INSTITUTO BÍBLICO DO NOTE 75 ANOS SERVINDO AO SENHOR

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Alderi S. Matos

O CASAL FUNDADOR DO IBN – Rev Raynard e Frances Arehart

Em 1945, a Missão Norte do Brasil, da Igreja do Sul dos Estados Unidos (PCUS), reconhecendo a necessidade de preparar moças para se dedicarem ao evangelismo e à educação cristã, resolveu abrir um instituto bíblico na região Nordeste. A iniciativa partiu do casal Edwin e Frances Arehart, que havia chegado ao Brasil em 1936, tendo trabalhado inicialmente em Fortaleza antes de se transferir para Recife. Em 1944, a chegada da missionária Charlotte Alexander Taylor, da Virgínia, especializada em treinar obreiros, possibilitou a abertura da nova escola.

Havia muitas dificuldades a superar, a começar de um local para sediar a instituição. Os diretores do Ginásio Evangélico Agnes Erskine, em Recife, se dispuseram a hospedar o instituto, oferecendo para tal um quarto de dormir e uma pequena sala de aula no edifício principal. O instituto bíblico iniciou as aulas no dia 7 de março de 1945 com seis moças – duas do Ceará, duas do Maranhão e duas de Pernambuco. A inauguração oficial se deu no dia 2 de abril, na capela do Agnes, com o nome de Escola de Treinamento Bíblico para Moças (ETBM). O primeiro diretor foi o Rev. Edwin Raynard Arehart.

O corpo docente era composto pelos Revs. Landgon Henderlite, Antônio Almeida, Samuel Falcão, Ismael Andrade e as professoras Charlotte Taylor e Frances Arehart. A primeira turma se formou em 1947. Nos sete anos seguintes, outras seis turmas concluíram o curso e passaram a trabalhar nas igrejas e campos missionários. A maior parte das formandas foi servir no interior, lecionando em escolas paroquiais de cidades e vilarejos, beneficiando crianças que, sem elas, não teriam a oportunidade de estudar. Elas ensinavam não somente as matérias do curso primário, mas também a Bíblia para crianças e jovens, visitavam os lares com objetivos evangelísticos, organizavam escolas dominicais, uniões da mocidade e sociedades femininas, e em muitos locais ofereciam aulas de alfabetização de adultos.

Algumas ex-alunas passaram a lecionar no Colégio 15 de Novembro, em Garanhuns, e no Ginásio Agnes Erskine. Outras estudaram enfermagem ou serviam em igrejas locais, ajudando no trabalho de educação cristã e outras atividades. Diversas ex-alunas casaram-se com pastores; em 1955 havia moças formadas no IBN servindo a Cristo em onze estados da federação. Outros professores dos primeiros anos foram o Rev. Heinz Neumann, Maurício Wanderley, Noemi Marinho, Edla de Oliveira, Else Azambuja, Álvaro Costa, Lina Boyce, Ann Pipkin e Ruth Collette. O curso tinha a duração de dois anos, com ênfase no estudo da Bíblia. Também havia aulas sobre o trabalho nos diversos departamentos da igreja, higiene, evangelismo pessoal, missões, canto, órgão e datilografia. Devido às limitações de espaço, durante o período em Recife a matrícula ficou restrita a 15 alunas.

Em 1949, a escola recebeu parte da oferta de aniversário das senhoras da PCUS, no valor de 45 mil dólares, destinada à compra de um terreno e à construção de uma sede própria. A missão decidiu transferir a ETBM para Garanhuns, fato motivado em parte pela existência do Colégio 15 de Novembro naquela cidade, o que auxiliaria na formação do corpo docente. O terreno foi adquirido em 1951, nas proximidades do referido colégio; no ano seguinte foi adotado o nome Instituto Bíblico do Norte (IBN). A construção se deu em 1953-1954, sendo as novas e amplas instalações inauguradas no dia 1º de maio de 1955. A capela recebeu o nome do Rev. William Neville, que havia supervisionado a construção do edifício. O Rev. Arehart novamente ocupava a direção, sendo vice-diretora a missionária Charlotte Taylor.

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A vasta propriedade incluía o prédio da administração e salas de aula, um grande dormitório para moças, um dormitório menor para rapazes e uma fazenda experimental. Visto que, após a conclusão do curso, um bom número de alunos voltava para a vida no campo, foi criado um curso especial de um ano que incluía treinamento em agricultura. A mudança para Garanhuns também possibilitou a criação de um curso básico ou de preparatórios para alunos que não tinham preparo suficiente para acompanhar o curso bíblico. O novo curso ficou a cargo da professora Aretusa Gueiros Pessoa, que no final de 1958 concluiu um curso de pós-graduação nos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, foram recebidos os primeiros rapazes, num total de seis, que desejavam dedicar suas vidas ao serviço de Cristo como evangelistas e obreiros leigos. O corpo docente também incluía Julia Pratt Taylor, que retornou ao Brasil em 1956, a convite da missão, tendo servido por dois anos e meio. Era viúva do Rev. George Washington Taylor Jr., falecido no início de 1936, que havia sido diretor do Colégio 15 de Novembro. Em 1959 o corpo discente totalizava 34 alunos. Nesse ano, foi construído o anfiteatro, também idealizado pelo Rev. Neville, com capacidade para 200 pessoas. Foi fundada a escola experimental, sob a direção da professora Aretusa Gueiros, visando atender as crianças menos favorecidas dos bairros da cidade.

Em 1960, elevou-se o nível educacional dos alunos a serem admitidos, passando a ser exigido o curso oficial de admissão. Caso o aluno não tivesse esse curso poderia fazê-lo no prazo de um ano no próprio IBN. O exame de admissão era uma exigência para se cursar o Ginasial e a Escola Normal Rural. Em 1965, foram aprovados os estatutos do IBN e a administração passou a ter maior participação do Conselho Deliberativo do que da Missão Norte do Brasil. O Conselho Deliberativo é, atualmente, o órgão de direção superior do IBN, formado por sete membros efetivos e sete suplentes, indicados pela Igreja Presbiteriana do Brasil e pelos sínodos da região, com mandato de quatro anos.

Em 1966, o IBN participou da Cruzada ABC, com a responsabilidade de formar professores. A cruzada financiava as bolsas dos alunos que queriam se preparar para a alfabetização de adultos. Nesse período, houve um aumento significativo no número de matrículas. Em 1968, foram admitidas 80 alunas, muitas das quais residiam no Colégio 15 de Novembro, visto não haver acomodações suficientes no IBN. A década de 70 apresentou muitas dificuldades. Desde 1969, a Cruzada ABC deixou de enviar bolsistas, de modo que grande parte do sustento financeiro continuou a vir da Missão presbiteriana. Ao entrar a nova década, a Missão teve de cortar parte dos subsídios destinados ao IBN e chegou-se a discutir a possibilidade de fechamento da instituição.

Em 1975, a viúva do Rev. Neville (Mary) criou nos Estados Unidos o Fundo Escolar Hap Neville, que financiava bolsas para o IBN. No ano seguinte, parte da propriedade foi vendida, sendo o dinheiro investido em benefício da escola. Em 1978, foi fundado o Instituto Bíblico Samuel Falcão como extensão das atividades do IBN. Esse instituto tinha como diretor o Rev. Edijéce M. Ferreira e como coordenadora a missionária Elisa González Pierre (Elisa Goodson). O IBSM tornou-se independente do IBN em 1980.

Em meados da década de 70, dentre os moços que passaram pelo IBN havia 17 pastores e 11 evangelistas. Das ex-alunas, mais de 30 eram esposas de pastores. Havia também professores em todos os níveis, enfermeiras, diretores de orfanatos, assistentes sociais e coordenadores de educação cristã e de música em igrejas locais. Eram oferecidos quatro cursos: Curso Bíblico Intensivo de um ano para concluintes do 2º grau; Curso de Música de dois anos para concluintes do 1º ou 2º graus; Curso Bíblico-Científico de três anos para alunos que também estudavam no Colégio 15 de Novembro, e Curso Bíblico-Pedagógico de três anos para os que estudavam no Colégio Municipal de Garanhuns.

O Curso de Música, que visava preparar organistas, regentes de corais e coordenadores do programa musical de igrejas locais, era dirigido pela missionária Margaret Morrison, conhecida por seu talento na execução da harpa. O coro de sinos do IBN era muito procurado para tocar nas igrejas. Todos os alunos tinham atividades especiais nos domingos, ensinando em escolas dominicais de congregações e fazendo visitas evangelísticas. Havia a Semana de Missões, Semana de Aulas Especiais e um Minicurso para Escritos Evangélicos, dirigido pela professora Juracy Fialho Viana e Miss Ann Farr Pipkin. Participavam do corpo docente os dois ministros presbiterianos da cidade, Revs. Gerson da Rocha Gouveia e Nisan Baía.

Em 1978, retornou para os Estados Unidos a diretora do instituto, missionária Charlotte A. Taylor (1913-1993), após 34 anos no Brasil, quase todos passados no IBN, sendo substituída interinamente por Ann Pipkin. O instituto tinha 42 alunos de dez estados. No ano seguinte, assumiu a direção o Rev. Frank Musick. Em 1983, as propriedades do instituto foram nacionalizadas, sendo transferidas para o Conselho Deliberativo e para a Igreja Presbiteriana do Brasil. A partir dessa data, a IPB assumiu maior responsabilidade no sustento do IBN, embora esporadicamente ainda continuem a chegar verbas dos Estados Unidos.

Ao longo de quase quatro décadas da fase missionária, foram os seguintes os dirigentes do instituto: Edwin R. Arehart (1945, 1955-62), Charlotte Taylor (1946-48, 1950, 1952-54, 1963-64, 1972-78), Edla Gabriel de Oliveira (1949), Ann Farr Pipkin (1951, 1979), Aretuza Gueiros Pessoa (1965-70), Edna Teixeira (1971), Frank Musick (1979-82, 1984) e Paul Coblentz (1983). Além dos nomes já mencionados, outros missionários que trabalharam no IBN foram Alfreda Hinn, Charles Ansley, Douglas e Sheila Barrick, Ella Koroch, Elizabeth Musick, Farris McDaniel Goodrum, James Chang, James e India Maner, Mary Garland Taylor (irmã de Charlotte), Mary Sullivan, Olin Coleman, Adele Coblentz e Virginia Gartrell.

Após a nacionalização, o IBN teve como diretores os Revs. Ivaldo Buarque Calado, Lindberg Clemente de Morais, Maely Ferreira Vilela, Luiz Augusto Correa Bueno, José Ernando Pereira de Vasconcelos e Edson Dantas de Oliveira. Desde o início de 2011, esse cargo é exercido pelo Rev. Milton César Oliveira da Silva, um ex-aluno da casa.

O IBN oferece os seguintes cursos: Plantador de Igreja (CPI), com duração de três anos; Preparação de Obreiros (CPO), oferecido no mês de julho durante três anos, e Música Sacra (CMS), de dois anos. O internato tem capacidade para 55 alunos, embora até 70 sejam hospedados por ocasião do CPO. O pessoal é composto de 11 funcionários e 8 professores. A situação financeira é estável: embora não haja meios para a adequada manutenção e aperfeiçoamento da ampla propriedade, os recursos disponíveis são suficientes para as atividades regulares da escola. Passados quase 70 anos desde sua fundação, o IBN continua fiel ao propósito de preparar obreiros de ambos os sexos para servirem a causa de Cristo no Nordeste e em outras partes do Brasil.






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