitos impuseram aos coreanos. “Nossa vila ficava na fronteira entre o Norte e o Sul, o que significava que estava bem na linha de frente. Não demorou muito para que soldados norte-coreanos aparecessem e dissessem a todos que tinham que sair da região”, testemunha a cristã e colaboradora da Portas Abertas, que já visitou igrejas brasileiras em duas ocasiões, 2015 e 2019. Ela, a mãe e a irmã precisaram fugir. Já o pai estava trabalhando como médico do exército na guerra, onde faleceu sem rever a família.
Fé secreta, mas visível
Muitos cristãos já viviam secretamente a fé. Pois já era comum que os líderes e seguidores de Jesus fossem sequestrados e mortos. Algumas igrejas nas grandes metrópoles eram forçadas a comemorar os triunfos das tropas do Norte em cultos especiais. Na capital da Coreia do Norte, o pastor e tio de Kim Il-sung promoveu uma “manifestação cristã” em que todos os participantes deveriam demonstrar lealdade ao líder do futuro país comunista.
Hea-Woo não sabia nada sobre a fé da mãe, até que um dia avistou uma cruz pendurada no pescoço dela. Quando a menina perguntou o que aquele símbolo significava, a mãe pediu que ela mantivesse aquilo em segredo. “Eu nunca disse nada a ninguém sobre isso, mas sempre me lembrei do que aconteceu. E apenas muitos anos depois eu percebi que minha mãe era cristã”, afirma. A garota foi morar com a avó na China, enquanto a mãe esperava o pai voltar da guerra, na Coreia do Norte.
Alguns anos mais tarde, a jovem voltou a viver na Coreia do Norte. Ela cresceu vendo a mãe ser gentil com as pessoas necessitadas e dizer diversas coisas sobre o céu. Mas Hea-Woo só foi ouvir a respeito de Cristo quando o marido dela se tornou cristão nos anos 1990. Ele teve um encontro com Jesus quando tentava fugir da China para a Coreia do Sul. Mas foi capturado e forçado a voltar para a Coreia do Norte. Quando os filhos foram visitar o pai na prisão, ele escreveu na mão de um deles a seguinte mensagem: “Acredite em Jesus”. Após seis meses do breve testemunho, o marido de Hea-Woo morreu na prisão, por consequência da fome e tortura.
Na hora e no lugar certo
Porém, a norte-coreana só teria o próprio encontro com Cristo, quando ela fugisse para China e lá fosse ajudada por cristãos. “Só há uma explicação para o fato de eu ter aceitado a história incrível como verdade: minha mãe e meu marido oraram por mim. Estou convencida disso”, reconhece. Após ser capturada, a cristã retornou para o Norte onde passou muitos anos em um campo de trabalho forçado. Apesar de enfrentar tortura diária, Hea-Woo tinha certeza da presença de Deus com ela, tanto que viveu experiências impactantes como uma cura e viu outros cinco prisioneiros se entregarem a Jesus. “Permaneci fiel e Deus me ajudou a sobreviver”, completa a cristã.
A igreja norte-coreana hoje
Apesar dos tempos não serem fáceis para os cristãos da Coreia do Norte, a igreja no território tem crescido. Estima-se que existam entre 200 mil e 400 mil cristãos no território comunista. Muitos dos novos convertidos souberam de Cristo quando fugiram para a China e encontraram alimentação e acolhimento em abrigos seguros administrados pela Portas Abertas. Boa parte dos novos convertidos retornam para o país de origem com a missão de levar as boas notícias de Cristo aos familiares.
Apoie cristãos norte-coreanos!
Assim, como Hea-Woo e o marido dela, outros norte-coreanos ainda irão encontrar Cristo por meio de um abrigo cristão na China. Ore e contribua com a Portas Abertas para que muitos cristãos que estão em território chinês recebam ajuda emergencial como comida, medicamentos e roupas.
Fonte: Portas Abertas