Deuteronômio 6 – 7
Moisés ensinou a verdade de Deus com sabedoria. Primeiramente, recapitulou o que o Senhor havia feito por Israel (Dt 1 – 4) e lembrou o povo da misericórdia e bondade de Deus. Em seguida, reafirmou os princípios fundamentais da lei de Deus (Dt 5 – 6), aquilo que conhecemos como os dez mandamentos (10:4). Nos capítulos 6 e 7, Moisés discutiu os motivos para a obediência e explicou por que o povo devia honrar às leis do Senhor. Seu desejo era que a obediência do povo se baseasse em princípios espirituais e não apenas em opiniões pessoais, e queria também encorajar o povo a ter uma motivação correta. Somente depois de ter lançado os alicerces é que Moisés aplicou os mandamentos de Deus a áreas específicas da vida de Israel.
Deus deu sua lei para edificar as pessoas individualmente bem como a nação coletivamente. De que modo dois milhões de pessoas poderiam viver e trabalhar juntas e, mais ainda, lutar juntas contra o inimigo se não tivessem regras e preceitos para governá-las? A paz cívica de Israel e o bem-estar geral dependiam de o povo respeitar a lei e lhe obedecer. Infelizmente, ao longo dos anos, alguns dos líderes religiosos acrescentaram diversas tradições à lei de Deus, a ponto de o povo sentir que estava sob um jugo insuportável (At 15:10; Gl 5:1).
A lei também tinha como propósito revelar a Deus e trazer o povo para perto dele. Para que Israel fosse um povo santo e um reino de sacerdotes (Êx 19:1-8), era preciso que tivesse uma lei santa para guiar a nação. Sem dúvida Deus estava preocupado com a conduta exterior de Israel, mas também desejava que o povo consagrasse a ele seu coração. Ao ler o Salmo 119, descobrimos o significado da lei de Deus para os israelitas de disposição espiritual e consagrados ao Senhor. Não viam a justiça de Deus como um jugo pesado, mas como mel (v. 103), luz (v. 105), um tesouro (vv. 14, 72, 127, 162), liberdade (v. 45) e fonte de grande alegria (v. 14). Eles se agradavam da lei e meditavam nela (vv. 1 5, 16, 23, 24, 47, 48, 77, 78; ver Sl 1:1 -3). É certo que os dez mandamentos foram gravados em tábuas de pedra, mas o judeu espiritual também tinha a lei guardada em seu coração (Sl 119:10-11).
Um dos temas-chave de Deuteronômio 6 – 7 é a motivação para a obediência. Estes dois capítulos respondem à pergunta: “Por que devemos obedecer à Palavra de Deus em um mundo onde a maior parte das pessoas a ignora ou deliberadamente lhe desobedece?” Moisés explicou quatro motivos fundamentais para a obediência.
1. AMOR PELO SENHOR (Dt 6:1-9)
Moisés já havia enfatizado o amor de Deus por Israel e a importância do amor de Israel por Deus (Dt 4:32-43) e menciona esse tópico várias vezes antes do fim de seu discurso. Se Israel obedecesse ao Senhor, conquistaria o inimigo, possuiria a terra, se multiplicaria na terra e gozaria uma vida longa com a bênção de Deus (Dt 6:1-3). Pelo menos seis vezes, em Deuteronômio, Moisés chama Canaã de “terra que mana leite e mel” (Dt 6:3; 11:9; 26:9, 15; 27:3; 31:20), expressão que descreve a riqueza e a produtividade da região. O leite era um alimento comum, enquanto o mel era um luxo, de modo que “uma terra que mana leite e mel” proveria tudo de que o povo necessitasse. Haveria pastagem adequada para seus rebanhos e plantas suficientes nos campos para as abelhas obterem o pólen. Como seria possível o povo não amar e obedecer a Jeová diante das bênçãos abundantes recebidas dele?
Aliança (v. 3). Havia sempre o perigo de a nova geração tornar-se orgulhosa e achar que Deus os havia abençoado por serem melhores do que as gerações anteriores. Moisés lembrou-os de que todas as suas bênçãos vinham do Senhor em função da aliança dele com Abraão, Isaque e Jacó. Aliás, foi com esse fato que começou seu discurso (Dt 1:8, 21, 35), sendo que voltaria a mencioná-lo mais adiante (Dt 6:10; 9:5, 27; 29:13; 30:20; 34:4; ver também Êx 6:8 e 33:1).
Os cristãos de hoje precisam ser lembrados de que todas as bênçãos nos são concedidas em função da aliança eterna de Deus com seu Filho (Hb 13:20) e da nova aliança que Jesus fez por meio de sua morte sacrificial na cruz (Lc 22:20; 1 Co 11:25; Hb 8 – 9). Não recebemos as bênçãos em razão daquilo que somos por nós mesmos, mas sim por causa daquilo que somos em Cristo (Ef 1:3-14).
Confissão (v. 4). A confissão de fé judaica ortodoxa é chamada de Shema, termo hebraico que significa “ouvir”. Essa confissão ainda é recitada todas as manhãs e no final de cada dia por judeus devotos em todo o mundo, declarando “Jeová, Elohim, Jeová é o único Senhor”(ver Mt 22:37, 38; Mc 12:29, 30; Lc 10:27). Essa confissão é tão importante que os meninos judeus em lares ortodoxos devem aprendê-la assim que começam a falar. As nações ao redor de Israel adoravam a vários deuses e deusas, mas Israel declarava a todos que há somente um verdadeiro Deus vivo, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
Mandamento (v. 5). É possível mandar alguém amar? O amor não é algo misterioso que simplesmente acontece, uma emoção maravilhosa que ou está presente ou não? De acordo com as Escrituras, não é assim. Na vida do cristão, o amor é uma decisão: escolhemos nos relacionar com Deus e com as outras pessoas de maneira amorosa, sem levar em consideração como nos sentimos. O amor cristão significa apenas que tratamos os outros da forma como Deus nos trata. Em seu amor, Deus nos perdoa e é bondoso conosco, de modo que procuramos usar de bondade e de perdão para com os outros (Ef 4:32). Deus deseja o que há de melhor para nós e, assim, desejamos o que há de melhor para os outros, mesmo que isso exija sacrifícios de nossa parte. O amor não é apenas um sentimento extravagante; o amor resulta em ação. “Deus amou […] deu” (Jo 3:16). As virtudes do amor apresentadas em 1 Coríntios 13:4-7 descrevem como tratamos as pessoas e não como nos sentimos em relação a elas.
Comunicação (w. 6-9). Quando ouvimos a Palavra de Deus e a recebemos em nosso coração (1 Ts 2:13), então o Espírito Santo pode usar a verdade para transformar nosso ser interior (2 Co 3:1-3; Jo 1 7:1 7). Deus “escreve” a Palavra em nosso coração para que outros possam lê-la e para que possamos confiar em Cristo. A maneira como vivemos é importante, pois confirma aquilo que dizemos. Não podemos deixar de admirar tamanho respeito pela Palavra de Deus, mas é provável que a ênfase desse mandamento, pelo menos de acordo com Deuteronômio 11:18-21, seja sobre a obediência à Palavra e não sobre uma ordem para usar as Escrituras na testa e no braço. No entanto, concordamos de todo o coração que o povo de Deus deve fazer de seu lar um lugar onde Deus habita, onde as Escrituras são honradas e não onde temos vergonha de nossa fé. Não é necessário transformar cada cômodo numa capela, mas uma Bíblia sobre a mesa e alguns textos bíblicos nas paredes pelo menos servem de testemunho de que pertencemos ao Senhor e desejamos lhe agradar.
2. GRATIDÃO AO SENHOR (Dt 6:10-25)
Moisés estava preparando a nova geração para entrar na terra prometida e para tomar posse dela, e ele sabia que Canaã seria um lugar não apenas de triunfo, mas também de tentação. Quando tivessem conquistado as nações de Canaã, os israelitas herdariam grandes riquezas e seriam tentados a se esquecer do Senhor que tornou possíveis suas vitórias. Outra tentação seria Israel condescender com as nações pagãs a seu redor e não se manter separado como povo do Senhor. (Moisés trata dessa segunda tentação em Dt 7:1-16.)
A maioria das pessoas considera mais fácil lidar com a adversidade do que com a prosperidade (ver Fp 4:10-20), pois a adversidade normalmente nos aproxima de Deus ao buscarmos sua sabedoria e seu auxílio. Quando as coisas estão indo bem, nossa tendência é relaxar nas disciplinas espirituais, deixar de dar o devido valor a nossas bênçãos e esquecer de agradecer a Deus, a fonte de todas as bênçãos. As coisas materiais pelas quais esperamos e pelas quais nos sacrificamos parecem ser muito mais importantes do que os presentes que caem em nossas mãos sem nossa participação.
O privilégio sempre vem acompanhado de responsabilidade, e a responsabilidade de Israel era temer a Jeová e obedecer a ele (Dt 6:13), versículo que Jesus citou quando respondeu à terceira tentação de Satanás (Mt 4:10). Ao cultivar um coração reverente e submisso, teremos uma vontade obediente e sequer iremos querer mencionar o nome de falsos deuses. Israel precisava se lembrar de que a terra pertencia ao Senhor (Lv 25:23) e de que eram apenas seus “inquilinos”. A herança da terra era a dádiva de Deus a seu povo, mas se desobedecessem à aliança, perderiam a terra e suas bênçãos. O Senhor é zeloso com seu povo e não divide com falsos deuses o amor e a adoração daqueles que são seus (Dt 5:8-10; 32:16-26).
Moisés advertiu o povo para não tentar (provar) o Senhor como a geração mais velha havia feito em Massá (Êx 17:1-7). Tentamos o Senhor quando questionamos aberta e in- credulamente sua capacidade ou desafiamos sua autoridade com aquilo que dizemos ou fazemos. Depois de libertar os israelitas do Egito, o Senhor deliberadamente os fez passar por dificuldades para que pudesse ensiná-los a confiar nele. Primeiramente, chegaram ao lugar de águas amargas em Mara e se queixaram em vez de pedir a ajuda de Deus (Êx 15:22-26).
O Senhor prova nossa fé não somente nas grande crises da vida, mas ainda mais nos pequenos acontecimentos inesperados, como o atraso numa viagem, uma interrupção irritante, uma enfermidade súbita ou a perda de uma carteira com documentos. A maneira como reagimos a essas situações indicará o que há em nosso coração, pois aquilo que a vida faz conosco depende daquilo que encontra em nós. Se amamos o Senhor e confiamos nele, deixaremos o problema nas mãos dele e faremos o que ele nos mandar; mas se questionarmos o Senhor e nos rebelarmos porque as coisas não estão de acordo com nossa vontade, correremos o risco de tentá-lo. Um coração grato é uma das melhores garantias contra o perigo de tentar o Senhor. Se temos o hábito de dar graças a Deus por tudo, inclusive pelas experiências dolorosas da vida, então o Espírito Santo encherá nosso coração de amor e de louvor, em vez de Satanás colocar dentro de nós seu veneno amargo. Quantos “Massás” e “Meribás” temos marcado no mapa de nossa jornada de fé?
Sem dúvida, a maior bênção pela qual Israel deveria ter sido grato era sua libertação do Egito (Dt 6:20-25). Em seu discurso de despedida, Moisés referiu-se com frequência a esse milagre e, mais tarde, os profetas fizeram o mesmo. Se Israel tivesse permanecido no Egito, não haveria nação, nem santuário, nem sacerdócio, nem esperança alguma. Porém, o Senhor libertou os israelitas, levou-os à sua terra e cumpriu suas promessas. Hoje, temos a Bíblia e um Salvador porque Moisés conduziu o povo para fora do Egito, acontecimento comemorado anualmente na Páscoa. Os pais israelitas foram ordenados a ensinar a seus filhos o significado da Páscoa e as leis que Deus havia dado a Israel para que a seguinte geração soubesse confiar em Jeová, amá-lo e obedecer a suas leis. Sem o conhecimento do passado, nossos filhos também não terão esperança para o futuro.
A atitude de gratidão é uma arma extraordinária contra a incredulidade, a desobediência, o coração endurecido e o espírito amargurado. “Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts 5:16-18). Em vez de reclamarmos daquilo que não temos, sejamos gratos por aquilo que temos, pois Deus sempre dá o que há de melhor àqueles que deixam a escolha nas mãos dele.
3. SEPARADOS PARA O SENHOR (Dt 7:1-16)
“Eis que é povo que habita só,” disse o ganancioso profeta Balaão sobre Israel, “não será reputado entre as nações” (Nm 23:9). Desde o chamado de Abraão até o êxodo, esperava-se que o povo de Israel fosse separado, não por ser melhor do que as outras nações, mas por ser diferente. Era o povo escolhido de Deus. O Senhor ordenou a Abraão que deixasse Ur dos caldeus e que fosse para a terra que ele lhe mostraria (Gn 11:31 – 12:4), e quando Abraão deixou a terra e foi procurar ajuda no Egito, Deus teve de discipliná-lo (vv. 10-20). Ao longo de sua história, quando Israel manteve-se separado ao obedecer às leis de Deus e ao procurar agradar ao Senhor, foi bem-sucedido em tudo o que fazia. Porém, quando começou a con- descender com outras nações e a adorar seus ídolos, sofreu derrotas e fracassos.
Separação significa segurança (w. 1-6). Nas Escrituras, separação não quer dizer isolamento, pois se os cristãos se isolassem, como poderiam ser “o sal da terra” e “a luz do mundo” (Mt 5:13-16) e falar do Senhor a outros? Os cristãos podem viver afastados do pecado e consagrados ao Senhor e, ainda assim, estar envolvidos nos desafios e atividades normais da vida. Abraão era aliado de alguns de seus vizinhos em Canaã e juntos derrotaram invasores e salvaram o povo de Sodoma e Gomorra (Gn 14).
Separação significa bênção (w. 7-16). Ao escolher Abraão e Sara, Deus usou sua graça soberana. Adoravam ídolos em Ur dos caldeus quando “o Deus da glória” (At 7:1- 3; Js 24:1-3) apareceu a eles. Não tinham filhos e, no entanto, receberam a promessa de que sua descendência seria numerosa como a areia do mar e as estrelas do céu.
O privilégio sempre traz responsabilidades, e a responsabilidade de Israel era obedecer aos mandamentos de Deus, pois assim ele poderia abençoá-los conforme havia prometido. A aliança de Deus é uma aliança de amor, e o Senhor demonstraria seu amor ao abençoá-los, se obedecessem, e ao discipliná-los, se desobedecessem. O Senhor os abençoaria com filhos e netos e aumentaria grandemente sua descendência. Também aumentaria suas colheitas e rebanhos, de modo que teriam o suficiente para se alimentar e o excedente para vender. Por sua obediência, Israel não sofreria as enfermidades terríveis que havia visto no Egito nem as pragas que Deus havia enviado sobre a terra.
Todas essas bênçãos sobre Israel trariam glória ao Senhor. As outras nações veriam a fertilidade da terra e do povo e perguntariam qual era o motivo de tudo aquilo. Então, os israelitas responderiam que eram as bênçãos de Deus para seu povo. Israel teria a oportunidade de falar aos incrédulos sobre Jeová de modo que pudessem crer no verdadeiro Deus vivo. As bênçãos derramadas sobre a nação também dariam aos pais a oportunidade de ensinar a seus filhos sobre a importância de obedecer à Palavra de Deus.5
Essa seção da lei começa com as palavras: “e o S e n h o r […] as tiver dado [as nações] […] para as ferir, totalmente as destruirás” (Dt 7:2) e encerra com a mesma admoestação (v. 16).6 Moisés repetiu essa advertência várias vezes em seu discurso de despedida, pois sabia como seria fácil Israel condescen- der com o inimigo, confraternizar com ele e acabar imitando seus costumes. A maioria dos cristãos de hoje vive em sociedades pluralistas, em nações democráticas, e não tem autoridade para aniquilar todos os que adoram a um falso deus, nem deve desejar tal autoridade. Nossa tarefa é amar aqueles dos quais discordamos e procurar ganhá-los para Cristo. No entanto, ao mesmo tempo, devemos manter uma atitude de separação e não ser contaminados pelas ideias e atividades do mundo perdido (Sl 1:1).
A passagem-chave do Novo Testamento sobre separação encontra-se em 2 Coríntios 6:14 – 7:1. Nela, Paulo salienta que, na separação bíblica, há elementos de afirmação e de negação. Em função daquilo que somos em Cristo – justiça, luz e templo de Deus -, em termos espirituais não temos nada em comum com os incrédulos, que ele descreve como iniquidade, trevas e idólatras. Separação significa apenas viver de acordo com aquilo que somos em Cristo. Se nos separarmos do pecado, Deus poderá nos tratar como filhos obedientes. Ele terá comunhão conosco e nos abençoará. “Purifiquemo-nos” é a parte de negação das coisas do mundo na vida de piedade, mas “aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” é a parte de afirmação da nossa nova identidade, e as duas andam juntas (2 Co 7:1).
Não devemos nos isolar do mundo (1 Co 5:9-13), pois o mundo precisa de nosso testemunho e serviço. Devemos cooperar com pessoas diferentes, em ocasiões diferentes e por diferentes motivos, mas devemos ter cuidado para não comprometer nosso testemunho de Cristo. Fazemos algumas coisas para o bem da humanidade e outras porque somos cidadãos ou empregados. Mas devemos realizar todas as nossas atividades para a glória de Deus (vv. 19, 20).
4. PROMESSAS DO SENHOR (Dt 7:17-26)
O primeiro motivo que Moisés citou para a obediência de Israel é o amor pelo Senhor (Dt 6:1-9), pois o amor é o maior motivo da vida. “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14:15). O segundo motivo é a gratidão (Dt 6:10-25), pois demonstrar gratidão é uma das formas de expressar amor. Não devemos jamais nos esquecer do que o Senhor tem feito por nós. O terceiro motivo é a separação do pecado e a consagração ao Senhor (Dt 7:1-16), pois desejamos viver de acordo com tudo o que Deus nos chamou para ser. Ele nos chamou para ser uma nação santa, um povo escolhido, um povo para glorificar o nome dele, e não poderemos cumprir nenhum desses chamados tão nobres sem nos separarmos daquilo que é perverso e sem nos apegarmos ao Senhor.
Contudo, esses três motivos dependem da fé nas promessas de Deus: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11:6). Israel não estava agindo em função daquilo que o mundo chama de “fé cega”, uma vez que tinha as promessas da aliança de Deus para encorajá-lo e um longo histórico da experiência do cuidado de Deus para dar-lhe segurança. O povo de Deus não vive de explicações, mas sim de promessas. No final de sua vida, Josué lembrou aos israelitas: “E vós bem sabeis de todo o vosso coração e de toda a vossa alma que nem uma só promessa caiu de todas as boas palavras que falou de vós o S e n h o r, vosso Deus; todas vos sobrevieram, nem uma delas falhou” (Js 23:14).
Deus foi fiel no passado (w. 17-19). A geração mais velha não creu que a vitória era possível em Canaã (Nm 13 – 14), de modo que rebelou-se contra Deus e acabou morrendo no deserto. A nova geração, porém, não deveria ter encontrado dificuldade em crer nas promessas de Deus depois de tudo o que o Senhor havia feito por seu povo. O Senhor derrotou o Faraó e humilhou todos os deuses e deusas do Egito. O Senhor também ajudou Israel a derrotar os midianitas, Seom, rei de Hesbom, e Ogue, rei de Basã. Permitiu que as tribos de Rúben, Gade e Manassés se assentassem a oeste do Jordão, enquanto os homens dessas tribos se preparavam para marchar até Canaã e tomar a terra. Desde que Israel havia chegado à região do Jordão, nenhuma nação havia conseguido resistir ao povo de Deus, pois Israel confiava no Senhor. O mesmo Deus que deu a vitória no Egito e no território a leste do Jordão também poderia dar a vitória na terra de Canaã.
Deus iria adiante de Israel (w. 20,21). O terror do Senhor foi adiante de Israel, enchendo de medo o coração do povo de Canaã (Js 2:11; Êx 15:16). A notícia da derrota do Egito, da separação das águas do mar Vermelho e do extermínio das nações a leste do Jordão paralisou até os mais fortes em Canaã. Não há consenso entre os estudiosos da Bíblia sobre o significado de “vespões” em Deuteronômio 7:20 (Êx 23:27-30; Js 24:12), mas é provável que fosse o inseto conhecido por seus ferrões e que voava em enxames sobre a terra atacando as pessoas.
O intérprete britânico, G. Campbell Morgan, conta de sua visita a algumas irmãs idosas quando era um jovem pastor e lembra-se de ter lido Mateus 28:18-20 para elas. A oração: “Eis que estou convosco todos os dias” chamou a atenção de Morgan e ele comentou: “Que promessa maravilhosa!” Uma das senhoras respondeu: “Meu rapaz, não é uma promessa – é uma realidade!” Como ela estava certa! “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (Sl 46:7, 11).
Deus tinha o momento certo para cada etapa da conquista (w. 22, 23). Obedecer ao Senhor significa fazer a coisa certa, da maneira certa, no tempo certo e pelo motivo certo, que é a glória de Deus. “Não sejais como o cavalo ou a mula” (Sl 32:9), advertiu Davi, pois o cavalo se precipita e corre adiante e a mula empaca e fica para trás. Deus tem um tempo para todas as coisas (Ec 3:1-8), e durante seu ministério aqui na Terra, Jesus seguiu um cronograma divino (Jo 11:9; 2:4; 7:6, 8, 30; 8:20; 12:23; 13:1; 17:1). Feliz é o cristão que pode dizer com honestidade: “Nas tuas mãos, estão os meus dias” (SI 31:15).
Deus esperava que a nação lhe obedecesse (vv. 23-26). “A fé sem obras é morta” (Tg 2:14-20), pois a verdadeira fé sempre leva à obediência. “Pela fé, Abraão […] obedeceu” (Hb 11:8). As pessoas podem falar sobre a fé, analisá-la e procurar explicá-la, mas, até que façam o que Deus ordena, não terão entendido do que se trata.
É bom que, ocasionalmente, o povo de Deus pare e pergunte: qual a motivação por trás daquilo que fazemos? Agradar a nós mesmos, aos outros ou impressionar o mundo? Estamos fazendo a vontade de Deus só por interesse em suas bênçãos ou estamos “fazendo, de coração, a vontade de Deus” (Ef 6:6), porque o amamos? Obedecer a Deus só para evitar o castigo e receber a bênção é uma motivação egoísta que segue a filosofia de Satanás (Jó 1 – 2), mas se obedecermos a Deus por amor, isso agrada o coração do Senhor, e ele nos dá o que é melhor e o que traz mais glória para ele.
Assim como Israel na Antiguidade, a Igreja de hoje deve avançar pela fé, conquistar o inimigo e tomar posse de novos territórios para o Senhor (Ef 6:10-18; 2 Co 2:14-17). Porém, ao contrário de Israel, usamos armas espirituais e não humanas, à medida que, pela fé, transpomos as muralhas de resistência que Satanás colocou na mente dos pecadores (Jo 18:36; 2 Co 10:1-6; Ef 6:17; Hb 4:12). A igreja apostólica não tinha templos, orçamentos (At 3:6), diplomas acadêmicos (At 4:13) nem influência política, mas dependia da Palavra de Deus e da oração (At 6:4), e Deus lhes deu grande vitória. Será que ele não pode fazer o mesmo por seu povo nos dias de hoje? Jesus venceu o mundo e o diabo (Jo 12:31; 16:33; Ef 1:19-21; Cl 1:13; 2:15). Portanto, podemos lutar já de posse da vitória, em vez de apenas buscar a vitória. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8:31).
Adapt. Eli Vieira
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