O Desafio de Seguir a Jesus
(Mc 8.34– 38)
Nos dias da Segunda Guerra Mundial, em seu discurso inaugural como primeiro-ministro do Reino Unido, proferido em 13 de maio de 1940, o Sir Winston Churchill disse: “Direi à Câmara o mesmo, que disse aos que entraram para este Governo: «Só tenho para oferecer sangue, trabalho, lágrimas e suor».
Jesus exige dos seus seguidores espírito de renúncia e sacrifício. Jesus nunca tratou de subornar os homens oferecendo-lhes um caminho fácil. Não lhes ofereceu amenidades, ofereceu-lhes glória. Nos dias da Segunda Guerra Mundial, quando Sir Winston Churchill liderou a Inglaterra, tudo o que ele ofereceu aos ingleses foi sangue, suor e lágrimas.
O discipulado é uma proposta oferecida a todos indistintamente (8.34). Jesus dirige-se não apenas aos discípulos, mas também à multidão. O discipulado não é apenas para uma elite espiritual, mas para todos quantos quiserem seguir a Cristo. William Hendriksen diz que Jesus chama para si a multidão porque a fervorosa exortação que se segue é importante a todos; aliás, é uma questão de vida ou morte, de vida eterna em oposição à morte eterna para todas as pessoas.
Jesus só tem uma espécie de seguidor: discípulos. Ele ordenou a sua Igreja a fazer discípulos e não admiradores. O discipulado é o mais fascinante projeto de vida. Há alguns aspectos importantes a serem destacados:
EM PRIMEIRO LUGAR, O DISCIPULADO É UM CONVITE PESSOAL (8.34). Jesus começa com uma chamada condicional: “Se alguém quer”. A soberania de Deus não violenta a vontade humana. É preciso existir uma predisposição para seguir a Cristo.
Muitos querem apenas o glamour do evangelho, mas não a cruz. Querem os milagres, mas não a renúncia. Querem prosperidade e saúde, mas não arrependimento. Querem o paraíso na terra e não a bem-aventurança no céu. Jesus falou que o homem que vai construir uma torre sem calcular o custo ou o general que vai a uma guerra sem avaliar com quantos soldados deve contar é uma pessoa tola. Precisamos calcular o preço do discipulado. Ele não é barato.
EM SEGUNDO LUGAR, O DISCIPULADO É UM CONVITE PARA UMA RELAÇÃO PESSOAL COM JESUS (8.34). Ser discípulo não é ser um admirador de Cristo, mas um seguidor.
Um discípulo segue as pegadas de Cristo. Assim como Cristo escolheu o caminho da cruz, o discípulo precisa seguir a Cristo não para o sucesso, mas para o calvário. Não há coroa sem cruz, nem céu sem renúncia.
Ser discípulo não é abraçar simplesmente uma doutrina, é seguir uma pessoa. É seguir a Cristo para o caminho da morte. “Vir após mim” é o ligar-se a Cristo, como seu discípulo.655
EM TERCEIRO LUGAR, O DISCIPULADO É UM CONVITE PARA UMA RENÚNCIA RADICAL (8.34). Cristo nos chama não para a afirmação do eu, mas para sua renúncia.
Precisamos depor as armas, antes de seguir a Cristo. Precisamos abdicar do nosso orgulho, soberba, presunção e autoconfiança antes de seguirmos as pegadas de Jesus. Entrementes, negar-se a si mesmo não equivale à aniquilação pessoal. Não se trata de anular-se, mas de servir.
EM QUARTO LUGAR, O DISCIPULADO É UM CONVITE PARA MORRER (8.34). Tomar a cruz é abraçar a morte, é seguir para o cadafalso, é escolher a vereda do sacrifício. A cruz era um instrumento de morte vergonhoso. “Era necessário que […] sofresse muitas coisas, fosse rejeitado” (8.31).
A cruz não é apenas um emblema ou um símbolo cristão, mas um instrumento de morte. Lucas fala de tomar a cruz dia a dia. Somos entregues à morte diariamente. Somos levados como ovelhas para o matadouro. Estamos carimbados para morrer. Essa cruz não é uma doença, um inimigo, uma fraqueza, uma dor, um filho rebelde, um casamento infeliz. Os monges viram nessa cruz a exigência da flagelação e da renúncia ao casamento.
Essa cruz fala da nossa disposição de morrer para nós mesmos, para os prazeres e deleites. É considerar-se morto para o pecado e andar com um atestado de óbito no bolso.
EM QUINTO LUGAR, O SEGUIR A JESUS É UM CONVITE PARA UMA CAMINHADA DINÂMICA COM CRISTO (8.34). Seguir a Cristo é algo sublime e dinâmico. Esse desafio nos é exigido todos os dias, em nossas escolhas, decisões, propósitos, sonhos e realizações. Seguir a Cristo é imitá-lo. É fazer o que Ele faria em nosso lugar. É amar o que Ele ama e aborrecer o que Ele aborrece. É viver a vida na sua perspectiva.
William Hendriksen disse: Aqui, o sentido de seguir a Cristo é o de confiar nele (Jo 3.16), caminhar em seus passos (1Pe 2.21) e obedecer ao seu comando (Jo 15.14), por gratidão pela salvação nele (Ef 4.32–5.1).
Paulo reafirmou esse processo de conformar-se com Cristo na sua morte (Fp 3.10). Ele sabia que não se pode ter Jesus no coração sem carregar uma cruz nas costas.
Portanto, se você quer ser um verdadeiro discípulo de Cristo, você precisa aceitar convite dele, renunciar o pecado, ser uma testemunha de Jesus e viver uma vida sublime e dinâmica. Isto é, seguir a Jesus é o mais fascinante projeto de vida.
Rev. Hernandes Dias Lopes