QUEM É DO SENHOR? O Zelo dos Levitas – Êxodo 32.25-29

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Esboço de Sermão

Ex. 32.25-29

INTRODUÇÃO

Conta-se que Luis rei da França tinha muitos vassalos, que também eram vassalos do rei da Inglaterra, e que surgiram muitas questões sutis e difíceis quanto a extensão do serviço que eles prestavam a esses reis. A final, o rei Francês ordenou a todos os nobres que tinham terras em território inglês que comparecessem a sua presença, e então lhes declarou: COMO É POSSÍVEL A QUALQUER HOMEM QUE VIVE EM MEU REINO, E TEM POSSESSÕES NA INGLATERRA, SERVIR CORRETAMENTE A DOIS SENHORES, DEVEIS VINCULAR-VOS TOTALMENTE A MIM OU ENTÃO INSEPARAVELMENTE AO REI DA INGLATERRA”. Então concedeu-lhes determinado prazo para fazerem a escolha(1).

 Em fevereiro de 1879, na igreja da Santa Trindade, na Filadélfia, o conhecido clérigo anglicano, Phillips Brooks, apresentou uma série de preleções publicadas posteriormente com o título The Influence of Jesus. Na terceira preleção, fez a seguinte declaração:

Ser um verdadeiro ministro para os homens significa ter sempre nova felicidade e novo sofrimento, sendo que ambos são interdependentes e desenvolvem uma união cada vez mais próxima e indissolúvel, à medida que o ministério torna-se cada vez mais espiritual. É impossível ao homem que se dedica inteiramente a outros seres humanos ser de todo triste, assim como também não pode ter alegria desanuviada.

Nos capítulos a seguir, vemos esse princípio ilustrado de maneira clara na vida de Moisés. O prazer de seu relacionamento com Deus no alto da montanha foi interrompido por uma profunda decepção com seu povo. Foi uma das experiências mais sofridas de toda a sua carreira e, no entanto, mostrou o que havia de melhor dentro dele – o que sempre acontece quando amamos a Deus e vivemos pela fé.

Em Êxodo 32 narra a desobediência dos filhos Israel ao farem um bezerro de ouro enquanto Moisés estava no monte recebendo as tábuas do Testemunho. Tábuas de pedras escritas pelo dedo de Deus (Êx. 31.18).

  1. A culpa : o povo d e Deus transgride a lei (Êx 32:1 – 3 3 :1 1 ) Pelo menos três vezes, durante os meses no Sinai, o povo de Israel prometeu obedecer a tudo o que Deus lhes ordenasse (Êx 19:8; 24:3, 7; ver 20:1 9). O Senhor sabia que não estavam dispostos a cumprir suas promessas de todo coração (Dt 5:28, 29), e o trágico episódio do bezerro de ouro mostrou como Deus tinha razão.

A grande disciplina (32:15 – 33:11). Em sua graça, Deus perdoa nossos pecados, mas, em sua soberania, permite que o pecado traga suas terríveis consequências. Colhemos aquilo que semeamos (Gl 6:7, 8). No caso de Davi, por exemplo, Deus perdoou o pecado do rei, mas advertiu-o de que a espada jamais se apartaria da casa dele (2 Sm 12:1-14), e foi exatamente o que aconteceu. Como é triste colher as conseqüências do pecado! Moisés disciplinou o povo (32:15-29). Ao descer da montanha, Moisés pediu a Josué que o acompanhasse (Êx 24:12, 13). Um dia, Josué ficaria no lugar de Moisés, de modo que precisava aprender a lidar com essas questões difíceis. Moisés estava irado (Êx 32:19, 22), mas era uma ira temperada pelo amor, o que na verdade é a angústia. Seu ato de quebrar as tábuas de pedra foi simbólico: Israel havia quebrado a aliança e teria de enfrentar a disciplina. Contudo, antes de tratar com o povo, Moisés confrontou Arão, pois o privilégio da liderança traz consigo tanto a responsabilidade quanto a prestação de contas. De acordo com o evangelista Billy Sunday, “uma desculpa é o invólucro de uma razão recheado com uma mentira”, e as desculpas esfarrapadas de Arão não convenceram Moisés.

Então, Moisés voltou-se para o povo e perguntou: “Quem é do S e n h o r ?” (ver Js 24:15 e 1 Rs 18:21). Com isso, deu a Israel a oportunidade de arrepender-se e de reafirmar seu compromisso com o Senhor, mas somente os levitas responderam ao chamado. Sem levar em consideração os laços de família e de amizade (Mt 10:34-39; Lc 14:26, 27), os levitas demonstraram grande coragem ao matar todos os que haviam se envolvido com a orgia, cerca de três mil homens. Séculos depois, Paulo usou esse acontecimento, dentre outros, para advertir os cristãos sobre a rebeldia contra Deus (1 Co 10:1-12).

Em seguida, Moisés destruiu o vergonhoso bezerro de ouro queimando-o (é possível que fosse feito de madeira revestida com ouro), moeu o ouro até virar pó, jogou o pó num ribeiro que havia ali perto (Êx 17:1-7) e fez o povo beber daquela água (Dt 9:21).5

Com isso, destruiu totalmente o ídolo e, também, forçou o povo a identificar-se com seus terríveis pecados. Moisés voltou para o Senhor no monte Sinai, onde, durante mais quarenta dias e quarenta noites, jejuou e orou por seu povo (Êx 32:30-34; 34:28; Dt 9:18-20). Disse a Deus que estava disposto a morrer, se isso significasse que os israelitas viveriam, mas Deus rejeitou sua oferta.6

 O Senhor garantiu a Moisés que seu Anjo iria adiante dele e que Moisés continuaria a liderar o povo como antes. No entanto, Deus iria castigá-los a seu modo e a seu tempo. Se os israelitas soubessem tudo o que Moisés suportou por amor a eles, talvez o tivessem valorizado mais, porém esse é o preço a ser pago pela liderança espiritual fiel(2).

Quando Moisés desceu contemplou com grande tristeza a desobediência do seu povo, então, ele faz uma convocação urgente para que tal mal fosse eliminado do meio do povo de Israel, QUEM É DO SENHOR VENHA A MIM. E mandou matar os idólatras.

 1-NÃO PODE FICAR NEUTRO

            Todo verdadeiro homem de Deus deve ser decidido, pois no presente está em andamento um grandioso combate, e a maldição cairá sobre os neutros.

O servo de deus deve apresentar-se e tomar posição: “ QUEM É DO SENHOR VENHA ATÉ MIM”.

            Deve confessar sua lealdade abertamente – “Consagrai-vos ao Senhor” v.29

  • Isso fazemos pela nossa união pública a igreja;

  • Por censurar ousadamente o pecado;

  • Ao testificar a favor da verdade;

  • Não nos conformando com o mundo;

  • E por nos conformarmos com Cristo nosso Senhor

Josué também ao convocar o povo o desafiou a tomar uma posição, conforme podemos ver em Josué capítulo 24. 14-15.

Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais além do rio e no Egito, e servi ao Senhor.

Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor ( Josué 24:14,15).

Como Paulo escreveu a Igreja de Corinto: II Cor  8:5 “…DERAM-SE A SI MESMOS PRIMEIRO AO SENHOR”

Diz-se que é um “ATANÁSIO CONTRA O MUNDO” a pessoa que sustenta opiniões contra os poderosos ou as grandes maiorias. Tal teria sido a atitude de Atanásio, patriarca de Alexandria e doutor da igreja que viveu entre os anos 296 e 373 da era cristã. Como diácono participou do concílio de Nicéia, que condenou como herética a doutrina de Ario, eclesiástico grego, segundo o qual Cristo devia ser cultuado como uma divindade secundária, e não como parte da Trindade.

Mais tarde, quando Ário caiu nas graças do imperador Constantino, Atanásio – então bispo de Alexandria – recusou-se a cumprir as ordens imperiais no sentido de reintegrá-lo nas funções sacerdotais. Por causa de suas posições Atanásio foi exilado três vezes, mais nunca abriu mãos dos seus pontos de vista, por maiores que fossem as perseguições e os castigos, tendo sido “fiel até a morte”.

            Mesmo que venhamos ficar do lado da minoria como disse Eleonor Doan: “É HUMANO FICARMOS DO LADO DA MULTIDÃO, É DIVINO PERMANECER SOZINHO”.

2-DEVE LUTAR POR CAUSAS NOBRES

Não pode ficar tímido, com medo, mas precisa entrar na batalha.Devem tornar-se agressivos contra o mal, o erro, etc.

“CADA UM SINJA A SUA ESPADA SOBRE O LADO”  V. 27

            A causa deles era a causa da justiça e da verdade. Uma boa causa é alicerce firme, um poderoso estímulo de bravura:

Alguém já disse: “TRÊS VEZES ARMADO ESTÁ AQUELE CUJA CAUSA É JUSTA NÃO TEME PROSSEGUE NA LUTA. A VERDADE PREVALECE”.

No séc. XVI Lutero lutou em favor da Palavra de Deus e do Deus da Palavra. E Você tem lutado pela verdade, pelo evangelho de Cristo, para que seus princípios possam ser implantados em nossa nação?

Podemos ver a luta de Lutero na Dieta de Worms (Uma assembleia do sacro império Germânico Romano realizada em Worms, que na época era uma cidade livre do império. A dieta se reuniu de 28 de janeiro até 26 de maio de 1521 so a presidência do imperador Carlos V.

  1. O DISCURSO DE LUTERO NA DIETA DE WORMES

Por volta das 16 horas do dia seguinte, 18 de abril de 1521, Lutero foi novamente levado ao palácio episcopal. Teve que esperar duas horas até ser levado à presença do Imperador e dos Príncipes. As 18 horas foi introduzido na sala iluminada por tochas. A sala era outra, maior, pois a do dia anterior não tinha condições de abrigar todos os nobres que se faziam presentes. Alguns deles já lá se encontravam desde às 10 horas da manhã, para garantir um lugar (25).

O oficial do arcebispo de Tréveres renovou a pergunta do dia anterior. Um cronista nos diz que o ¨D. Martinus respondeu tanto em latim como em alemão, se bem que com humildade, suave e comedidamente, sem, no entanto, deixar de lado o ardor e a firmeza cristãs e de tal maneira que seus adversários ficaram a desejar que seu discurso e seu espírito fossem mais deprimidos. Com mais avidez, no entanto, aguardavam a revogação…¨ (26). O que veio foi um discurso, classificado por Peter Meinhold de ¨primeira confissão evangélica ante o mundo¨ (27). Nele, Lutero diz ter produzido três espécies de escritos. Escritos que tratam da fé e dos costumes e contra os quais mesmo os adversários nada têm a objetar. Esses escritos não podem ser revogados. Em segundo lugar, produziu escritos contra o papado. Neles ataca a tirania papal que com suas leis oprime as consciências e que se apropriou dos bens e das propriedades dos cidadãos, especialmente no Reino Alemão. Revogar essas acusações seria fortalecer a tirania papal, permitindo que oprimisse ainda mais o povo, o que ainda teria aparente sanção do Imperador e do Reino que estariam a exigir a revogação de Lutero. Em terceiro lugar, ele teria produzido escritos contra indivíduos que apoiavam a tirania papal e impediam a pregação da Palavra. Neles Lutero reconhece ter sido violento, além do que convinha a um monge. No entanto, não pode revogar nada do que escreveu, pois estaria beneficiando a tirania papal e negando a doutrina de Cristo.

Numa visão quase que profética, antecipando temas da discussão que se seguiria através dos tempos, Lutero apresenta dois argumentos que poderiam ser levantados contra esse seu posicionamento irrevogável: 1) Ele é um indivíduo capaz de erros, que se volta sozinho contra um mundo de pessoas doutas e de doutrinas que se desenvolveram através dos séculos. 2) Seu posicionamento corre o risco de significar cisão para a Alemanha. Isso é, nesses dois argumentos, Lutero cita os temas da tradição e da unidade cultural que estaria rompendo. — O próprio Lutero responde a esses argumentos, mostrando-se disposto, primeiro, a revogar caso for convencido pela Escritura: ¨… não posso proteger meus livros de outra maneira do que meu Senhor Jesus Cristo, ele próprio, defendeu sua doutrina, o qual ao ser perguntado ante Anás a respeito de sua doutrina e tendo recebido uma bofetada de um dos servos, disse: ‘Se falei mal, dá testemunho do mal’ ¨. E, Lutero pede: Quem o puder, peço, ¨… traga provas, me convença de meus erros e me subjugue com os escritos proféticos e evangélicos…¨. Em segundo lugar, Lutero diz saber muito bem que suas colocações põem em perigo a unidade cultural da Alemanha, mas testemunha com alegria o fato de ¨por amor à Palavra de Deus ocorrerem divisões e discussão. Pois esse é o curso, a maneira e o evento da Palavra de Deus, como ele diz: ‘Não vim para trazer a paz, mas a espada. Pois vim para voltar o homem contra o seu pai. etc.’ Por isso devemos considerar quão maravilhoso e terrível nosso Deus é em suas deliberações, para que eventualmente aquilo que se irá fazer para pôr fim às discussões, caso o principiarmos com uma condenação à Palavra de Deus, não se transforme em um dilúvio de intoleráveis maldades e se tenha que temer que o governo desse jovem, piedoso, Carlos (no qual após Deus se deposita a maior esperança) principie nefasto e infeliz.¨ (28)

Após o discurso de Lutero a sessão é interrompida. Os príncipes retiram-se para deliberar. A pergunta que fica é: Houve revogação ou não? Reabertos os trabalhos, o oficial do arcebispo de Tréveres pergunta Lutero de maneira incisiva: Revoga ou não os livros e seus erros (29). Lutero responde em latim: ¨Como Vossa Majestade e Vossas Altezas exigem de mim uma resposta simples, quero dar uma tal sem chifres e dentes. Caso não for convencido por testemunhos da Escritura e por motivos racionais evidentes — pois não creio nem no Papa nem nos Concílios, pois é evidente que erraram muitas vezes e se contradisseram —, estou convencido, pelas passagens da Sagrada Escritura que mencionei, e minha consciência está presa à Palavra de Deus e não posso nem quero revogar qualquer coisa, pois não é sem perigo nem salutar agir contra a consciência. De outra maneira não posso, aqui estou, que Deus me ajude, amém.¨ (30)

Lutero deu uma resposta clara à pergunta que lhe fora formulada. O oficial do arcebispo de Tréveres gritou a Lutero, dizendo-lhe que sua consciência estaria a errar. Lutero jamais poderia provar que os concílios erraram. Mas, Lutero revidou, dizendo que podia (31). A incipiente discussão foi, no entanto, interrompida por Carlos V que ordenou que se retirasse Lutero do plenário. Houve preocupação. Alguns pensavam que Lutero estava sendo levado para o cárcere. Lutero, no entanto, foi acompanhado até a estalagem. ¨Quando ali chegou — diz uma testemunha — ergueu as mãos na minha presença e na de outros e gritou com rosto alegre: ‘Passei, passei!’ ¨ (¨Ich bin hindurch, ich bin hindurch!¨) (3).

Ah! Amados irmãos! São muitos os desafios mais não podemos deixar de nos posicionar, assim como fizera o grande pastor batista americano Martin Luther King. Podemos contemplar a sua posição e coragem contra a segregação racial no seu discurso.

 Em 28 de agosto de 1963, o pastor e líder do movimento contra a segregação racial nos Estados Unidos Martin Luther King discursou sobre seu sonho de uma América (e um mundo) com igualdade entre negros e brancos.

O discurso foi proferido em Washington, durante uma marcha que reuniu cerca de 250 mil pessoas contra as políticas racistas e pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.

“Estou feliz em me unir a vocês hoje naquela que ficará para a história como a maior manifestação pela liberdade na história de nossa nação.

Cem anos atrás um grande americano, em cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a proclamação da emancipação [dos escravos]. Este decreto momentoso chegou como grande farol de esperança para milhões de escravos negros queimados nas chamas da injustiça abrasadora. Chegou como o raiar de um dia de alegria, pondo fim à longa noite de cativeiro.

Mas, cem anos mais tarde, o negro ainda não está livre. Cem anos mais tarde, a vida do negro ainda é duramente tolhida pelas algemas da segregação e os grilhões da discriminação. Cem anos mais tarde, o negro habita uma ilha solitária de pobreza, em meio ao vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o negro continua a mofar nos cantos da sociedade americana, como exilado em sua própria terra. Então viemos aqui hoje para dramatizar uma situação hedionda.

Em certo sentido, viemos à capital de nossa nação para sacar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república redigiram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Independência, assinaram uma nota promissória de que todo americano seria herdeiro. Essa nota era a promessa de que todos os homens, negros ou brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca pela felicidade.

É evidente hoje que a América não pagou esta nota promissória no que diz respeito a seus cidadãos de cor. Em lugar de honrar essa obrigação sagrada, a América deu ao povo negro um cheque que voltou marcado “sem fundos”.

Mas nós nos recusamos a acreditar que o Banco da Justiça esteja falido. Nos recusamos a acreditar que não haja fundos suficientes nos grandes depósitos de oportunidade desta nação. Por isso voltamos aqui para cobrar este cheque –um cheque que nos garantirá, a pedido, as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.

Também viemos para este lugar santificado para lembrar à América da urgência ferrenha do agora. Não é hora de dar-se ao luxo de esfriar os ânimos ou tomar a droga tranquilizante do gradualismo. Agora é a hora de fazermos promessas reais de democracia. Agora é a hora de sairmos do vale escuro e desolado da segregação para o caminho ensolarado da justiça racial. É hora de arrancar nossa nação da areia movediça da injustiça racial e levá-la para a rocha sólida da fraternidade. Agora é a hora de fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.

Seria fatal para a nação passar por cima da urgência do momento e subestimar a determinação do negro. Este verão sufocante da insatisfação legítima do negro não passará enquanto não chegar um outono revigorante de liberdade e igualdade.Mil novecentos e sessenta e três não é um fim, mas um começo.

Os que esperam que o negro precisasse apenas extravasar e agora ficará contente terão um despertar rude se a nação voltar à normalidade de sempre. Não haverá descanso nem tranquilidade na América até que o negro receba seus direitos de cidadania. Os turbilhões da revolta continuarão a abalar as fundações de nossa nação até raiar o dia iluminado da justiça.

Mas há algo que preciso dizer a meu povo posicionado no morno liminar que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso lugar de direito, não devemos ser culpados de atos errados. Não tentemos saciar nossa sede de liberdade bebendo do cálice da amargura e do ódio.

Temos de conduzir nossa luta para sempre no alto plano da dignidade e da disciplina. Não devemos deixar nosso protesto criativo degenerar em violência física. Precisamos nos erguer sempre e mais uma vez à altura majestosa de combater a força física com a força da alma.

A nova e maravilhosa militância que tomou conta da comunidade negra não deve nos levar a suspeitar de todas as pessoas brancas, pois muitos de nossos irmãos, conforme evidenciado por sua presença aqui hoje, acabaram por entender que seu destino está vinculado ao nosso destino e que a liberdade deles está vinculada indissociavelmente à nossa liberdade.

Não podemos caminhar sozinhos.

E, enquanto caminhamos, precisamos fazer a promessa de que caminharemos para frente. Não podemos retroceder. Há quem esteja perguntando aos devotos dos direitos civis ‘quando vocês ficarão satisfeitos?’. Jamais estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos desprezíveis horrores da brutalidade policial.

Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados da fadiga de viagem, não puderem hospedar-se nos hotéis de beira de estrada e nos hotéis das cidades. Não estaremos satisfeitos enquanto a mobilidade básica do negro for apenas de um gueto menor para um maior. Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossas crianças tiverem suas individualidades e dignidades roubadas por cartazes que dizem ‘exclusivo para brancos’.

Jamais estaremos satisfeitos enquanto um negro no Mississippi não puder votar e um negro em Nova York acreditar que não tem nada em que votar.

Não, não estamos satisfeitos e só ficaremos satisfeitos quando a justiça rolar como água e a retidão correr como um rio poderoso.

Sei que alguns de vocês aqui estão, vindos de grandes provações e atribulações. Alguns vieram diretamente de celas estreitas. Alguns vieram de áreas onde sua busca pela liberdade os deixou feridos pelas tempestades da perseguição e marcados pelos ventos da brutalidade policial. Vocês têm sido os veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a fé de que o sofrimento imerecido é redentor.

Voltem ao Mississippi, voltem ao Alabama, voltem à Carolina do Sul, voltem a Geórgia, voltem a Louisiana, voltem aos guetos e favelas de nossas cidades do norte, cientes de que de alguma maneira a situação pode ser mudada e o será. Não nos deixemos atolar no vale do desespero.

Digo a vocês hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho.

É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e corresponderá em realidade o verdadeiro significado de seu credo: ‘Consideramos essas verdades manifestas: que todos os homens são criados iguais’.

Tenho um sonho de que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da irmandade.

Tenho um sonho de que um dia até o Estado do Mississippi, um Estado desértico que sufoca no calor da injustiça e da opressão, será transformado em um oásis de liberdade e de justiça.

Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter.

Tenho um sonho hoje.

Tenho um sonho de que um dia o Estado do Alabama, cujo governador hoje tem os lábios pingando palavras de rejeição e anulação, será transformado numa situação em que meninos negros e meninas negras poderão dar as mãos a meninos brancos e meninas brancas e caminharem juntos, como irmãs e irmãos.

Tenho um sonho hoje.

Tenho um sonho de que um dia cada vale será elevado, cada colina e montanha será nivelada, os lugares acidentados serão aplainados, os lugares tortos serão endireitados, a glória do Senhor será revelada e todos os seres a enxergarão juntos.

Essa é nossa esperança. Essa é a fé com a qual retorno ao Sul. Com esta fé poderemos talhar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar os acordes dissonantes de nossa nação numa bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé podemos trabalhar juntos, orar juntos, lutar juntos, ir à cadeia juntos, defender a liberdade juntos, conscientes de que seremos livres um dia.

Esse será o dia em que todos os filhos de Deus poderão cantar com novo significado: “Meu país, é de ti, doce terra da liberdade, é de ti que canto. Terra em que morreram meus pais, terra do orgulho do peregrino, que a liberdade ressoe de cada encosta de montanha”.

E, se quisermos que a América seja uma grande nação, isso precisa se tornar realidade.

Então que a liberdade ressoe dos prodigiosos picos de New Hampshire.

Que a liberdade ecoe das majestosas montanhas de Nova York!

Que a liberdade ecoe dos elevados Alleghenies da Pensilvânia!

Que a liberdade ecoe das nevadas Rochosas do Colorado!

Que a liberdade ecoe das suaves encostas da Califórnia!

Mas não só isso –que a liberdade ecoe da Montanha de Pedra da Geórgia!

Que a liberdade ecoe da Montanha Sentinela do Tennessee!”

Que a liberdade ecoe de cada monte e montículo do Mississippi. De cada encosta de montanha, que a liberdade ecoe.

E quando isso acontecer, quando deixarmos a liberdade ecoar, quando a deixarmos ressoar em cada vila e vilarejo, em cada Estado e cada cidade, poderemos trazer para mais perto o dia que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestante e católicos, poderão se dar as mãos e cantar, nas palavras da velha canção negra, “livres, enfim! Livres, enfim! Louvado seja Deus Todo-Poderoso. Estamos livres, enfim!”( Revista Exame -A tradução é de Clara Allain).

Cristo é o nosso líder, “príncipe e governador dos povos” Isaías 55.4

3- DESFRUTA DAS BENÇÃOS DE DEUS v.29

Decisão é aquilo que o Senhor procura dos seus servos e quando encontra Ele recompensa.

Pois Moisés dissera: “CONSAGRAI-VOS, HOJE, AO SENHOR; CADA UM CONTRA O SEU FILHO E CONTRA O SEU IRMÃO, PARA QUE ELE VOS CONCEDA, HOJE, BENÇÃO”. 32:29

Assim como Moisés chamou os filhos de Israel, Deus também nos chamou e te chama para fazer parte deste rol de guerreiros consagrados ao Senhor.

Como fazer parte deste rol:

            Proposta para alistamento:

1-Tome partido – Confessando a Cristo publicamente no batismo.

2-Submeta-se ao treinamento – esteja disposto a aprender e aceite a disciplina.

3-Vista a farda – use as vestes de santidade, o fardamento do amor, toda armadura de Deus (Ef. 6.13,18)

4-Entre na guerra civil – Trave a guerra dentro de sua própria alma, mate o pecado, conquiste o ego, ponha por terra as altas pretensões, etc.

5-Marche para o campo de batalha. Combata a falsidade, a superstição, a crueldade, a opressão, a embriaguez, as drogas e o pecado de todo em qualquer lugar. Pois o pecado separa o homem de Deus.

CONCLUSÃO

             O grande pregador inglês Charles Spurgeon contou que um querido amigo dele, com filhos e filhas crescidos morreu repentinamente. No dia anterior a sua morte, todos os membros da família estiveram com ele, inclusive um que havia recentimente, a semelhança dos demais, experimentado o poder da graça salvadora. A alegria do pai era grande, a medida em que punha a mão sobre um após outro de SUS filhos, dizendo com o coração transbordante: ESTE É DO SENHOR! ESTE É DO SENHOR!

            Que aconteceria a nosso ouvinte, se devesse estar ao lado do leito de morte de um pai piedoso? Será  que este pai se regozijaria com você, por ser do Senhor?

Referências Bibliográficas

  • Otis Fuller, David – Sporgeon Ainda Fala, Editora- Ed. Vida Nova, 1991 – pags 21,21
  • Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo : Antigo Testamento : volume I, pags 322. 323 – Pentateuco / Warren W. Wiersbe ; traduzido por Susana E. Klassen. – Santo André, SP : Geográfica editora, 2006.
  • Dreher, Martin – Lutero e a Dieta de Worms de 1521, https://agrestepresbiteriano.com.br/lutero-e-a-dieta-de-worms-de-1521/
  • Revista Exame – Veja na íntegra o histórico discurso de Martin Luther King, 12 set 2013, https://exame.abril.com.br/mundo/veja-na-integra-o-historico-discurso-de-martin-luther-king/

Pr. Eli Vieira

RETIRO IP SEMEAR 2023
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Pastor Eli Vieira é casado com Maria Goretti e pai de Eli Neto. Responsável pelo site Agreste Presbiteriano, Bacharel em Teologia, Pós-Graduado em Missiologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte, Recife-PE e cursando Psicologia na UNINASSAU. Exerce o seu ministério pastoral na Igreja Presbiteriana do Brasil desde o ano 1997 ajudando as pessoas a encontrarem esperança e salvação por meio de Jesus Cristo. Desde a sua infância serve ao Senhor, sendo educado por seus pais aos pés do Senhor Jesus que me libertou e salvou para sua honra e glória.

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