Théodore de Bèze, conhecido entre os protestantes de fala portuguesa como Teodoro de Beza, foi um dos grandes heróis da Reforma Protestante. Teólogo francês, foi sucessor de João Calvino em Genebra. Ele nasceu em Vezelay, França, em 1519. Notabilizou-se em seus estudos naquele país, tendo inclusive lançado algumas obras de poesia em latim, tais como Juvenilia, de 1548. Por essa obra, Beza foi considerado um dos melhores escritores de poesia latina de sua época.
Convertidos a Cristo em 1548, ele e sua esposa Claudine resolveram deixar o círculo literário de Paris para se dedicar à causa da Reforma Protestante. Dirigiram-se, então, a Genebra, onde foram bem-recebidos pelo reformador João Calvino. Em 1549, Beza era professor grego em Genebra. Com a morte de Calvino em 1564, Beza, já um professor e teólogo consagrado, dedicou-se a sua publicação da Bíblia em grego, tendo publicado em vida nove edições do Novo Testamento. Uma edição póstuma, a décima, foi publicada em 1611. A mais famosa edição publicada por Beza é a de 1582, em que ele incluiu alguns textos do Códice Beza e do Códice Claromontano. Suas edições popularizaram o Textus Receptus. Os tradutores da versão do rei Tiago usaram as edições de Beza de 1588 e 1589.
Mas, Beza não ficou conhecido apenas pelas edições em grego do Novo Testamento. Ele também é o autor da conhecida peça teatral Abraão Sacrificando, que escreveu em 1552, aos 33 anos. Esta famosa peça, que contrasta o catolicismo e o protestantismo, tem como personagens Abraão, Sara, Isaque, o Diabo, um anjo e um grupo de pastores, é considerada até hoje um dos mais belos trabalhos do tipo, no qual, segundo expressam especialistas, “se aliam admiravelmente força, graça, singeleza e eloquência“.
Outro grande destaque é sua obra de filosofia política, considerada um clássico: Do Direito dos Magistrados sobre seus Sujeitos. Nela, Beza apresenta os argumentos da licitude para se responder às tiranias de seu tempo com “remédios justos” (termo criado e consagrado por ele), privilegiando não a luta armada, mas os instrumentos institucionais, previstos nas leis fundamentais de um reino.
Escreveu muitas outras obras teológicas e filosóficas, mas destacou-se também pela vida de piedade. Seus historiadores afirmam que aliava intelectualidade e espiritualidade. Esse equilíbrio é um grande exemplo para nós hoje.
Fonte: Revista Ensinador Cristão
1519 – Nascimento: Theodoro nasceu em 24 de junho de 1519 em Vézelay, Borgonha, França. Ele era filho de Pierre de Besze e Burderot Marie, ambos da baixa nobreza. Sua mãe, uma mulher inteligente e caridosa, teve sete filhos, dos quais Theodoro foi o último.
1521 – Falecimento da mãe: Sua mãe morreu quando Theodoro ainda não tinha completado três anos, e o seu tio Nicolas de Besze o levou para Paris e o adotou, visto ter um grande carinho por ele. Ali ele foi educado pelas mentes mais brilhantes da cidade.
1528 – Educação formal: Quando tinha nove anos, seu tio, que era membro do conselho real, o enviou para Orléans para estudar com Melchior Wolmar, um eminente erudito em grego, que também foi professor de Calvino e que mais tarde se juntaria ao movimento da reforma. Wolmar trouxe Beza para sua própria família. Ele ficou com Wolmar por sete anos.
1539 – Graduação em direto: Theodoro almejava a carreira de direito, e com esse fim começou seus estudos na Universidade de Orléans e obteve sua graduação em 1539, aos vinte anos de idade. Retornando a Paris, voltou sua atenção para o estudo da literatura e para o romance.
1544 – Casamento e carreira literária: Em 1544, casou-se com Claudine Denosse. Com o passar dos anos, começou a alcançar um nível alto da fama com um celebrado trabalho de poesia (Juvenilia), e já era considerado como o melhor escritor de poesia latina do seu tempo.
1548 – Conversão: Beza foi trazido à conversão através de uma grave doença durante a qual teve bastante tempo para refletir sobre os caminhos inescrutáveis da providência e lembrar da fiel instrução de seu antigo tutor, Melchior Wolmar. Humilhado e castigado, ele se recuperou de sua doença como um protestante firme, que resolveu entregara sua vida à propagação do Evangelho.
1548 – Ida à Genebra: Convertidos a Cristo em 1548, ele e sua esposa Claudine resolveram deixar o círculo literário de Paris para se dedicarem à causa da Reforma Protestante. Beza e Claudine partiram, então, para Genebra, onde foram bem-recebidos pelo reformador João Calvino.
1549-1580 – Serviço como professor e pastor: Em Genebra, Beza foi chamado para se tornar professor de teologia na academia que Calvino havia fundado, a qual se tornou uma das mais importantes escolas em toda a Europa calvinista. Ali Beza serviu como professor até 1559, e como reitor de 1559 até 1563, quando Calvino recusou a posição.
1559 a 1605 – Pastor da igreja de Genebra: Ele foi pastor da igreja de Genebra de 1559 a 1605, retirando-se apenas quando sua idade avançada o forçou a fazê-lo. De 1564 a 1580 Beza serviu como moderador do concílio de pastores após a morte de Calvino.
1564 – Falecimento de Calvino: Quando Calvino faleceu em 1564, Beza pregou o sermão no funeral e logo depois escreveu uma biografia de seu mentor e querido amigo.
1564 – Beza e sua versão da Bíblia em grego: Com a morte de Calvino, Beza, já um professor e teólogo consagrado, dedicou-se a sua publicação da Bíblia em grego, tendo publicado em vida nove edições do Novo Testamento. Uma edição póstuma, a décima, foi publicada em 1611. A mais famosa edição publicada por Beza é a de 1582, em que ele incluiu alguns textos do Códice Beza e do Códice Claromontano. Suas edições popularizaram o Textus Receptus. Os tradutores da versão King James usaram as edições de Beza de 1588 e 1589.
1588 – Falecimento de Claudine: Sua esposa, Claudine, faleceu em 1588, e Beza se casou novamente com uma refugiada de Gênova, Geneviève del Piano.
1605 – Últimos dias: Os últimos dias de Beza foram gastos dando continuidade às doutrinas de Calvino, ensinando com tranquilidade, participando de algumas reuniões, escrevendo e mantendo correspondência com reformadores e santos em toda a Europa.
1605 – Falecimento: Beza faleceu calmamente em um domingo, em 23 de outubro de 1605, aos oitenta e seis anos. A seu pedido, escrito em seu testamento, ele foi enterrado em um cemitério comum, onde Calvino foi enterrado e próximo ao túmulo de sua esposa. Ele combateu o bom combate e guardou a fé e então recebeu a recompensa da coroa da vida.
1 – “Chamamos de ‘fé’ um certo conhecimento que, somente por sua graça e bondade, o Espírito Santo fixa cada vez mais nos corações dos eleitos de Deus (1Coríntios 2.6-8). Com esse conhecimento, cada um deles, sendo assegurado em seu coração da sua eleição, toma para si e aplica a si mesmo a promessa da sua salvação em Jesus Cristo.” (Fé e Justificação)
2 – “Onde não há Palavra de Deus, mas apenas a palavra do homem, seja em quem for, não há fé ali, mas apenas um sonho ou uma opinião que não pode deixar de nos enganar (Romanos 10.2-4; Marcos 16.15-16; Romanos 1.28; Gálatas 1.8-9).” (Fé e Justificação)
3 – “Dizer que tudo o que é necessário para nossa salvação não está em Jesus Cristo é uma blasfêmia muito terrível, pois isso só o tornaria um Salvador parcial (Mateus 1.21). Resta, portanto, a outra parte: tendo Jesus Cristo, pela fé, temos nele tudo o que é necessário para nossa salvação (Romanos 5.1).” (Fé e Justificação)
4 – “Para conhecer esta regeneração, é necessário chegar aos seus frutos. Assim, como eu disse, o homem, sendo libertado do pecado, ou seja, da sua corrupção natural, começa a produzir os bons frutos que chamamos de “boas obras”, graças ao poder de Jesus Cristo que habita nele; por isso dizemos, e com razão, que a fé da qual falamos não pode existir sem boas obras mais do que o sol sem luz ou do que o fogo sem calor (1João 2:9-10; Tiago 2:14-17).” (Fé e Justificação)