Neste breve sumário iremos ver os fatos relacionados com o nascimento de Jesus. Eles estão ausentes no Evangelho de Marcos, pois o autor está muito mais interessado em narrar os atos de Jesus como o poderoso Filho de Deus. Por outro lado, Mateus e Lucas registraram alguns episódios relacionados com o nascimento e a infância de Jesus. Vejamos cinco desses episódios.
I – A ANUNCIAÇÃO A MARIA, Lc 1.26-38; Mt 1.18-25.
Maria era uma moça judia, virgem, que morava em Nazaré da Galileia, região mais ao norte da Judeia. Ela era da tribo de Judá e estava noiva de José, um carpinteiro também da mesma tribo. Certo dia, o anjo Gabriel lhe apareceu e anunciou que ela teria um filho. Ele seria gerado pelo Espírito Santo no seu ventre, sem participação humana. Ele seria o Filho de Deus e seu nome seria Jesus.
Maria anunciou sua gravidez sobrenatural a José, que não acreditou nela. Ele, então, planejou abandoná-la em segredo, para evitar ter que denunciá-la por adultério. Porém, o mesmo anjo Gabriel também lhe apareceu e anunciou que Maria estava grávida pelo Espírito Santo, e que José a recebesse como sua esposa. O anjo ratificou que o nome do menino seria Jesus, que ele seria o Filho de Deus e que salvaria o seu povo dos pecados deles. Em hebraico, a raiz da palavra “Jesus” significa “salvar” ou “salvador”. José então recebe Maria como sua esposa, mas eles só terão relações após ela dar à luz o seu filho primogênito.
II – O NASCIMENTO DE JESUS EM BELÉM DA JUDEIA, Lc 2.1-20
Vários meses após a anunciação, José e Maria vão para Belém da Judeia para atender a ordem do recenseamento do imperador César Augusto. Na cidade, chega a hora de Maria dar à luz, mas não há lugar nas hospedarias. Ela, então, dá à luz o seu filho numa estrebaria, colocando-o numa manjedoura.
Um coro de anjos aparece a pastores que estão no campo, nas vigílias da noite. Provavelmente era uma noite agradável entre abril e julho (primavera), e não em dezembro, conforme a tradição cristã. Após anunciar o nascimento do Messias em Belém, os anjos entoam um coro celestial de louvor e adoração a Deus e retornam para o céu.
Os pastores vão até Belém para ver o que havia acontecido e ali encontram José, Maria e o menino recém-nascido, conforme anunciado. E então voltam para casa louvando a Deus por tudo o que viram. Aparentemente, José e Maria ficaram ainda cerca de dois anos ali na cidade de Belém.
III – A INICIAÇÃO DE JESUS COMO MENINO JUDEU, Lc 2.21-40
Quando Jesus completou oito dias, foi circuncidado, provavelmente em Belém, por seu pai ou pelos rabinos da cidade. A circuncisão era o sinal da aliança de Deus com o povo de Israel e era aplicada a todo os meninos de oito dias.
A Lei de Moisés requeria um sacrifício pela purificação da mulher 40 dias após ter dado à luz. José e Maria foram com Jesus a Jerusalém para cumprir a exigência e apresentar o menino no templo. Como eles eram pobres e não podiam oferecer ovelhas, ofereceram um casal de pombinhos. Enquanto estavam no templo, um judeu piedoso chamado Simeão e uma profetisa chamada Ana profetizaram acerca do ministério de Jesus e de sua morte. Após esses fatos, José e Maria voltaram para Belém com Jesus.
IV – A VISITA DOS MAGOS, Mt 2.1-23
Cerca de dois anos depois do nascimento de Jesus, apareceram magos do Oriente em Jerusalém perguntando pelo Messias. Não sabemos seus nomes, não sabemos quantos eram e nem se eram reis. Eles disseram que tinham visto uma nova estrela do céu e interpretaram que tal fenômeno indicava o nascimento do futuro rei dos judeus.
Provavelmente esses magos tinham sido influenciados por tradições judaicas do tempo em que Daniel vivera na Babilônia e fora o chefe dos magos caldeus (Dn 2.48). Herodes, o rei dos judeus, tomou conhecimento da chegada deles em Jerusalém e tentou obter informações sobre o tempo decorrido desde a aparição da estrela. Também se informou com os mestres da Lei sobre o local do nascimento do Messias. Ele tentou enganar os magos porque queria matar o menino, que ele passou a ver como seu rival.
Os magos foram guiados pela estrela até Belém, onde encontraram José, Maria e o menino Jesus em sua casa. Notemos que eles não estavam mais numa estrebaria e nem Jesus numa manjedoura. Os famosos “presépios” que mostram Jesus sendo adorado por três reis magos na estrebaria, cercados de animais, são baseados em relatos apócrifos e na religiosidade popular.
Os magos adoraram o menino e lhe deram ofertas: ouro, incenso e mirra (uma resina aromática cara, feita da seiva de certos arbustos). Então regressaram para seu país, sem informar Herodes do paradeiro do Messias. Furioso, o cruel soberano mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e nas cidades vizinhas, na expectativa de que o menino Jesus estivesse entre eles. Porém, avisados por um anjo, José e Maria fugiram com Jesus para o Egito.
Todos os meninos menores de dois anos daquela região foram mortos pelo perverso Herodes, trazendo grande choro em Belém e arredores. José, Maria e Jesus permaneceram no Egito até a morte de Herodes e então voltaram para morar na cidade de Nazaré, na Galileia, que era a cidade de José e Maria.
V – A INFÂNCIA DE JESUS E SUA CONVERSA COM OS DOUTORES NO TEMPLO, Lc 2.41-52
Jesus cresceu em Nazaré da Galileia. Lá passou sua infância, adolescência, mocidade e início da vida adulta. José e Maria tiveram filhos depois de Jesus. Seus nomes são Tiago, José, Judas e Simão. Tiveram também filhas, cujos nomes não sabemos (cf. Mc 6.1-4). Jesus aprendeu a profissão do seu pai e era carpinteiro (veja “o carpinteiro”, Mc 6.3).
Aos doze anos, Jesus foi ao templo com seus pais para uma das festas religiosas dos judeus. Era costume dos judeus levar os filhos de doze anos para a iniciação à vida adulta no templo (atualmente, bar mitzvah aos 13 anos, “filho do mandamento”). Quando retornavam para casa, José e Maria deram pela falta de Jesus. Ele havia ficado no templo discutindo com os doutores acerca de questões da Lei de Moisés. Ao ser repreendido pelos pais, respondeu que estava cuidando das coisas do seu Pai celestial, resposta que Maria guardou no coração. Depois disso, voltou para casa com seus pais e cresceu como um menino obediente, cheio de graça e de santidade.
Nada mais sabemos sobre a infância de Jesus e nem sobre sua vida até ele aparecer no rio Jordão, aos 30 anos de idade, para ser batizado por João Batista. Muitos relatos espúrios, chamados de “evangelhos apócrifos”, tentam preencher essa lacuna com histórias fantasiosas acerca do menino Jesus. Alguns estudiosos sugerem que Jesus foi aprender artes mágicas na Índia ou no Egito, ou ainda que viveu entre a seita dos essênios às margens do Mar Morto. Nenhuma dessas histórias ou hipóteses tem qualquer fundamento bíblico. O que sabemos ao certo sobre Jesus está somente nos Evangelhos: Ele cresceu em Nazaré junto com sua família e se tornou carpinteiro como seu pai.
QUE PODEMOS APRENDER DESSES EPISÓDIOS?
Jesus era o Filho de Deus, gerado no ventre de Maria pelo Espírito Santo
“O Verbo se fez carne” (Jo 1.14)
Era necessário que o Filho de Deus se tornasse verdadeiramente humano, para que pudesse nos representar e morrer por nós. Ele não tinha pecado, nasceu sem pecado original. Era ao mesmo tempo Deus e homem. Somente alguém assim poderia realizar a obra da redenção do povo de Deus dos seus pecados.
Como homem, Jesus submeteu-se à lei de Deus em vigor em sua época
Ele se submeteu à circuncisão e às leis cerimoniais de purificação, bem como à tradição judaica da apresentação no templo. Embora sendo Deus, humilhou-se e nasceu “sob a lei” (Gl 4.4). Notemos também que, em sua perfeita humanidade, Jesus cedo teve consciência de que era o Filho de Deus, conforme se referiu a Deus como “meu Pai”, ao ser repreendido por José e Maria por ter ficado no templo. Ele cresceu ali na Galileia, como uma criança normal, aguardando o tempo de se manifestar a Israel.
A natividade foi o cumprimento de profecias
O nascimento de Jesus e os fatos que se seguiram representaram o cumprimento de várias profecias, desde o lugar onde nasceria até sua saída do Egito de volta para casa. Esses fatos confirmam as Escrituras como a inerrante e infalível Palavra de Deus e nos asseguram que Deus igualmente cumprirá as profecias que ainda restam cumprir-se acerca do seu Filho, sendo a maior de todas a sua segunda vinda.
PARA REFLETIR
O amor de Cristo por seu povo é tão grande que Ele se humilhou e nasceu como filho de um casal pobre da região mais desprezada da Judeia.
Jesus Cristo participa da nossa humanidade e assim nos entende e socorre perfeitamente. É um erro enfatizar a divindade de Cristo em detrimento de sua humanidade.
Postado por Augustus Nicodemus Lopes.
Fonte: Tempora! Mores!