1 Samuel 17.1-58
O escritor Charles R. Swindoll certa vez disse: “nosso mundo necessita desesperadamente de modelos dignos de serem seguidos. Heróis autênticos. Pessoas integras, cujas vidas nos inspirem a ser melhores”¹(1998, p.9).
Algumas pessoas hoje, ao olharem para os heróis da fé do passado, falam: Senhor, acho que eu nasci na época errada! Porque eu não nasci na época dos reformadores Martinho Lutero, Calvino e Knox? Porque eu não vivi, na época do Grande Avivamento do século XVIII e fui amigo Jonathan Edwards, George Whitefield? Se, você ficar atento poderá ouvir Deus lhe falar: porque os meus desígnios para você são para esta geração.
O Dr. Lucas ao falar sobre o rei Davi disse: “Porque na verdade, tendo Davi servido a sua própria geração, conforme os desígnios de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção” (At. 13.36). Davi foi um homem que marcou a sua geração conforme os propósitos divinos. Entretanto, devemos perguntar: porque Davi marcou a sua geração? No texto de 1 Samuel 17.1-58 podemos encontrar a resposta para a nossa indagação(ões) e aprendermos com ele, para marcar a nossa geração.
1-Porque ele não temia os desafios (1 Samuel 17.32) – A vida de Davi foi marcada por lutas e desafios, desde a sua mocidade. Ainda jovem, como pastor de ovelhas enfrentou feras, como leão ou urso (1 Sm 17.34,35). Ao ser enviado, por seu pai, ao arraial do exército de Israel para levar alimentos e saber como seus irmãos estavam (1 Sm 17.17-19), se deparou com o grande duelista filisteu desafiando o exército de Israel. Davi não teve medo do incircunciso Golias e dispõe-se a pelejar contra ele (1 Sm. 17.32). Ele não temeu o desafio, mas estava pronto se possível a morrer, como disse o pastor Martin Luther King:“Se você não está pronto para morrer por alguma coisa, então você não está pronto para viver”, ele estava pronto a tirar a afronta de sobre Israel, o exército do Deus vivo (1 Sm.17.26), na certeza de que Deus lhe concederia a vitória independente do experiente gigante.
O Precursor da Reforma Protestante Jerônimo Savonarola (1452-1498) disse: “Se não a inimigos, não a lutas, se não lutas não a vitórias”. Se queremos ser vitoriosos e marcar a nossa geração, precisamos enfrentar os desafios que surgem diante nós, sem temor, assim como Davi.
2-Porque ele não deu ouvidos a voz dos críticos e pessimistas (1 Samuel 17.28,33,42)-Quando Davi disse que iria enfrentar o gigante, ninguém o incentivou, antes ele foi criticado, desanimado, por seus irmãos, e pelo rei Saul. Saul disse que ele não poderia enfrentar Golias, porque ele era moço, e golias guerreiro desde a sua mocidade (1 Sm 17.33), ele foi desprezado pelo gigante 1 Sm 17.42. Contudo, Davi não deu ouvidos aos críticos e pessimistas.
Quando olhamos para a vida do presidente americano “Abraham Lincoln (1809-1865), que decretou a emancipação dos escravos. Foi considerado um dos inspiradores da moderna democracia tornou-se uma das maiores figuras da história americana. Elegeu-se Deputado por Illinois. Defendia a causa dos pobres e humildes. Formou-se em Direito. Elegeu-se Deputado Federal e incentivou a criação de novas industrias no Norte do país. Foi eleito o primeiro presidente pelo Partido Republicano, que ajudou a fundar. Foi o 16º presidente dos Estados Unidos. Enfrentou a Guerra da Secessão, por longo período de seu governo. Com a vitória do Norte, foi reeleito para presidente”. Parece que ele viveu em um tempo fácil, mas vejamos um pouco mais sobre a sua vida.
Abraham Lincoln (1809-1865) nasceu na cidade de Hardim no Kentucky, Estados Unidos. Filho dos camponeses Thomas Lincoln e Nancy Lincoln, quando pequeno viveu numa casa de madeira, a beira da floresta. Frequentou a escola durante um ano, quando em 1816 sua família mudou-se para Indiana. Com sete anos já trabalhava no campo. Ficou órfão aos nove anos de idade. Seu pai casa com Sarah Bush Johnston, que ficou responsável por sua instrução.
Abraham Lincoln teve vários empregos, foi lenhador, trabalhou numa serraria, foi barqueiro, balconista e Chefe dos Correios da Aldeia de Salem em Illinois. Como barqueiro, em 1831, navegava pelos rios Missisípi e Ohio, transportando mercadorias. Nas horas vagas se dedicava à leitura. Participou como Capitão voluntário, na luta contra os índios no sul do Estado. Foi chefe dos correios e trabalhou na demarcação de terras para o governo.
Em 1834 elegeu-se Deputado pela Assembleia de Illinois. Estudou Direito, formando-se em 1837. Trabalhou defendendo as causas dos pobres e humildes. Em 1842 casa-se com Mary Todd. Em 1846 elegeu-se Deputado Federal. Entre 1847 e 1849, foi representante de Illinois no Congresso, onde propôs a emancipação gradativa para os escravos, o que desagradou tanto aos abolicionistas quanto aos defensores da escravidão. Fez oposição a invasão de terras no México, mas no fim do conflito novas terras foram anexadas aos Estados Unidos. Sua posição o fez perder muitos votos. Lincoln fazia campanha para que essas novas terras ficassem livres da escravidão.
Concorreu para o senado, foi derrotado, afastou-se da política durante cinco anos. Seus discursos e debates em torno da escravidão os tornou conhecido e popular. Em 1854 participou da fundação do Partido Republicano.
Grandes transformações sociais ocorriam no país. Ao norte, desenvolvia-se uma rica e poderosa burguesia industrial e uma classe operaria organizada e numerosa, apoiada pelo Partido Republicano. Ao sul, consolidou-se a supremacia aristocrata rural, com grandes propriedades agrárias, apoiadas na monocultura e no trabalho escravo. A rivalidade política entre o Partido Democrata, dos aristocratas do sul, e o Partido Republicano da burguesia industrial do norte, gerava vários conflitos.
A guerra contra o México ampliara o território da União e não era possível prever se a população das novas terras se declararia a favor da escravidão. Instalou-se uma grande polêmica nacional. Lincoln assumiu atitude antiescravagista e transformou-se no paladino dessa tendência após o debate que travou com o senador democrata Stephen Douglas.
Em 1858, candidato ao Senado pelo novo Partido Republicano, perdeu as eleições para Douglas, mas tornou-se líder dos republicanos. Em 1860, disputou o pleito para a presidência da república e elegeu-se o 16º presidente dos Estados Unidos.
Ao iniciar seu governo, em 4 de março de 1861, Lincoln teve de enfrentar o separatismo de sete estados escravistas do sul, que formaram os Estados Confederados da América. O presidente foi firme e prudente: não reconheceu a secessão, ratificou a soberania nacional sobre os estados rebeldes e convidou-os à conciliação, assegurando-lhes que nunca partiria dele a iniciativa da guerra. Os confederados, porém, tomaram o forte Sumter, na Virgínia Ocidental.
Lincoln encontrou o governo sem recursos, sem exército e com uma opinião pública que lhe era favorável somente em reduzida escala. Com vontade férrea, profunda fé religiosa e confiança no povo, iniciou uma luta que primeiramente lhe foi adversa. Só conseguiu armar sete mil soldados, com os quais começou a guerra. Em apenas um ano, duplicou o Exército, organizou a Marinha e obteve recursos. Os confederados haviam consolidado sua situação, com a adesão de mais quatro estados aos sete sublevados. Em meados de 1863 chegaram à Pensilvânia e ameaçaram Washington. Foi nesse grave momento que se travou, em 3 de julho de 1863, a batalha de Gettysburg, vencida pelas forças do norte.
Lincoln, que decretara a emancipação dos escravos e tomara outras providências liberais, pronunciou, meses depois, ao inaugurar o cemitério nacional de Gettysburg, o célebre discurso em que definiu o significado democrático do governo do povo, pelo povo e para o povo, e que alcançou repercussão mundial.
A guerra continuou ainda por dois anos, favorável à União. Lincoln foi reeleito presidente em 1864. Em 9 de abril de 1865, os confederados renderam-se em Appomattox.
Embora considerado conservador ou reformista moderado no início da presidência, as últimas proposições de Lincoln foram avançadas. Preparava um programa de educação dos escravos libertados e chegou a sugerir que fosse concedido, de imediato, o direito de voto a uma parcela de ex-escravos. Inclinou-se também à exigência dos radicais por uma ocupação militar provisória de alguns estados sulistas, para implantar uma política de reestruturação agrária.
Em 14 de abril de 1865, Lincoln assistia a um espetáculo no Teatro Ford, em Washington, quando foi atingido na nuca por um tiro de pistola desferido por um escravista intransigente, o ex-ator John Wilkes Booth. Lincoln morreu na manhã do dia seguinte¹. Assim como Davi Lincoln enfrentou muitas críticas e os pessimistas e triunfou sobre todos, não se deixou intimidar por isso ele marcou a história da sua geração.
Meu irmão, Deus está nos dando o privilégio de viver nesta geração, sabemos que não é fácil, como não fora na época de Davi, de Lincoln ou dos reformadores ou dos avivalistas, mas confiados em Deus, não podemos nos intimidar diante dos críticos, pessimistas se queremos marcar esta geração. Precisamos nos levantar e fazer a nossa parte na certeza de que o nosso trabalho não será em vão. Não podemos só ficar olhando para o passado, precisamos olhar para o nosso presente e perguntar: o que eu estou fazendo para marcar a minha geração? Vamos começar fazendo coisas pequenas, e Deus nos preparar para fazermos coisas grandes, que ainda não sabemos.
3-Porque ele lutava em nome do senhor dos exércitos (1 Samuel 17.37, 42) –
É importante notarmos que Davi decidiu lutar, não em nome de Saul, de sua família, para ficar famoso, etc. Ele disse eu vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos. O “nome” para os autores bíblicos, é mais que uma junção de letras. Ele representa a própria essência da pessoa que o carrega, o que Davi estava dizendo era “SENHOR dos Exércitos” eu vou contra você, firmado em Deus. O verdadeiro comandante supremo do seu povo escolhido, dos exércitos de Israel, o Deus todo poderoso, ontem, hoje e sempre. Ah! meu irmão, isto fez toda diferença na vida do guerreiro Davi. Ele estava dizendo, eu não vou te enfrentar confiado em minha experiência, nas minhas armas, em Saul, mais confiado naquele que nos dá a vitória, pois dele é a guerra. Muitos hoje estão desanimados, derrotados, sem expectativa porque foram derrotados e humilhados pelo inimigo. Perderam a batalha porque confiaram em dinheiro, seus amigos, em seus títulos, etc.
O rei Josafá diante de uma confederação de inimigo, que se levantara contra Israel disse: “Ah! Senhor Deus, acaso, não executarás tu o teu julgamento contra eles? Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti”( 2 Cr. 20.12). Josafá confiou em Deus e o Senhor lhe deu a vitória, e assim os moradores daquelas terras viram quem era o Deus de Israel, como nos diz crônicas: “Veio da parte de Deus o terror sobre todos os reinos daquelas terras, quando ouviram que o Senhor havia pelejado contra os inimigos de Israel (2 Cr 20.29).
Em nome de quem você está enfrentando as dificuldades, os seus problemas? Em nome de seus familiares, dos seus amigos, em nome do presidente, etc. Não, não, não!!! Levante-se, lute em nome do Senhor, ele não mudou, continua sendo o mesmo, tem em suas mãos o controle de tudo e de todas as coisas, só ele é quem nos dá a vitória sobre todos que nos desafiam. O senhor fala conosco através do profeta Isaías “Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei, 10não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Isaías 41.9b,10).
4-Porque o propósito de Davi era a glorificar a Deus (1 Samuel 17.46,47)-
O jovem Davi tinha um alvo maior do que os seus compatriotas. Ele queria vencer o gigante filisteu para manifestar a glória de Deus, vede o que ele disse: “Hoje mesmo, o Senhor te entregará nas minhas mãos; ferir-te-ei, tirar-te-ei a cabeça e os cadáveres do arraial dos filisteus darei, hoje mesmo, às aves dos céus e às bestas-feras da terra; e toda a terra saberá que há Deus em Israel. Saberá toda esta multidão que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos” (1 Sm 17.46,47). O propósito principal de Davi era engrandecer o nome do Senhor em toda a terra. Não era fazer o seu nome conhecido, mas o nome do Deus de Israel. Saberá toda terra que há um Deus que salva. E, assim Davi derrotou Golias. Paulo ao escrever a igreja de Corinto nos ensina dizendo: “ Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. (1 Co.10.31). A pergunta de número um do Breve Catecismo de Westminster: Qual é o fim principal do homem? O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre³.
Como nós podemos viver para a glória de Deus? Vivendo de conformidade com a sua Palavra, que é a única regra para nos dirigir na maneira de o glorificar e gozar (Lc 24.27,44; 2 Pe 3.2, 15,16; 2 Tm 3.15-17; Jo 15.10,11; Is 8.20 e Jo 20.30,31). Se vivermos firmados na Palavra nós não vamos temer os gigantes que se levantam tentando nos intimidar, derrotar, etc. Nós vamos marca a nossa geração e o mundo vai ver que somos do Senhor, e só ele nos faz vencedor.
Meu amado, Deus está nos dando um grande privilégio de vivermos nesta geração, não podemos nos intimidar diante dos desafios, dos críticos e pessimistas ou dos gigantes que estão diante de nós, mas vamos enfrentar os gigantes sem nos deixar levar por aqueles que não conhecem a Deus. Vamos lutar em nome do Senhor e para a glória do Senhor.
Referência Bibliográficas
1- Swindoll, Charles R. Davi: um Homem segundo o Coração de Deus. – 1ª Ed.– São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1998
2-Frazão, Dilva. Biografia de Abraham Lincoln, Disponível em https://www.ebiografia.com/abraham_lincoln/ acesso em 08.08.2017
3- Martins, Valter Graciliano (organizador)-O Breve Catecismo. 1ª Ed. Especial – São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1991
Sobre o autor Pr. Eli Vieira é formado pelo Seminário Presbiteriano do Norte e pastor efetivo da Igreja Presbiteriana Filadélfia, Garanhuns-PE.
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