Lucas 7
Alguém definiu compaixão como “sua dor em meu coração”. Que dor intensa Cristo deve ter sentido ao longo de seu ministério itinerante! Só neste capítulo, Jesus se depara com a agonia de um servo à beira da morte, encontra-se com uma viúva angustiada, com um profeta perplexo e com uma pecadora arrependida, e socorre todos eles. É de se imaginar quem teria sido escolhido, caso houvesse um “comitê de dificuldades” para decidir qual dessas pessoas “merecia” ser ajudada.
Jesus ajudou todas elas, pois a compaixão não mede, ministra. Nas palavras de Bernard de Clairvaux: “A justiça busca apenas os méritos da questão, enquanto a compaixão considera apenas a necessidade”. A compaixão, não a justiça, motivava o Médico dos médicos que “não [veio] chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento” (Lc 5:32).
Vamos conhecer essas quatro pessoas aflitas e ver o que Cristo fez para suprir suas necessidades.
1 . O SERVO : UMA DEMONSTRAÇÃO DE FÉ (LC 7:1-10)
Nos Evangelhos e no Livro de Atos, os centuriões romanos são apresentados como homens íntegros e de caráter, e esse é um exemplo perfeito. Os anciãos judeus não tinham afeição alguma pelos romanos em geral, muito menos por soldados romanos. No entanto, foram os anciãos que recomendaram esse oficial a Jesus. Esse romano importava-se com o povo judeu em Cafarnaum e havia até construído uma sinagoga. Também amava seu servo e não queria que morresse. Não era um estóico que se afastava da dor dos outros; tinha um coração que se preocupava até mesmo com seu servo jovem e humilde, que morria de uma doença paralisante (Mt 8:6).
O relato resumido de Mateus (Mt 8:5,13) não é conflitante com a exposição mais completa de Lucas. Os amigos do centurião serviram de intermediários entre Jesus e ele.
O que nos impressiona não é apenas o grande amor, mas também a grande humildade desse homem. Imagine um oficial romano dizer a um pobre rabino judeu que não é digno de tê-lo em sua casa! Os romanos não eram conhecidos por demonstrar humildade, especialmente diante de seus súditos judeus.
Mas a característica que mais impressionou Jesus foi a fé desse homem. Em duas ocasiões, os Evangelhos dizem que Jesus ficou admirado. Em Cafarnaum, admirou-se com a fé de um gentio; em Nazaré, admirou-se com a incredulidade dos judeus (Mc 6:6). Além do centurião, Jesus só elogiou mais uma pessoa por sua grande fé: uma mulher gentia, cuja filha foi liberta de um demônio (Mt 15:28). É interessante observar que, nesses dois casos, Jesus curou à distância (ver SI 107:20; Ef 2:11-13).
A fé do centurião certamente era notável. Afinal, era um gentio de origem pagã e um soldado romano, treinado para ser auto-suficiente, e não há indicação alguma de que ouvira Jesus pregar. Talvez tenha ficado sabendo do poder de cura de Jesus pelo oficial do rei, cujo filho Jesus também havia curado à distância (Jo 4:46-54). É possível que seus soldados também tenham relatado a ele os milagres que Jesus havia realizado, pois os romanos mantinham-se a par do que acontecia no meio dos judeus.
A palavra-chave em Lucas 7:8 é “também”, que aparece, igualmente, em Mateus 8:9. O oficial viu uma semelhança entre a forma de comandar seus soldados e de Jesus exercer sua autoridade sobre as enfermidades e, pelo fato de ambos estarem sujeito à autoridade, tinham o direito de exercê-la. Tudo o que precisavam fazer era dar uma ordem, e esta seria executada. Que fé tremenda esse homem demonstrou! Não é para menos que Jesus tenha ficado admirado.
Se esse romano com tão pouca instrução espiritual possuía tamanha fé na Palavra de Deus, nossa fé deve ser muito maior! Temos a Bíblia inteira para ler e estudar, bem como mais de dois mil anos de história da Igreja para nos encorajar, no entanto, somos culpados de não ter fé (Mc 4:40) ou de ter pouca fé (Mt 14:31). Assim, nossa oração deve ser: “Aumenta-nos a fé” (Lc 1 7:5).
2. A VIÚVA: UMA SITUAÇÃO DE DESESPERO (Lc 7:11-17)
Naim ficava a cerca de 40 quilômetros de Cafarnaum – pelo menos um dia de viagem e, no entanto, Jesus foi até lá sem ninguém ter pedido que o fizesse. Uma vez que os judeus sepultavam seus mortos no mesmo dia em que faleciam (Dt 21:23; At 5:5-10), é bem provável que Jesus e seus discípulos tenham chegado às portas da cidade no final do dia em que o menino faleceu. Podemos observar quatro encontros específicos, ocorridos às portas da cidade naquele dia.
O encontro de dois grupos. Não nos resta outra coisa a fazer senão nos maravilhar com a providência de Deus ao ver Jesus encontrar a procissão do funeral no momento em que se dirigia ao local de sepultamento. Ao obedecer à vontade do Pai, Jesus vivia de acordo com um cronograma divino (Jo 11:9; 13:1). O Salvador compassivo sempre nos ajuda quando mais precisamos (Hb 4:16).
Que contraste entre o grupo que seguia Jesus e o que seguia a viúva e seu filho morto! Jesus e seus discípulos alegraram-se com as bênçãos do Senhor, mas a viúva e seus amigos dessa mulher. Jesus dirigia-se à cidade, enquanto os pranteadores dirigiam-se ao cemitério.
Em termos espirituais, cada um de nós se encontra em um desses dois grupos. Se crermos em Cristo, estamos indo para a cidade (Hb 11:10, 13-16; 12:22). Se estamos “mortos nos nossos pecados”, já estamos no cemitério e sob a condenação de Deus (Jo 3:36; Ef 2:1-3). Precisamos crer em Jesus Cristo e ser ressuscitados dentre os mortos (Jo 5:24; Ef 2:4-10).
O encontro de dois filhos únicos. Um estava vivo, mas destinado a morrer, o outro estava morto, mas destinado a viver. Aplicada a Jesus, a designação único significa “singular” o “inigualável”. Jesus não é um “filho” no mesmo sentido que eu sou, pois vim a existir pela concepção e nascimento. Uma vez que Jesus é o Deus eterno, sempre existiu. Todas as Pessoas da divindade são iguais, mas dentro da Trindade, cada uma ocupa um lugar específico e realiza uma tarefa específica.
O encontro entre dois sofredores. Jesus, o “homem de dores”, não teve dificuldade em se identificar com o sofrimento da viúva. Não apenas estava aflita como também se encontrava sozinha numa sociedade sem recursos para cuidar de viúvas. O que seria feito dela? Jesus sentiu a dor que o pecado e a morte haviam trazido ao mundo e tomou uma atitude.
O encontro entre dois inimigos. Jesus enfrentou a morte, “o último inimigo” (1 Co 15:26). Quando pensamos na dor e tristeza que a morte causa a este mundo, de fato é um inimigo terrível, e somente Jesus Cristo é capaz de nos dar a vitória (ver 1 Co 15:51 – 58; Hb 2:14, 15). Jesus só precisou proferir uma palavra e o menino voltou à vida com saúde. O menino deu dois sinais de vida: sentou-se e falou. Num gesto de grande ternura, Jesus pegou o menino e o entregou à mãe, agora transbordando de alegria. A cena toda lembra o que acontecerá quando Cristo voltar e reencontrarmos nossos entes queridos que estão na glória (1 Ts 4:13-18).
O povo reagiu glorificando a Deus e identificando Jesus com o Profeta dos judeus pelo qual haviam esperado (Dt 18:15; Jo 1:21; At 3:22, 23). Não demorou que a notícia desse milagre se espalhasse. As pessoas animaram-se ainda mais para ver Jesus, e grandes multidões o seguiam (Lc 8:4, 19, 42).
3. JOÃO BATISTA: UM PROFETA PERPLEXO (Lc 7:18-35)
Confusão (vv. 18-20). João estava na prisão havia alguns meses (Lc 3:19, 20), mas seus discípulos o mantinham informado do que Jesus estava fazendo. Deve ter sido difícil a um homem acostumado à vida no deserto ficar confinado à prisão. A pressão física e emocional certamente era enorme, e os longos dias de espera não facilitavam as coisas. Os líderes judeus não tomaram atitude alguma a fim de interceder por João, e, ao que parecia, nem mesmo Jesus se preocupava com ele. Se Cristo veio mesmo para libertar os cativos (Lc 4:18), João Batista era um candidato!
Não é incomum grandes líderes espirituais terem seus dias de dúvida e de incredulidade. Moisés quase desistiu certa ocasião (Nm 11:10-15), assim como também Elias (1 Rs 19) e Jeremias (Jr 20:7-9, 14-18); até Paulo sabia o que era sentir desespero (2 Co 1:8, 9).
Há uma diferença entre dúvida e incredulidade. A dúvida diz respeito à mente: não conseguimos entender o que Deus está fazendo nem seus motivos para fazê-lo. A incredulidade diz respeito à vontade: nós nos recusamos a crer na Palavra de Deus e a obedecer ao que nos ordena. “A dúvida nem sempre é sinal de que o indivíduo está errado”, disse Oswald Chambers; “pode ser sinal de que está refletindo”. No caso de João, sua pergunta não resultou de incredulidade deliberada, mas sim de dúvida alimentada por pressão física e emocional.
Podemos olhar para o ministério de Cristo em retrospectiva e entender o que ele fazia, mas João não tinha esse ponto de vista privilegiado. João havia anunciado julgamento, mas Jesus realizava atos de amor e de misericórdia. João havia prometido que o reino estava próximo, mas, até então, não se poderia encontrar evidência alguma disso. Havia apresentado Jesus como o “Cordeiro de Deus” (Jo 1:29), de modo que devia ter certa noção do sacrifício de Jesus; no entanto, restava saber de que maneira esse sacrifício era relacionado ao reino prometido de Israel. João Batista ficara perplexo com o plano de Deus e também com seu lugar dentro desse plano. Não devemos, porém, julgá-lo com severidade, pois até mesmo os profetas mostraram-se confusos com respeito a algumas dessas coisas (1 Pe 1:10-12).
Confirmação (vv. 21-23). Jesus não fez um sermão aos dois homens falando de teologia ou de profecia. Antes os convidou a observar enquanto curava todas aquelas pessoas de inúmeras aflições. Sem dúvida, tais curas serviram de credenciais ao Messias prometido (Is 29:18, 19; 35:4-6; 42:1-7). Cristo não havia estabelecido um reino político, mas o reino de Deus estava presente ali em poder.
O termo grego traduzido por “motivo de tropeço” dá origem a nosso verbo escandalizar e se referia originalmente ao graveto usado como pinguela em armadilhas. Por causa de sua preocupação com aquilo que Jesus não estava fazendo, João corria o risco de cair numa armadilha. Estava tropeçando sobre seu Senhor e o ministério dele. Jesus lhe disse gentilmente para ter fé, pois seu Senhor sabia o que estava fazendo.
Hoje em dia, muita gente critica a Igreja por não “mudar o mundo” e resolver os problemas econômicos, políticos e sociais. No entanto, os críticos esquecem que Deus muda seu mundo ao transformar indivíduos. A história mostra que muitas das grandes iniciativas humanitárias partiram da Igreja, mas sua tarefa principal é outra: levar os pecadores ao Salvador. Todo o resto é resultado desse objetivo central. Proclamar o evangelho deve ser sempre a maior prioridade da Igreja.
Aprovação (w. 24-30). Aquilo que pensamos a respeito de nós mesmos ou que os outros pensam de nós não é tão importante quanto aquilo que Deus pensa. Jesus esperou até que os mensageiros tivessem partido e, então, elogiou João publicamente por seu ministério, revelando, ao mesmo tempo, o coração pecaminoso daqueles que rejeitavam o ministério de João.
João Batista não era um homem condescendente, como um “caniço agitado pelo vento” (ver Ef 4:14). Também não era uma celebridade que desfrutava a amizade de gente importante e os prazeres da riqueza. Não importava o que as pessoas faziam com ele, João não se abalava nem se enfraquecia. Não era apenas um profeta, mas sim um profeta cujo ministério havia sido profetizado (ver Is 40:3 e Ml 3:1)! João Batista foi o último profeta do Antigo Testamento e, como mensageiro de Deus, teve o privilégio de apresentar o Messias a Israel.
De que maneira o menor no reino de Deus é maior do que João? Em termos de posição, não de caráter nem de ministério. João foi arauto do Rei, anunciando o reino. Os cristãos de hoje são filhos do reino e amigos do Rei (Jo 15:15). O ministério de João constituiu um divisor de águas, tanto na história nacional de Israel quanto no plano redentor de Deus (Lc 16:16).
Lucas 7:29, 30 registra as palavras de Jesus, não uma explicação de Lucas (ver Mt 21:32). Essas palavras respondem à pergunta que algumas pessoas faziam: “Se João é um profeta tão importante, por que está na prisão?” A resposta: por causa da incredulidade deliberada dos líderes religiosos. Muitos do povo em geral ouviram a mensagem de João, aceitaram-na e foram batizados por ele como prova de seu arrependimento. Assim, “reconheceram a justiça de Deus”, ou seja, concordaram com aquilo que Deus havia dito sobre eles (SI 51:4). Os líderes religiosos, porém, se justificaram a si mesmos (Lc 16:1 5) sem reconhecer a justiça de Deus e rejeitaram João e sua mensagem.
Condenação (w. 31-35). Jesus comparou aquela geração com pessoas imaturas, que não se contentavam com coisa alguma. É provável que estivesse se referindo particularmente aos escribas e fariseus. João pregava uma mensagem severa de julgamento, e eles diziam: “Tem demônio!” Jesus misturava-se com o povo e pregava uma mensagem de salvação repleta de graça, e eles diziam: “Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” Não queriam nem o funeral nem o casamento, pois nada lhes agradava.
4. A MULHER PECADORA: UMA DEMONSTRAÇÃO DE AMOR (Lc 7:36-50)
Jesus não apenas aceitava a hospitalidade de publicanos e de pecadores, mas também aceitava convites de fariseus, pois, quer percebessem isso quer não, precisavam igualmente da Palavra de Deus. Supomos que o convite e a motivação de Simão foram sinceros e que não usou de dissimulação ao chamar Jesus para visitá-lo. Se, por acaso, havia algum plano, acabou sendo frustrado, pois Simão aprendeu mais sobre si mesmo do que queria!
A mulher arrependida (w. 36-38). Naquele tempo, era costume pessoas de fora rodearem um lugar onde ocorria um banquete para ver as “pessoas importantes” e ouvir o que diziam. Uma vez que o local era aberto, esses observadores tinham acesso à sala de banquete e aos convidados, o que explica como a mulher chegou até Jesus. É importante lembrar que, naquela época, não se costumava convidar mulheres para banquetes desse tipo.
Os rabinos judeus não conversavam nem comiam com mulheres em público. Uma mulher como aquela não era bem-vinda na casa de Simão, o fariseu. O texto não diz quais eram seus pecados, mas temos a impressão de que era uma mulher de má reputação.
A mulher admitiu que era uma pecadora e demonstrou ser uma pecadora arrependida. Se observarmos os paralelos entre os Evangelhos, veremos que, pouco antes desse acontecimento, Jesus havia feito o convite amável: “Vinde a mim […] e eu vos aliviarei” (Mt 11:28-30). Talvez tenha sido nessa ocasião que a mulher arrependeu-se de seus pecados e creu no Salvador. Suas lágrimas, sua atitude humilde e seu presente indicavam transformação interior.
O anfitrião crítico (vv. 39-43). Simão sentiu-se desconcertado, tanto por si mesmo quanto por seus convidados. Todos diziam que Jesus era um grande Profeta (Lc 7:16), mas certamente não estaria mostrando muito discernimento profético se deixasse uma mulher pecadora ungir seus pés! Portanto, devia ser um impostor.
O verdadeiro problema de Simão era a cegueira: não conseguia enxergar a si mesmo, a mulher, nem o Senhor Jesus. Assim, foi fácil declarar: “ela é pecadora”, mas foi impossível dizer: “eu sou pecador” (ver Lc 18:9-14). Jesus provou que, de fato, era um profeta ao ler os pensamentos de Simão e revelar suas necessidades.
Seus pecados eram conhecidos, enquanto os de Simão encontravam-se ocultos de todos, exceto de Deus. Os dois estavam falidos e não tinham condição de pagar sua dívida com Deus. Simão estava tão espiritualmente falido quanto aquela mulher e não tinha consciência disso.
O perdão é uma dádiva da graça de Deus; a dívida foi paga inteiramente por Jesus Cristo (Ef 1:7; 1 Pe 1:18, 19). A mulher aceitou a dádiva gratuita da salvação de Deus e expressava seu amor abertamente. Simão rejeitou essa oferta e continuou sem perdão. Não foi cego apenas em relação a si mesmo, mas também à mulher e a seu convidado de honra!
O Salvador que perdoa (vv. 44-50). A mulher era culpada de pecados de comissão, mas Simão era culpado de pecados de omissão. Como anfitrião, não havia recebido Jesus com a devida cortesia (contrastar com Abraão em Gn 18:1-8). Aquela mulher atentou para tudo o que Simão havia negligenciado – e o fez com mais esmero!
Devemos evitar dois equívocos ao interpretar as palavras de Jesus. Primeiro, não devemos concluir que a mulher foi salva por causa de suas lágrimas e do presente. Jesus deixou claro que ela foi salva única e exclusivamente pela fé (Lc 7:50), pois não há quantidade de boas obras que possa pagar pela salvação (Tt 3:4-7).
Jesus não rejeitou as lágrimas da mulher nem o bálsamo que ela lhe deu, pois seus gestos foram demonstrações de sua fé. “A fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tg 2:14-26). Não somos salvos pela fé juntamente com as obras, somos salvos pela fé que redunda em obras. Essa mulher anônima ilustra a verdade encontrada em Gálatas 5:6: “O que importa é a fé que age por meio do amor” (ntlh).
Como essa mulher soube que seus pecados haviam sido perdoados? Jesus lhe disse. Como sabemos hoje que nossos pecados foram perdoados? Deus nos diz em sua Palavra. Eis apenas alguns versículos para refletir: Isaías 1:18; 43:25, 26; 55:6, 7; Atos 13:38, 39; Romanos 4:7, 8; Efésios 4:32; Hebreus 8:12. Ao entender o significado da graça de Deus, não há mais dificuldade alguma em aceitar seu pleno perdão e em se regozijar nele.
É evidente que os críticos legalistas presentes no banquete ficaram estarrecidos quando Jesus disse: “Perdoados lhe são os seus muitos pecados”. Com isso, jesus afirmava ser Deus (ver Lc 5:21)! Mas ele é Deus e morreu pelos pecados que aquela mulher cometeu. Suas palavras de perdão custaram muito caro. Jesus pagou alto preço por elas na cruz.
De que maneira a mulher foi salva? Ela se arrependeu de seus pecados e creu em Jesus Cristo. Como soube que havia sido, verdadeiramente, perdoada? Jesus lhe deu sua palavra. Qual foi a prova de sua salvação? Seu amor por Cristo expresso em sua devoção sacrifical a ele. Pela primeira vez em sua vida, teve paz com Deus (Lc 7:50). A tradução literal do versículo 50 é: “Vai-te para a paz”, pois ela saiu da situação de inimizade com Deus e passou a desfrutar paz com Deus (Rm 5:1; 8:7, 8).
Jesus realizou um grande milagre ao curar o servo do centurião. Realizou um milagre ainda maior ao ressuscitar o filho da viúva. Neste capítulo, porém, realizou o maior milagre de todos ao salvar essa mulher de seus pecados e ao transformá-la numa nova pessoa. Não há prodígio que se compare ao milagre da salvação, pois ele supre as maiores necessidades, redunda em tudo o que há de mais duradouro (eterno) e exige em pagamento o preço mais alto de todos.
Simão estava cego para a mulher e para si mesmo. Via seu passado, enquanto Jesus via seu futuro. Fico imaginando quantos pecadores rejeitados encontraram a salvação pelo testemunho dessa mulher no Evangelho de Lucas. Ela nos incentiva a crer que Jesus pode transformar qualquer pecador num filho de Deus.
Todavia, o perdão de Deus não é automático; é possível rejeitar sua graça, se assim o desejarmos. Em 1830, um homem chamado George Wilson foi preso por roubar correspondências, infração passível da pena de morte por enforcamento. Algum tempo depois, o presidente Andrew Jackson concedeu o indulto a Wilson, mas ele o recusou! As autoridades ficaram confusas: deveriam libertar ou enforcar Wilson?
Assim, consultaram John Marshall, presidente do Supremo Tribunal, que lhes deu sua decisão: “O indulto é um pedaço de papel, cujo valor é determinado pela aceitação da pessoa a ser perdoada. Caso seja recusado, não é um indulto. George Wilson deve ser enforcado”.
Se ainda não aceitou o perdão de Deus, este é o momento de crer e de ser salvo.