EUA declaram boicote aos Jogos de Inverno na China por abusos de direitos humanos

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Protesto contra os Jogos de Inverno na China. (Foto: Facebook/Australia Tibet Council).

Os atletas americanos participarão da competição, mas nenhum funcionário do governo irá ao evento em Pequim.

Nesta segunda-feira (6), os Estados Unidos declararam boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno na China de 2022. Segundo o anúncio, os atletas americanos participarão da competição, mas nenhum funcionário do governo irá ao evento em Pequim.

O secretário de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, justificou a decição: “devido ao genocídio e crimes contra a humanidade em Xinjiang e outros abusos dos direitos humanos”.

“A representação diplomática ou oficial dos EUA trataria esses jogos como normais em face dos flagrantes abusos dos direitos humanos e atrocidades em Xinjiang e simplesmente não podemos fazer isso”, afirmou Psaki.

O Departamento de Estado dos EUA e os parlamentos do Canadá, Holanda, Reino Unido e Lituânia consideraram que a China cometeu genocídio com suas políticas de opressão ao povo uigur, uma minoria muçulmana no país. O governo comunista chinês deteve 1,8 milhão de uigures em campos de reeducação política, onde promoveu esterilização forçada de mulheres e programas de trabalho forçado.

Há tempo os defensores de grupos que sofrem opressão pela China, incluindo uigures, tibetanos, de Hong Kong e dissidentes chineses de Xinjiang tem se manifestado contra Pequim sediar os Jogos de Inverno 2022. Os ativistas argumentam que permitir que o país receba as Olimpíadas não ajudará na luta por direitos humanos na China.

O grupo ativista “No Beijing 2022 Coalition” comemorou o boicote dos EUA e pediu que outras democracias no mundo seguissem seu exemplo. “Esperamos agora que o Reino Unido, Canadá, Holanda e União Europeia tomem medidas imediatas e se comprometam a rejeitar convites para as cerimônias de abertura e encerramento de Pequim 2022 por motivos de direitos humanos”, disse em um comunicado.


Protesto contra o genocídio do povo uigur na China. (Foto: Facebook/World Uyghur Congress).

Grupos de exilados uigur também pediram que outros países boicotem os Jogos de Pequim. “Todos os governos deveriam se recusar a participar do espetáculo dos jogos de genocídio do século 21”, disse o Projeto Uigur de Direitos Humanos (UHRP) em um comunicado.

Omer Kanat, diretor executivo da UHRP, afirmou que os patrocinadores do evento também devem evitar Pequim. “O governo chinês está usando os Jogos de Inverno de 2022 como uma vitrine de sua liderança mundial. Um boicote diplomático envia um sinal forte: os governos se recusam a dar luz verde ao genocídio uigur”, ressaltou.

“Rejeitamos que possa haver um símbolo de paz quando os campos e aparelhos de vigilância ali permanecem como monumentos à atrocidade. Rejeitamos os Jogos Olímpicos em meio a um genocídio ”, disse Rushan Abbas, diretor executivo da Campanha pelos Uigures.

China promete contra-medidas

Antes do boicote dos EUA ser anunciado, na segunda-feira (6), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou que a atitude do governo americano se trata de uma “provocação política direta” e prometeu contra-medidas.

“Sem serem convidados, os políticos americanos continuam promovendo o chamado boicote diplomático às Olimpíadas de Inverno de Pequim, que é puramente ilusório e arrogância”, disse Zhao a repórteres em um informe diário.

“Se os EUA estiver decidido a seguir seu próprio caminho, a China tomará contramedidas firmes”, disse ele.

Preocupação com os uigures

Protesto contra o genocídio do povo uigur na China. (Foto: Facebook/World Uyghur Congress).

Em fevereiro deste ano, o Guiame publicou uma matéria mostrando que mulheres estão sofrendo estupro e tortura nos tais “campos de reeducação” pelos líderes comunistas do país.

Durante reunião da terceira comissão da Assembleia Geral da ONU, em outubro deste ano, 43 países exigiram que a China “garanta o respeito do Estado de Direito” aos uigures em Xinjiang.

“Estamos particularmente preocupados pela situação na região autônoma uigur de Xinjiang”, ressaltou o diplomata francês, citando relatos críveis da existência de “campos de reeducação política onde mais de 1 milhão de pessoas estão detidas arbitrariamente”.

A declaração do diplomata fala também de tratamento cruel, desumano e degradante, esterilização forçada, violência sexual e de gênero, e separação forçada de crianças, voltadas “desproporcionalmente aos uigures e aos membros de outras minorias”. 

Os cristãos chineses, em particular, têm sido perseguidos e ameaçados a enviar seus filhos para campos de reeducação do governo. Uma das formas de pressionar os pais é dizendo que vão retirar a guarda deles sobre seus próprios filhos.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DE RADIO FREE ASIA

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