O PODER DA COMUNICAÇÃO
“… todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1.19)
A Epístola de Tiago é considerada o livro de Provérbios do Novo Testamento. A carta é prática e tange os assuntos mais importantes da vida. No texto em epígrafe, Tiago oferece três princípios fundamentais de comunicação. Vejamos:
Em primeiro lugar, a prontidão para ouvir. Fomos feitos para ouvir mais e falar menos. Temos duas conchas acústicas externas e apenas uma língua amuralhada de dentes. Precisamos ouvir mais e falar menos. A palavra “pronto”, na língua grega, é taxis, de um vem a nossa palavra portuguesa “taxi”. Um taxi é um carro de serviço que lhe atende quando você chama. Com essa prontidão devemos ouvir. Não escutamos apenas com os ouvidos, mas, também, com os olhos, dedicando ao interlocutor, plena atenção. Embora, a sociedade tenha avançado de forma colossal na área da comunicação, multiplicando e incrementando os meios de informação, estamos recuando na área dos relacionamentos interpessoais. Somos uma geração de gente conectada nas redes sociais, mas, ao mesmo tempo, estamos sacrificando os relacionamentos reais. Gastamos tempo demais fazendo conexões com quem não conhecemos e perdemos o vínculo com quem vive conosco ou mora do nosso lado. Aprender a ouvir é o segredo de uma boa comunicação. Investir nos relacionamentos é a chave da boa comunicação. Se quisermos ter amigos, precisamos ser amigos. Se quisermos ser ouvidos, precisamos ouvir.
Em segundo lugar, a cautela no falar. Se devemos estar prontos para ouvir, devemos ser tardios para falar. A palavra falada é como uma flecha lançada, não volta mais. Nossas palavras devem ser poucas e prudentes. Devemos passá-las pelo filtro da verdade. Devemos falar apenas o que for útil para a edificação. Nossos lábios devem destilar o néctar da bondade e não o fel da intriga. Nossa boca deve ser fonte de consolo e não um instrumento de contenda. A língua tem o poder de dirigir como o freio de um cavalo ou como o leme de um navio. Podemos, com ela, conduzir nossa vida em segurança ou provocar grandes desastres. Nossa língua tem o poder de destruir ou edificar. É como um veneno letal ou como um fogo devastador. A língua, embora seja um pequeno órgão, dirige todo o corpo. É, também, indomável. O homem, com seu gênio, doma as aves dos céus, os animais do campo e os peixes do mar. Porém, não consegue domar sua própria língua. A Escritura diz que a morte e a vida estão no poder da língua (Pv 18.21). Nossas palavras devem ser medicina para a alma e não veneno mortal.
Em terceiro lugar, o cuidado para não se irar. A ira é uma reação natural a tudo aquilo que nos atinge e nos fere. É útil e até necessária. Não podemos ser neutros ou indiferentes às clamorosas injustiças que erguem sua fronte à nossa volta. A ordem divina, portanto, é irar e não pecar. Há dois perigos quanto à ira que precisamos evitar. O primeiro deles é a explosão da ira. Há pessoas temperamentais que perdem o controle de si mesmas e machucam as pessoas à sua volta. São explosivas e jogam estilhaços para todos os lados, ferindo as pessoas. O segundo perigo é o congelamento da ira. Nesse caso, a pessoa não explode, mas armazena a ira. Torna-se um vulcão. Aparentemente está tudo calmo, mas há um fogo latente, que a qualquer momento, pode vazar e lançar suas lavas esbraseadas e arruinar tudo à sua volta. A comunicação harmoniosa é vital para termos relacionamentos saudáveis que glorificam a Deus e promovem a paz.
Rev. Hernandes Dias Lopes
Fonte: LPC