“É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar” (João 9:4).
O mês de agosto, tradicionalmente, é o mês que escolhemos para destacar a responsabilidade missionária da Igreja, que, na realidade, deve ser vivida e praticada ao longo de todos os meses. Por isso, à luz do nosso tema trimestral, SANTIDADE NA IGREJA, ressaltaremos, neste mês, a necessidade de vivenciarmos a nossa santidade, por meio de uma prática missiológica integral e real.
No dizer de John Stott (falecido em julho de 2011), “missões emerge da própria natureza de Deus”. Foi o Deus vivo quem enviou Jesus Cristo, Seu Filho, o Espírito Santo, os Apóstolos e a Igreja e, por sua vez, a nós outros, os crentes dos últimos dias. Portanto, missões não é obra de homens ou da Igreja (organização), missões é obra de Deus! Essa perspectiva nos guarda contra toda atitude de autossuficiência e independência na tarefa missionária. Se missões é de Deus, então é d’Ele que a Igreja deve depender na sua participação nessa tarefa. Isso implica numa profunda atitude de humildade, obediência, serviço e de oração. Missões na Igreja, é santidade na prática!
Por outro lado, se missões é de Deus, podemos ter a certeza e a segurança de que é Deus quem está comandando a expansão do Seu reino e, Ele realizará os Seus propósitos de maneira cabal e eficaz. Mas, também, devemos considerar que, se missões é obra de Deus (“obra santa”) e não de homens, as armas que devemos usar não são armas humanas e sim, espirituais. Os inimigos da obra missionária não são os homens (“sangue e a carne”), mas sim, segundo o apóstolo Paulo em Efésios 6:12- 18, são “[…] os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes”. A batalha é espiritual, o homem comum não tem nenhuma chance contra o diabo. Por isso, nenhum membro da Igreja, que essencialmente é um missionário, terá chance contra o diabo. Por isso, nenhum membro da Igreja, que essencialmente é um missionário, terá chance ou sucesso na obra missionária, usando somente as suas armas e/ou recursos humanos e materiais. Enquanto não se apoderar da “armadura de Deus” (v.13) [a verdade de Deus, a justiça de Deus, o evangelho de Deus, a fé que procede de Deus, a certeza da salvação de Deus, a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus”], “com toda oração e suplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e suplica por todos os santos” (v. 18), não terá êxito.
Assim sendo, fica claro que a razão da obra missionária não está no ser humano, na sua carência de Deus, ou no seu amor para com aqueles que não têm Deus, mas, na iniciativa e na misericórdia de Deus, isto é, na Sua Soberania. Por isso, o próprio Deus providenciará os meios e os instrumentos e os levará a bom termo para a salvação dos Seus escolhidos.
Diante do exposto, podemos destacar as seguintes verdades sobre missões como a missão inadiável de uma Igreja santa: 1). Missões tem a sua origem na própria Trindade – Missões é uma categoria que pertence a Deus. Antes de ter uma conotação humana que fala da tarefa da Igreja e, antes de ser da Igreja, é de Deus. A graça de Deus é um assunto central nas Escrituras, o amor do Deus etemo pelo Seu povo é profundamente impactante e transformador. Deus é a fonte e a finalidade da obra missionária, o Evangelho de Deus veio a nós por Sua maravilhosa graça, manifestada por meio da obra salvífica realizada pelo Filho de Deus, Jesus Cristo e, aplicada eficazmente pelo Espírito Santo, para a salvação dos eleitos do Pai. 2). O instrumento da missão é a Igreja – Deus é o agente e a origem da missão, contudo, Ele não trabalha sozinho. Deus escolheu um povo específico como instrumento da Sua missão. Elegeu um povo e com ele fez uma aliança peculiar a fim de que este povo fosse a Sua testemunha no meio das nações (Génesis 12:3; Êxodo 19.5-6; Efésios 3:10; I Pedro 2:9-10). Para atingir alvos universais, a restauração de toda a criação, Deus escolheu meios particulares, um povo, o Seu povo santo! 3). O propósito pragmático das missões é a salvação dos eleitos – Missões é a missão de salvação (Lucas 19:10). 4). O alvo e o fim último (supremo) de missões é a glória de Deus – O verdadeiro e essencial alvo e o fim último de “missões” (da missão) é a glória de Deus, não a atividade missionária em si. A adoração a Deus é a mola propulsora e o alvo último e essencial da Igreja. Assim sendo, podemos dizer que somente uma Igreja santa poderá cumprir essa missão, que é imperativa e intransferível e, exige obediência e urgência.
Portanto, uma Igreja santa, “faz a obra daquele que enviou Jesus Cristo, enquanto é dia” (João 9:4). Missões na Igreja, é santidade na prática!
Rev. Marcos Antonio Serjo da Costa
Pastor Efetivo da Igreja Presbiteriana de Cuiabá – MT
Fonte:JMN
RETIRO IP SEMEAR 2023